Desde que, obedecendo a uma determinação do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, a Prefeitura desativou o serviço de cobrança para vagas de estacionamento em locais públicos na região central da cidade, no começo do mês, se torna cada dia mais difícil encontrar um lugar para estacionar o carro, conforme o horário.
Ciente de que o assunto é abrasivo, o próprio prefeito José Natalino Paganini (PSDB) determinou que haja celeridade no processo que irá resultar na contratação de uma nova empresa. Quando presidente da ACEI (Associação Comercial e Industrial de Itapira) no quadriênio 2009/2012, Paganini se empenhou de forma pessoal para que a cidade tivesse o assunto regulamentado, chegando
mesmo a patrocinar a realização de estudos técnico para enriquecer a discussão e destravar os mecanismos que impediam a implantação do serviço. Hoje, do outro lado do balcão, o atual prefeito sabe que este tipo de concorrência pública é um verdadeiro campo minado, tais os obstáculos que têm que ser superados até que uma nova empresa seja contratada e o serviço seja restabelecido.
Na quarta-feira estiveram reunidos os secretários Rosimeyre Trafani ( Recursos Materiais), José Augusto Francisco Urbini (Negócios Jurídicos), Estercita Belluomini (Governo) e Clayton Ribeiro (Defesa Social) especialmente para tratar do assunto. Nenhum deles quis falar em prazo para a conclusão do certame licitatório. “Temos pressa mas não temos prazo”, disse Ribeiro. O comerciante Célio Altafini, vice-presidente da ACEI, disse que a entidade tem sido colocada a par das conversas e teme que o assunto se arraste prolongadamente. “O público consumidor já está impaciente. Imagine só se este assunto se arrastar por muito tempo. Vai ser ruim para todo mundo”, avaliou.
Nas ruas a sensação é de um vale-tudo na hora , principalmente no horário de expediente bancário. O mecânico Gerson Campos, 41, disse que já se conformou. “Horário de expediente bancário é sempre assim. Tem que ter paciência”. Ele tinha conseguido a muito custo estacionar o carro depois de várias voltas na praça. O musico Paulo César Fernandes, o Paulinho do Transa Samba, contou que ficou rodando por cerca de cinco minutos até achar uma vaga na quarta-feira passada. Para ele, a dificuldade é muito parecida com o que ocorria mesmo quando tinha Zona Azul. “Sempre foi difícil. Faltava fiscalização”, supõe.
O químico José Carlos Guitierrez, 53, ficou com seu carro parado numa vaga para deficiente por alguns instantes porque não achava lugar para estacionar. “Certo não é , mas se perceber que alguém habilitado para a vaga se aproximar ou se for chamado a atenção por alguma autoridade do trânsito, saio na hora”, disse. Na opinião dele era mais fácil achar uma vaga no tempo da Zona Azul.
Dois portadores de cartão de estacionamento para idosos reclamaram. O bancário aposentado José Roberto Barizon, 73, disse que a maioria das pessoas não pensa duas vezes em ocupar vagas especiais. “A verdade é que nunca é tão fácil assim encontrar uma vaga especial. As pessoas abusam e a fiscalização é deficiente”, observou. A aposentada Elza Baldissin também tem seu cartão de idoso exposto no painel do veículo. “Hoje encontrei vaga fácil, mas normalmente dá um pouco mais de trabalho porque as pessoas costumam desrespeitar a sinalização”, censurou.
O atendente de consultório Alécio Francisquini, de 21 anos, disse que a impressão que teve foi de que o espaço restrito destinado ao desembarque de passageiros defronte à Clínica Ortopédica do médico Mauro Xavier de Souza, na Praça Bernardino de Campos, onde trabalha, começou a ser ocupada de uma forma mais acintosa desde a suspensão do serviço de zona azul. “A concorrência por uma vaga está mais acirrada e algumas pessoas se arriscam parando onde não devem”, comentou.
O agente de trânsito Marcelo Mota contou que a menor disposição de vagas decorre por causa de motoristas que estacionam o carro por muito tempo e que isso traz como efeito colateral o abuso por parte de alguns motoristas. A recomendação, segundo ele, é a de ter um pouco mais de tolerância, quando isso é possível. O diretor de Trânsito e Secretário de Defesa Social, Clayton Ribeiro, reforçou o que disse seu subordinado, dizendo que a fiscalização tem sido mais rigorosa quanto ao uso das vagas especiais (idosos, deficientes e carga e descarga). “Não dá para ser conivente com este tipo de infração”, acentuou.