O Engenheiro Agrônomo Ivo Marcos Perez Faria, 50 anos, completou em agosto passado 21 anos como funcionário da Casa da Agricultura de Itapira, 17 dos quais como chefe do órgão. Tido como uma pessoa daquelas que não tem papas na língua, tem passado imune ao longo destes anos todos a pressões políticas para que fosse catapultado da função. 

 

Ele, particularmente, minimiza esta situação afirmando que são os cargos em nível de diretoria, de médio e alto escalões, que são os mais suscetíveis a pressões de natureza política. “No nosso caso isso é mais raro”. Sobre o fato de ser acusado de “casca grossa” por alguns detratores, Ivo se defende dizendo que o fato ser dele a última palavra na liberação de uma linha de financiamento do Banco do Brasil (PRONAF) talvez seja motivo para ter adquirido tal fama.  “O problema é que a liberação deste tipo de financiamento que oferece juros bem baixinho tem regras muito rigorosas para sua liberação e tem gente que não se conforma quando digo que sua situação impede a liberação com base  nestas mesmas exigências. Paciência, se nem Jesus Cristo conseguiu agradar a todo mundo, não serei  eu quem vai conseguir”, resigna-se.

 

Pendengas à parte, o fato é que se existe algo de que ele não pode ser acusado é de fazer corpo mole à frente de seu cargo. Muito pelo contrário. A despeito dos parcos recursos destinados para muitas atribuições da maior importância para produtores rurais e pecuaristas, Ivo e sua equipe tem um balanço muito interessante dos trabalhos realizados. Ações como reflorestamento a custo zero (aquisição de mudas de eucaliptos), combate ao morcego hematófago e até uma ousada iniciativa de estímulo à captura de serpentes venenosas por parte de proprietários rurais são algumas das ações que tem o DNA da gestão de Ivo à frente da Casa da Agricultura.

 

Indagado a respeito do principal legado desta sua longeva passagem pelo cargo, Ivo remete suas considerações para o plano físico. Mais propriamente para a sede da Casa da Agricultura.  “Este prédio estava numa situação lamentável. Reformamos ele por inteiro. Não raras vezes eu trabalhei aos finais de semana como servente de pedreiro para ajudar nas reformas.

 

 

Aliás, ele se orgulha em dizer, por exemplo, que os rodapés das paredes do prédio foram todos eles restaurados e envernizados por sua iniciativa. Neto de marceneiro, Ivo aprendeu desde cedo a profissão e nas horas vagas se empenha numa espécie de ‘mini – oficina’ que tem em casa para  restaurar móveis. As caixas que servem para colocar serpentes, por exemplo (calcula que tenha confeccionado pelo menos 35 delas) ele as fez pessoalmente,com requintes de fabricação artesanal com direito a código e numeração. “Desde que começamos com esta iniciativa, seguramente enviamos cerca de 80 a 100 serpentes todos os anos para o Instituto Butantã”, disse, em alusão ao famoso órgão que produz o soro antiofídico em São Paulo. Cada exemplar adulto garante ao Hospital Municipal seis doses de soro. “É um serviço que tem grande importância já que tem contribuído para socorrer pessoas não só de Itapira quando da ocorrência de acidentes (que são mais comuns do que se imagina segundo ele) mas até de cidades vizinhas”, alegra-se.

 

Indagado se pretende permanecer ainda por muito tempo na função, Ivo não faz segredos: “enquanto sentir que tenho utilidade, quero continuar desenvolvendo meu trabalho”, decretou.