O dólar aumentou pelo menos 30% com relação ao real desde o começo do ano, afetando diretamente diversos setores de atividade. Um dos que mais sentiram o impacto foi o ramo de panificação. Como a matéria prima elementar, a farinha de trigo, é um produto que no Brasil é quase todo importado, inevitavelmente seu custos se elevaram muito, assustando os comerciantes do ramo.
O comerciante Flávio Anízio Pavinato, da Padaria São Jorge, uma das mais tradicionais em toda a região, conta que o atual momento econômico está obrigando os empresários do setor a se reinventar. “Infelizmente, não só preço da farinha subiu demais. Temos também o custo da energia elétrica que aumentou bastante. Tudo isso somado, nos vemos obrigados a nos tornarmos mais imaginativos para não onerar o consumidor final. Nosso estabelecimento sempre foi fundamentado na combinação preço competitivo e qualidade. Não podemos agora, em decorrência de uma contingência desfavorável, jogar tudo por terra”, reiterou. Segundo ele, o preço do pão francês continua inalterado, a R$ 7,50 o quilo há vários meses sucessivamente e, pelo menos por enquanto, não existe disposição de majorar este custo.
Na Padaria Pão Quente a situação não é diferente. Segundo um dos proprietários, Rômulo Miquelini Rodrigues da Cruz, de 27 anos e segundo afirmou há 23 frequentando o ambiente de padaria, o preço da farinha subiu pelo menos 15% desde janeiro e nada foi repassado ao consumidor. “Estamos cortando nossos custos ao máximo para equilibrar a conta e não onerar nosso cliente. Se for para dar aumento, ele será generalizado porque tudo leva farinha” observou. Outro fator que segundo ele motiva uma maior cautela é a presença de supermercados nas proximidades de seu estabelecimento, onde o preço do pão francês vem sendo comercializado a R$ 6,50 o quilo. “A concorrência é forte. Precisamos ter cuidado”, avaliou.
Marilza Teresa Moreira, da Panificadora Massa Branca, no Jardim Soares , conta que que neste ano já foram duas altas no preço da farinha e que também lá pelo menos por hora não existe disposição de repassar estes custos ao consumidor final. “A gente vai empurrando enquanto der. A gente tem noção de que se for preciso aumentar o preço, o consumidor fatalmente vai chiar”, acrescentou.
Na Panificadora Luli, o cenário não é diferente. Luciana Aparecida Ferraz, uma das proprietárias, afirmou que o maior desafio imposto pela atual situação diz respeito à manutenção da qualidade dos produtos que serve ao público. “Temos uma filosofia de trabalho onde só utilizamos farinha da melhor qualidade, sem acrescentar misturas oferecidas no mercado. Isso evidentemente causa impacto no nosso negócio se você for analisar o aumento dos custos. Estamos sim preocupadas”, esclareceu. Luciana relatou ainda que uma estratégia que tem lançado mão é negociar condições mais vantajosas com seu fornecedor. “Como compramos bastante, é natural que o fornecedor seja mais cauteloso em repassar novos preços. Também para estes fornecedores a concorrência é grande. Isso ajuda a diminuir o impacto dos aumentos”, teorizou
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