Cerca de 108 milhões de eleitores russos escolhem ontem (4) 450 deputados da Duma Estatal, a Câmara Baixa do Parlamento Russo. A votação no país, que tem nove fusos horários, começou no Extremo Oriente russo, às 8h deste domingo (18h de sábado em Brasília) e terminou ontem às 21h de Moscou (15h de domingo em Brasília).
Sete forças políticas participam da corrida pelos 450 lugares na Duma: Rússia Unida, Partido Comunista, Partido Liberal Democrático (nacionalista), Rússia Justa (centro-esquerda), Causa Justa (centro-direita), Iabloko (liberal) e Patriotas da Rússia (esquerda).
As sondagens dão a vitória ao Partido Rússia Unida, do primeiro-ministro Vladimir Putin, mas com a perda da maioria de dois terços dos lugares na Duma. A votação é vista como um teste de popularidade de Putin, que deve concorrer nas eleições presidenciais dentro de três meses.
O Partido Comunista da Federação da Rússia e outros partidos da oposição denunciaram falsificações maciças em várias regiões do país. O tipo mais frequente, segundo os comunistas, é o "carrossel" em que grupos de pessoas são transportadas em ônibus e automóveis para votar em várias mesas eleitorais.
Militantes do Partido Comunista e do Partido Russa Justa pararam 14 ônibus e cinco automóveis que transportavam estudantes de uma das universidades de Saratov para vota. Esses partidos disseram que esse tipo de infração é cometido por "representantes de um dos partidos políticos". A oposição não pode divulgar o nome do partido no dia da eleição.
O correspondente da rádio Eco de Moscou disse ter testemunhado, no bairro Stroguino, na capital russa, estudantes que foram recrutados para votar em 45 mesas de voto, em troca de 4.000 rublos (cem euros). Os estudantes são transportados em ônibus fretados para realizar esse longo "carrossel".
O Partido Comunista denunciou violações da lei eleitoral nas cidades e regiões de Saratov, Moscou, Ufa, Kirov, Krasnoiarsk e Rostov. Também foram registrados ataques de hackers contra sites que acompanham as eleições russas. Esses sites publicaram, durante a campanha eleitoral, e pretendiam fazer o mesmo no dia das eleições, o "mapa de infrações da lei eleitoral", iniciativa que provocou forte descontentamento das autoridades russas.
"Claro que o ataque do sítio no dia das eleições é uma tentativa de impedir a publicação de informações sobre as violações da lei eleitoral", considerou Aleksei Venediktov, redator-chefe da Eco de Moscou.
A organização Golos foi alvo de uma campanha de difamação lançada por órgãos de informação controlados pelo Kremlin, que a acusaram de ser financiada por organizações norte-americanas, principalmente pela CIA, o serviço secreto americano. Na véspera, a sua diretora, Lilia Chebanova, foi detida em um dos aeroportos de Moscou quando voltava do exterior, tendo seu computador confiscado. A polícia alfandegária alegou que ela poderia utilizar programas piratas.
Além da Rádio Eco e da organização Golos, também deixaram de funcionar as páginas eletrônicas da revista The New Times e dos jornais Bolshoi Gorod, Kommersant e Slon.
A Comissão Eleitoral Central russa informou não ter recebido queixas dos 688 observadores estrangeiros que acompanham as votações.
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