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Itapira, 23 de Novembro de 2024
Notícia
14/03/2015 | Preço dos recicláveis despenca com queda da atividade econômica

  

Um fenômeno tem cha­mado a atenção das pes­soas mais observadoras. Aquele enorme contingen­te de catadores de material reciclável que percorria as ruas da cidade diminuiu bastante. Em linhas gerais, são três elementos que se misturam nesta equação: o poder de fogo exercido pela Ascorsi (Associação dos Coletores de Resíduos Sólidos de Itapira , a epide­mia de dengue e a queda acentuada dos preços dos produtos revendidos.

Segundo informações obtidas pela própria Ascor­si, o número de associados saltou de sete para cerca de 60 em quatro anos de atividades. Os associados recebem uma remuneração que é dividida conforme o que é vendido para a indústria, cesta básica e auxílio transporte. Uma fonte familiarizada com a Ascorsi afirmou que o ganho médio de cada um tem oscilado em torno de menos de um salário mínimo por mês e que a luta atualmente seria a de sensibilizar o Poder Público municipal no sentido de oferecer um apoio adicional para os associados.

Ao oferecer à Ascorsi condições mais efetivas de funcionamento a partir da administração do ex­-prefeito Toninho Bellini com aumento gradual do subsídio repassado, a Pre­feitura faz uma aposta no sentido de popularizar a coleta seletiva, apostando numa intensa campanha de conscientização cujos re­sultados hoje são bastante visíveis. A coleta seletiva já atinge 100% da cidade e a quantidade recolhi­da está prestes a atingir 100 toneladas/mês. Além do componente social,os agentes municipais enten­dem que ao subsidiar a Ascorsi, o município ganha ao aumentar a vida útil de seu aterro sanitário.

A outra colaboração da Prefeitura que suposta­mente tem ajudado a dimi­nuir o número de catadores autônomos é apoiada em razões de saúde pública. A partir da intensificação do aparecimento dos casos de Dengue no segundo semestre do ano passa­do, a Vigilância Sanitária tem agido de forma mais rigorosa, proibindo o ar­mazenamento deste tipo de material em quintais de diversas residências espalhadas, sobretudo, na periferia da cidade.

O aposentado José Eu­rico Martins de Souza, 64, morador no Nosso Teto, recolhe material reciclável há dez anos. Ele conta que muitos colegas desistiram de recolher material por causa das exigências da prefeitura. “O preço já é baixo e com a fiscalização em cima, muita gente dei­xou de lado”, contou.

Com relação ao preço dos materiais, ele acredita que os coletores estejam experimentando um dos piores momentos desde que se dedicou à ativida­de. “Eu vendia o quilo da latinha a R$ 3 e hoje con­sigo pouco mais de R$ 2”, comentou. A situação do papel e papelão é ainda pior, segundo ele: “Não tá nem compensando re­colher”, afirmou .

Outro coletor, que se identificou apenas como Barba, que atua nas ime­diações da Fábrica de Papel e Papelão Nossa Senho­ra da Penha, referendou a queixa do colega. “Em tempos de vacas gordas cheguei a vender o quilo do papelão em torno de R$ 0,50. Hoje está cotado por menos da metade disso. O momento para vender é ruim. Prefiro segurar um pouco”, comentou. Ele também opina que a queda do preço é fator pre­ponderante para a queda do número de coletores. “Sei de muita gente que desistiu”, garantiu.

Mercado

O empresário João Ro­berto Panizzola Junior, 25, proprietário da Leão Suca­tas, apesar da pouca ida­de vivencia este mercado desde os 15 anos, quando acompanhava a mãe Elisete até a empresa e desde en­tão vem aprendendo todos os macetes, assumindo ele próprio o gerenciamento do negócio. Ele explica que a retração da economia naturalmente derruba o preço de vários insumos adquiridos pela indústria, mas, porém, existe segundo ele outros fatores que fun­cionam como formadores de preços. “O dólar mais caro inibe a importação­de metais como cobre , o zinco, entre outros”, frisa. “Quem compra passa a dar preferência para o produto nacional e isso tem feito aumentar o valor de face”, avaliou.

O cobre continua sendo ainda o mais atraente dos metais, cotado atualmente a cerca de R$ 12 o quilo.O ferro, por sua vez, está custando cerca de 25% menos . “Caiu muito a procura”, justificou Pani­zzola Junior. Dos materiais menos nobres, o plástico e o papelão são os que, segundo ele, tiveram a maior queda nos preços.

Já o proprietário da San­car Comércio de Ferros, Oscar Bueno de Carvalho Neto, afirma categorica­mente que o setor enfrenta o pior momento desde a crise financeira global de 2008. “Estou bastante preocupado, a paradeira é geral”, afirmou. Segundo informou, além da que­da de preços, o mercado enfrenta efeitos colate­rais comoo aumento da inadimplência.

Há quarenta anos no ramo, Carvalho Neto é uma referência regional para a destinação de muitos resí­duos industriais que são, por sua vez, requisitados por um tipo de indústria de transformação muito específico, o da fundição. Ele se queixa ainda do au­mento dos custos. Muitos dos equipamentos que utiliza para o manuseio dos diferente tipos de metal são movimentados por eletricidade. “Com o preço do óleo diesel e da energia nas alturas, o impacto na contabilidade da empresa é devastador”, lamenta

Carvalho Neto: vendas em baixa e custos mais elevados

Panizzola Junior: dólar mais alto melhora preço de alguns insumos

José Eurico: momento muito ruim

Barba: esperando momento mais adequado

Fonte: Da Redação do PCI

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