Para professores que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a prova estava bem elaborada e tratava de questões atuais. À Agência Brasil, eles comentaram algumas questões e destacaram aspectos da prova de hoje (8). Os participantes fizeram provas de ciências da natureza e de ciências humanas.
O professor Carlos Fernado Paschoal Oliveira, coordenador dos terceiros anos do Grupo Educacional Alub, avalia a prova como "tranquila e não muito cansativa". "Os textos não estavam muito longos", diz. Entre o que caiu no exame, ele destaca Sina do Caboclo, do compositor João do Vale, que tratava da desigualdade social.
"Prova bastante social, seguindo a linha do Enem", disse Carlos Fernando. Ele acrescentou que as provas "tinham muito poucas contas" e foram "muito interpretativas de conhecimentos gerais". "O candidato tinha que saber vários aspectos, mas nada muito diferente, que não tenha sido aplicado no ano passado".
O diretor pedagógico do site Descomplica, que oferece aulas pré-vestibular e pré-Enem, Rubens Oda, elogia a prova. Ele avalia como "bem feita, cobrando conteúdos bem atuais". Oda destaca o uso de questões hitóricas que têm relação com conteúdos atuais. Um exemplo é a questão que trata da Revolta do Vintém, que ocorreu em 1879, no Rio de Janeiro, contra a cobrança de um tributo de vinte réis, ou seja, um vintém, nas passagens dos bondes. De acordo com o diretor pedagógico, a questão remete às manifestações de julho de 2013, que ocorreram sob o mote "Não é só pelos 20 centavos".
"Muita poesia, charges, até quadrinho da Turma da Mônica. O Enem manteve o padrão da utilização da imagem para interpretação e mostrou novamente, este ano, o que ocorreu no ano passado, uma grande quantidade de questões de sociologia e filosofia", avaliou.
A questão que envolvia o quadrinho da Turma da Mônica, de Mauricio de Sousa, era de física. Segundo o professor, a Mônica lançava o coelhinho e errava o Cebolinha. O coelho de pelúcia dava a volta no espaço. A questão envolvia o vetor de aceleração tangencial.
Já o presidente de honra do Cursinho Henfil de São Paulo, Mateus Prado, questiona o ítem da Revolta do Vintém. Diz que uma das opções, que para ele é a correta, trata do uso da violência para salvaguardar o espaço público. Segundo Mateus, a questão legitima a violência. Outra questão abordada foi o conservadorismo no Brasil e a história da África. De acordo com o professor, houve muito pouco de atualidade na prova de ciências da natureza.
O professor de geografia do Sistema Elite de Ensino, no Rio de Janeiro, Rafael Coelho, destacou a questão sobre a Comissão Nacional da Verdade, que basicamente ressaltava a atuação da entidade que busca resgatar a história do país no período da ditadura militar. "Acredito que o objetivo é mostrar para a sociedade que é importante compreender momentos históricos com uma nova leitura para que o futuro seja melhor e que essas situações não se repitam", diz.
Na avaliação de Coelho, o Enem tem "elementos de conteúdo cada vez mais presentes". O professor considera que a prova tem se tornado mais difícil, justamente por esse aspecto.
"É muito importante administrar bem o tempo. O candidato deve ficar o máximo de tempo possível. A prova é longa e exige atenção grande, especialmente quando se quer ingressar em uma carreira concorrida. A nota de corte é alta e qualquer questão se torna fundamental para alcarçar o objetivo".
Neste anos, o Enem teve mais de 8,7 milhões de inscritos, número recorde, de pessoas que farão a prova em mais de 1,7 mil cidades.
Hoje e amanhã, o Portal EBC e as Rádios EBC transmitem um programa ao vivo sobre o Enem 2014. A partir das 20h30, professores estarão nos estúdios, em Brasília, para comentar as questões das provas aplicadas a mais de 8 milhões de estudantes no segundo final de semana de novembro. O programa #CaiunoEnem será exibido simultaneamente em áudio para as rádios MEC AM, do Rio de Janeiro; Nacional, de Brasília; Nacional da Amazônia e em vídeo pela web, no Portal EBC.
Editor Marcos Chagashttp://agenciabrasil.ebc.com.br/professores-comentam-provas-do-enem-deste-s%C3%A1badoComentários, artigos e outras opiniões de colaboradores e articulistas não refletem necessariamente o pensamento do site, sendo de única e total responsabilidade de seus autores.