A psicóloga Silvia Duque Estrada Maia Atala tem tido uma rotina quixotesca neste início de ano. Ela é uma das pessoas que está literalmente no olho do furacão dentro dos festejos do carnaval de rua. Sua residência é uma daquelas que estão localizadas no entorno do Parque Juca Mulato, onde serão realizados os desfiles.
Movida de um sentimento de indignação, ele colheu assinaturas em abaixo-assinado contra a realização da festa popular no local e procurou um advogado para que a ajudasse a tornar oficial seu inconformismo com relação à situação. O resultado foi uma Notificação entregue no começo do ano ao prefeito José Natalino Paganini (PSDB), onde uma série de argumentos pautados nas legislações federal e municipal provam por A + B que o Carnaval não poderia ser realizado no Parque.
E os argumentos são bastante consistentes, entre eles um dispositivo da Lei Orgânica do Município que fala do impedimento da realização de eventos deste porte a menos de 100 metros de Hospitais e Casas de Repouso. O Instituto Bairral de Psiquiatria e a Casa de Repouso Santo Antonio enquadram-se nesta situação.
A notificação tem ainda justificativas contra a realização do Carnaval naquele local com base no Código Civil, Estatuto do Idoso e Lei da Improbidade. Silvia conta que o marido, o bancário aposentado Nelson Atala, de 78 anos, possui complicações de saúde. “Se eu precisar socorrer o meu marido quando estiver tudo impedido, chamo um helicóptero?” ironiza. Ainda segundo ela, pelo menos um dos vizinhos tem problema parecido.
Dormir tem sido, segundo afirmou, o menor dos problemas. Ela se recorda que no começo do ano passado quando foi decidido que os desfiles seriam em frente sua casa, não houve tempo hábil para fazer nada. Ela começou a se mexer depois. O abaixo-assinado foi sua primeira iniciativa. Ela conta que somente um dos vizinhos se recusou em assiná-lo. Garante que chegou a ter uma resposta da prefeitura usando o exemplo de Copacabana, famoso bairro da cidade do Rio de Janeiro, que recebe eventos monstruosos e que nem por isso tem questionada esta situação. A notificaçãoconsidera esta comparação “esdrúxula”.
Indagada se não teme ser considerada “estraga-festa” por causa desta sua atitude, a psicóloga diz que não se sente importunada em ser tachada desta forma. “Já fui do carnaval e nem por isso compactuei com situações onde o direito de outras pessoas eram desrespeitados”, acrescentou.
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