Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – A partir de experiências pontuais bem-sucedidas, o projeto Litoral Sustentável quer impulsionar o desenvolvimento do litoral norte de São Paulo e da Baixada Santista. A iniciativa, do Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais (Polis), pesquisa soluções econômicas, urbanas e ambientais para as cidades que serão mais impactadas pela exploração do petróleo do pré-sal. Segundo o coordenador-geral do instituto, Nelson Saule Junior, a ideia é construir uma agenda regional com base no diagnóstico elaborado ao longo dos últimos dois anos sobre os problemas e potencialidades da região.
A diversificação das atividades econômicas na região é um ponto importante da pauta que, segundo Saule, começará a ser discutida com os gestores públicos e com a comunidade em audiências a partir de julho. “Existe um grande número de trabalhadores informais vinculados a essas atividades de veraneio [no litoral norte e na Baixada Santista], sejam serviços caseiros, comércio no períodos de férias, e não se verificam potencialidades, principalmente para os jovens que estão nessas cidades”, acrescentou o coordenador.
A indústria petrolífera e as atividades portuárias são, no entanto, responsáveis pela economia de alguns dos 13 municípios incluídos do projeto - Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião, Ilhabela, Bertioga, Guarujá, Santos, São Vicente, Cubatão, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe. Por isso, Nelson Saule enfatiza a importância de “desconcentrar esse modelo que foi concebido no processo de urbanização e, também, nas duas cadeias produtivas principais que é a exploração do petróleo e gás e atividade portuária”.
Os modelos econômicos distintos e os problemas das cidades podem ser vistos em alguns dados do diagnóstico. A renda per capita de Cubatão, por exemplo, que concentra indústrias relacionadas ao petróleo é de R$ 40 mil ao ano. Em São Vicente a renda é R$ 22 mil, menos da metade da média estadual. Porém, Cubatão tem um dos maiores índice de pobres, famílias que vivem com menos de um salário mínimo, (15,6%) e de indigentes, que vivem com menos de um quarto de salário, (11,1%).
Entre as características a serem levadas em consideração, na opinião do coordenador do Instituto Polis, está o grande percentual, cerca de 60% do território dos municípios, considerado como área de proteção ambiental. “O olhar que a gente está buscando trazer é que não seja considerado como obstáculo essa realidade, mas como uma potencialidade. Como você potencializa essa realidade dos municípios, principalmente na perspectiva da exploração e uso sustentável, no aspecto do uso cultural, educação ambiental e do próprio turismo”, explicou.
Edição: Marcos Chagas
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