Algumas mortes ocorridas no município levaram dúvidas aos familiares diante da possibilidade de ocorrência de dengue como causa antecedente ou causa primária ou causa terminal. O assunto foi motivo de forte discussão, na última sessão da Câmara Municipal, entre os vereadores Rafael Lopes (PROS) e Mauricio Casimiro de Lima (PSDB). Rafael contestou o laudo médico que não indicava a dengue como causa morte de uma pessoa que faleceu na semana passada. Como causa terminal o médico informou “Choque Séptico”, nas causas intermediárias: insuficiência respiratória e pneumonia; na causa primária: plaquetopenia. A dengue foi registrada, na parte II do documento, como um estado patológico significativo que pode ter contribuído para a morte.
A forma como a discussão se desenvolveu e chegou à imprensa e redes sociais acabou levando insegurança não só às famílias, mas às outras mortes ocorridas no município em que o paciente estava com dengue. Levou, também, dúvidas sobre a administração municipal de estar tentando ocultar as mortes por dengue, supondo que todas as mortes suspeitas não passassem por nenhuma verificação.
Rosa Iamarino, secretária municipal da Saúde, esclareceu que todos os casos confirmados ou suspeitos de dengue, em caso de óbito, recebem o procedimento preconizado pelo SVO - Serviço de Verificação de Óbitos. “É importante esclarecer isso, é do conhecimento dos médicos, mas a população talvez desconheça. Itapira nunca contou com este serviço, começou durante a gestão do prefeito Paganini. Entendemos que a família tem o direito de saber a causa real da morte e, também, oferece um respaldo ao médico que emitiu o laudo, evitando que mais tarde a família necessite buscar essa informação. Todos os óbitos com causa da morte desconhecida ou duvidosa ou morte que ocorra com menos de vinte e quatro horas de internação passam pelo SVO para complementar as informações para o serviço de epidemiologia e políticas de saúde pública. Logo, constando dengue como causa primária, terminal ou antecedente, todos os óbitos passam pelo mesmo processo”, explicou Rosa Iamarino.
Cabe ao SVO ‘estudar’ o corpo através da necropsia por profissionais qualificados que realiza em diversas análises no próprio corpo e exames laboratoriais. Essa investigação abrange as causas de óbito por morte natural, o que difere do serviço que é mais conhecido da população que é o IML (Instituto Médico Legal), que investiga mortes violentas por acidentes, homicídio, suicídio, entre outras causas.
Rosa Iamarino esclareceu, ainda, que todos os casos de óbitos suspeitos por dengue no município foram encaminhados, com a autorização da família, ao SVO da cidade de Mococa, que é um órgão governamental e atende todas as cidades da Baixa, Média e Alta Mogiana. A Vigilância Epidemiológica da cidade e o Grupo de Vigilância Epidemiológica da DRS/14 de São João da Boa Vista são notificados. Além de toda a documentação exigida, é encaminhado o material biológico (sangue /plasma) para o Instituto Adolfo Lutz (Campinas) para pesquisar a causa mortis. O resultado dessa análise leva em média 45 dias. “Estamos, neste momento, com dois casos encaminhados para Mococa e outro que foi diagnosticado como dengue encaminhado diretamente ao Adolfo Lutz de Campinas para confirmar o laudo médico”, disse.
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