A Banda do Nheco nasceu com a marca da irreverência e do protesto. Reza a lenda que um grupo de sete alunos diante da não realização do desfile da independência de 1981 classificou a medida como uma “palhaçada” dos poderes constituídos da época para com a população itapirense habituada às festividades do sete de setembro.

Enfeitaram uma perua Kombi, vestiram-se de palhaços e desfilaram sozinhos, na maior folia, pela Rua José Bonifácio. O mesmo percurso do tradicional desfile cívico.  A brincadeira repercutiu na cidade inteira. No carnaval seguinte, o grupo protestante ganhou adeptos e se transformou na “Banda do Nheco Vai - Nheco Fica”. Foi sucesso absoluto.

A cada ano, novas idéias, invenções e brincadeiras são incorporadas nas apresentações. O participante ou grupo é livre para criar e desenvolver os projetos, depois de passar pelo crivo da diretoria. Normalmente as novas idéias entram na pauta de reuniões “sérias” regadas à churrasco e chopp. Mas o processo de aprovação, antes de ser uma censura às idéias, é o resguardo do espírito do bloco.  

Em todo trajeto do desfile o grupo vai desenvolvendo as performances, distribuindo de balas, pirulitos, apitos, colando selos e outras idéias de última hora. Não faltam as famosas brincadeiras e pegadinhas. Logo nas primeiras apresentações, as crianças se identificaram com as pantomimas da banda. Hoje, a maioria das atividades é direcionada para os olhos infantis.

O carnaval dura quatro dias, tempo insuficiente para que a Banda do Nheco  atenda aos pedidos recebidos todos os anos. Existe uma verdadeira briga entre as cidades da região para tê-los em suas ruas. A Banda do Nheco se profissionalizou. É praticamente uma empresa que funciona no período de carnaval. O contratante paga um valor fixo, antecipadamente, e a diretoria cuida de todos os detalhes, do transporte do pessoal e máquinas até a alimentação.  

Muita gente se pergunta: onde está o grande segredo desse “bando de palhaços” que encanta tanta gente por onde passa? A organização, alegria e a criatividade são pontos fundamentais, mas muitas performances são repetidas. Por que o povo não se cansa?

Uma análise mais criteriosa concluirá que o grande segredo da Banda do Nheco é a interatividade. Apesar de muitas brincadeiras serem conhecidas, a interação com o público torna as apresentações diferentes. Eles não se apresentam, simplesmente, eles chamam as pessoas à coparticipação.

O público vive momentos com grande expectativa, seja vendo as outras pessoas passando pelas brincadeiras, às vezes até pagando “um prestimoso mico”, seja pela apreensão de serem escolhidas pelos palhaços olheiros que corre as laterais em busca de “artistas”. Salienta-se que ninguém entra na brincadeira se não desejar. Os convites são realizados antecipadamente e a decisão do convidado sempre é respeitada.

Mas tem algumas pessoas que são preferidas pela Banda do Nheco: os políticos. Esses ficam com a pulga atrás da orelha. Se não aceitam podem ser considerados “esnobes”, se aceitam sabem que vão ser explorados até a exaustão.  

Nessa brincadeira público e convidados se divertem!"

Não teve jeito. Toninho sabia o que lhe esperava, mas... 

"Nossa tô pagando o maior mico. Mas tudo bem, pensei que ia ser pior!"

"Cadê o guidon. E as rodas traseiras?"

"Eu não sei andar nesse negócio!" 

"É meio esquisita, mas meio metro dá para andar."

Mas a Banda do Nheco é democrática, precisava achar alguém da oposição. De repente...

"Olha o Paganini ali, gente! Não deixa ele escapar."

"Vamos, Mestre, não vai doer nada. Devolveremos você quase inteiro..."

"Eu estava tão escondidinho e eles me acharam. O que será que vão aprontar?"

"Capricha, ele pode ser o prefeito no ano que vem. Se ele sair feio na foto, tchau verba..."

"Olha o passarinho!"

"Ai se isso explode aqui! Ainda bem que estou de capacete"

Enfim, a Banda do Nheco nunca se repete. Todos os anos, no mínimo, novas personagens. 

Um grupo que tem salvo o carnaval da região, principalmente o de Itapira carente de oxigenação.

Portal Cidade de Itapira