A adoção de um teste rápido e a contratação de mais funcionários, além da realização de mutirões de limpeza a partir do próximo final de semana, são algumas das medidas anunciadas nesta semana pela secretária de Saúde, Rosa Ângela Iamarino, para tentar estancar o número de casos de dengue na cidade, que fechou 2014 com 564 casos, segundo as estatísticas oficiais. Só não foi pior do que a epidemia de 2002 quando foram constatados 586 casos. Em 2010, outro ano complicado no combate à dengue, foram contabilizados 330 casos.
Ontem à tarde a assessoria de comunicação da Prefeitura confirmou que por intermédio de um contrato emergencial, o prefeito José Natalino Paganini (PSDB) determinou a contratação de mais 25 operadores de máquinas costais ( que fazem pulverização) aumentando o número de nove para 34 destes equipamentos em uso. O anúncio foi feito após a conversa mantida pela secretária de Saúde e a imprensa local no dia anterior, quando esteve acompanhada da enfermeira Josemary Apolinária, chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica.
Na quinta-feira, Rosa falou que para facilitar a comprovação da doença o município investiu na aquisição de um teste rápido que aponta o resultado no dia. Antes disso, o material coletado era enviado ao Instituto Adolfo Lutz, que tem capacidade limitada de atendimento diante da demanda muito forte. “A partir de um determinado número de exames o Instituto Adolfo Lutz passa a considerar até os casos suspeitos como oficiais devido a falta de estrutura para atender toda a sua demanda”, disse Josemary.
O novo método vem sendo realizado em todos os postos de saúde. “Evidentemente que o farão somente as pessoas que passaram por avaliação médica e se o profissional da área médica entender que o procedimento seja necessário”, disse Rosa. Além disso ela contou que a realização do exame não exime o paciente da necessidade da realização de exames complementares como por exemplo o hemograma. “É uma forma de controle por exemplo da hemorragia”, afirmou a Secretária. Veja abaixo os principais tópicos da conversa:
Idoneidade
Rosa Iamarino afirmou ao ser questionada a respeito da desconfiança generalizada gerada em torno do número de casos divulgado que este tipo de suspeição é uma afronta aos profissionais da área de saúde pública que atuam no município. “Vocês acham que a doutora Edith (a médica Maria Edith Zaranza Capobianco Ribeiro, ex-diretora da VE) que a Jose ( Josemary Apolinário) que o doutor Humberto (o médico infectologista Carlos Humberto Rezende Póvoa) e outros profissionais tão dedicados e respeitados seriam coniventes com este tipo de ilação?”. Evidentemente que os dados apresentados são da maior confiabilidade e da maior seriedade. Não existe esta coisa de maquiar dados”.
Lotação
Rosa disse que os problemas decorrentes de lotação tanto no Pronto Socorro do Hospital Municipal, quanto na Santa Casa foram pontuais. Ela afirmou que na virada de ano os Postos de Saúde estavam fechados e que isso motivou muitas pessoas a irem ao Pronto Socorro para realizar procedimentos corriqueiros. “A atenção básica continua sendo a porta de entrada. A população, em sua maioria, procura os postinhos e sabe que será bem atendida. Com exceção às segundas-feiras, um dia complicado em qualquer pronto socorro, nos demais dias a demanda esteve dentro da normalidade. Agora, existe uma situação onde pessoas com outros tipos de virose ficam assustadas com o assunto dengue e naturalmente vão se medicar. A dengue propriamente dita, não se cura do dia para a noite. Existem casos onde o paciente demora até dez dias para ficar curado. São situações que se sobrepõe e que nos obrigam a dar uma resposta satisfatória”.
Colaboração
Rosa bateu muito na tecla da colaboração da comunidade para debelar a situação atual. Ela relatou dificuldades inerentes à falta de empenho das pessoas nos mais variados casos, a começar, evidentemente, pelo negligenciamento de medidas mais simples como eliminação de criadouros do mosquito transmissor, passando pelas formas encontradas para dificultar as equipes de vistoria e até omissão de informações durante o atendimento médico. Segundo a secretária, é comum pessoas que já foram atendidas com suspeita da doença, retornarem em outras ocasiões e fornecerem dados incompletos, como por exemplo um nome diferente do dado anteriormente, criando casos de duplicatas de notificações. Ela anunciou ainda que face a esta situação onde muitas pessoas relutam em colaborar com as ações preconizadas, o prefeito Paganini baixou novo decreto contendo medidas mais duras para quem se recusar em atender às determinações dos agentes de saúde.
Explosão do número de casos
Quando questionada dos motivos pelos quais a doença atingiu o pico do número de casos exatamente no último trimestre (antes de outubro foram contabilizados 121 casos) ela apontou a estiagem como principal motivo. Rosa afirmou que muitas pessoas passaram a armazenar água em casa e muita gente habituou-se a deixar água no prato que fica debaixo dos vasos para umidificar as plantas. Na sequência foram dois meses bastante chuvosos que segundo ela contribuíram para agravar ainda mais a situação. Ela aponta ainda uma certa descrença das pessoas de que é preciso uma ação mais efetiva para eliminar os criadouros. “O ovo do aedes é quase imperceptível para o olho humano e tem uma coloração enegrecida, o que leva as pessoas a imaginarem que ele não está mais no recipiente. Por isso a recomendação de que sejam lavados estes utensílios. O ovo pode ficar até dois anos em estado de inércia, eclodindo assim que receber água”, relatou.
Enfrentamento
Sobre as medidas que vêm sendo sistematicamente adotadas, ela disse que o município segue rigorosamente todos os protocolos estabelecidos no Plano Estadual de Combate á Dengue, como a busca ativa de criadouros, nebulização e “contagem larvária”, serviço que consiste em mapear locais ondem existem os criadouros, facilitando a ação das equipes da vigilância epidemiológica. Este enfrentamento, segundo declarou, vem sendo feito não somente em nível de Secretaria de Saúde, mas de todas as demais secretarias. “Temos uma determinação do prefeito Paganini em direcionar todo esforço possível para contribuir para a erradicação dos criadouros. Todas as secretarias têm dado sua contribuição. Neste período de férias, a Secretaria de Educação, por exemplo, providenciou a instalação de tampas em todos os vasos sanitários, que descobertos podem se transformar em criadouros”. Além disso, garante que tem buscado apoio em lideranças comunitárias, religiosas, clubes de serviço para ajudar no trabalho de conscientização. “Não tem como declinar da ajuda da população. Sem ela, o combate à doença se torna irremediavelmente comprometido”. Defendendo ainda as ações de sua equipe, Rosa Iamarino garante que em 2014 foram feitas 89.739 visitas domiciliares, o que dá , segundo seu raciocínio, 21 visitas por imóvel. Quanto aos imóveis fechados, contou que recebe colaboração das imobiliárias e dos vizinhos destes imóveis. “Fatalmente algum vizinho saberá a quem pertence o imóvel e a gente vai atrás”.
Dengue Hemorrágica
Rosa afirmou que circula na cidade o vírus tipo 01 e que outras cepas do vírus ainda não foram detectadas. Explicou que quando uma pessoa é acometida pela doença, adquire anticorpos e não ficará doente novamente se o vírus for o mesmo. O fato do paciente ser acometido pela primeira vez não implica necessariamente que não terá um quadro mais grave, daí a necessidade da realização dos exames específicos, para controlar a hemorragia, se ela ocorrer.