O vereador César Augusto da Silva, o César da Farmácia (PT) confirmou que está em curso pedido de registro no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de uma comissão provisória para constituição de uma nova diretoria no município. Ele foi indicado como presidente desta comissão provisória, cujo objetivo, conforme declaração de alguns militantes do PT local, é tornar a legenda mais dinâmica.
Este processo expõe uma divisão interna que remonta da disputa eleitoral municipal de 2012. Naquela oportunidade, a então vereadora Sônia dos Santos conseguiu a dissolução do antigo diretório municipal e obteve do Diretório Estadual permissão para criar uma nova comissão provisória. Ela foi contra o apoio ao candidato “oficial”, Manoel Marques, para se aliar ao então candidato do PDT, Emídio Alberto Mendes. Desde 2004, o PT havia selado uma parceria que ajudou a conduzir o PV, através da candidatura do ex-prefeito Toninho Bellini, à Prefeitura. O próprio PT indicou o vice, o advogado Antonio Carlos Martins.
Indagada sobreseu conhecimento a respeito da constituição desta nova comissão provisória, a ex-vereadora afirmou que tudo foi feito às escondidas. “Decidiram criar esta nova comissão provisória numa data em que eu tinha uma audiência em Santo André. Nem convidada eu fui”, disparou.
Contrariada, Sônia disse que enxerga digitais do ex-prefeito Toninho Bellini, nesse processo. Dizendo-se magoada com este processo todo, a ex-vereadora afirmou que tem história dentro do partido e que não abre mão da pretensão em disputar a eleição para prefeito em 2016. Defendeu a postura de afastamento do grupo de Bellini em 2012 afirmando que “foi a mais acertada”.
Segundo seu raciocínio, a coligação com o PDT permitiu a eleição de César. “Estivéssemos na outra coligação, se houvesse quórum para eleger um vereador, este seria o Ferrarini (o ex-vereador Luis Henrique Ferrarini)”, intuiu.
Toninho Bellini, ao ser consultado sobre o assunto, reagiu afirmando que a ex-vereadora está enganada. Ele reafirmou o que já havia dito em fevereiro deste ano, após seu desligamento do PV, de que não tem planos de se filiar em nenhuma legenda política até o final do ano, a menos que algo muito excepcional ocorra. Bellini disse que tem dedicado seu tempo exclusivamente para trabalho e família.
Seu irmão, o ex-vereador Mino Nicolai, que recentemente teve oportunidade de voltar à tribuna da Câmara na condição de primeiro suplente do PT, também negou qualquer participação no processo de criação da nova Comissão Provisória. “Continuo no PT, mas, sinceramente, tenho participado muito pouco da vida partidária. Estou empenhado em meus compromissos profissionais”, alegou.
O ex-vice-prefeito Antonio Carlos Martins também declarou que não está a par desse processo, afirmando que existe de fato uma divisão interna, fruto do rescaldo das eleições anteriores. Ele condenou a divisão. “Ainda que seja normal a existência de divergências internas, o que não pode é existir um estado de animosidade que comprometa a atuação do partido”, censurou.
Outro peso-pesado do PT local, o advogado Edson Luiz Neto informou que por conta de suas atividades profissionais não tem tido tempo de se dedicar a assuntos partidários como gostaria. “Não sei dos detalhes deste processo de criação de uma nova direção”, afirmou.
Atento
O representante comercial Marcos Centofante, ex-presidente da agremiação, por outro lado, disse que está atento a toda movimentação e defendeu a iniciativa dos colegas. “Houve um processo deparalisação das atividades partidárias na cidade e o diretório Estadual estava ciente disso”, comentou. Questionado sobre as queixas da ex-vereadora Sônia, Centofante disse que ela tinha, na qualidade de principal liderança da antiga comissão provisória, a obrigação de convocar encontros e manter o partido em atividade.
Quem colocou as coisas de forma mais incisiva foi a dona de casa Alice Palandi, ícone da militância do PT na cidade. “Eu vejo este processo de renovação como sendo bastante salutar. Ela (Sônia) por sua conduta sempre muito belicosa atraia muita antipatia de simpatizantes, alguns dos quais não se filiaram ao partido por causa dela. Ela e o marido (o advogado Antonio Carlos dos Santos) centralizaram todas as atividades do partido e o resultado acabou sendo essa situação de inércia observada. Estamos trabalhando para reverter este processo. Precisamos democratizar a atividade partidária. Temos um longo caminho a trilhar nesta direção e o primeiro passo já foi dado”, finalizou.
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