Logo que José Armando Mantoan assumiu a presidência do SAAE observou várias irregularidades administrativas, entre elas, o recebimento de contas e serviços no caixa da autarquia, um procedimento considerado inadequado pelo Tribunal de Contas, e a existência de um caixa físico, que apesar do lançamento contábil, não era depositado nos bancos de imediato. A auditoria constatou que esse caixa chegou a atingir R$ 195 mil. “É difícil imaginar onde todo esse dinheiro ficava já que o SAAE não tem e nunca teve um cofre e nem sistema de segurança para proteger montantes dessa natureza”, questionou Mantoan.
Ao se inteirar dos acontecimentos vistos a olho nu, o novo presidente levou ao conhecimento do prefeito José Natalino Paganini que de imediato determinou apuração rigorosa e pediu para que fossem encerrados os recebimentos de contas no caixa da autarquia. Que apenas os bancos fossem autorizados a receber todo e qualquer serviço do SAAE.
Foi aberta uma auditoria que concluiu seus trabalhos em março de 2014. Em face dos apontamentos, o atual presidente instalou uma sindicância para apurar as irregularidades levantadas. Como houve envolvimento de funcionários que estavam na ativa, conforme manda o regimento dos servidores públicos, foi aberto um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) que está em sigilo e em andamento até os dias de hoje.
Durante o PAD, os funcionários envolvidos nas irregularidades relataram que o prefeito Paganini tinha trocado dois cheques no valor de R$ 10 mil cada um em meados de junho deste ano. Segundo Mantoan, os cheques foram resgatados de imediato pelo prefeito, mas só foram depositados em julho quando a responsável pelo departamento financeiro foi afastada das suas atividades.
Paganini, desde então, alega que os referidos cheques integravam um lote de patrocínio que ele, como pessoa física, tinha destinado em abril de 2014 à Sociedade Esportiva Itapirense, entregues nas mãos de Flavio Boretti, ex-presidente da vermelhinha. Disse ainda que os referidos cheques eram pré-datados e deu autorização a Flavio Boretti para que em caso de necessidade de antecipação de receita os trocasse na praça, como a Esportiva sempre fazia habitualmente.
Diante da situação irregular configurada na troca dos cheques, o presidente do SAAE abriu no último dia 2 de outubro uma nova sindicância depois de receber 67 cópias de cheques que foram depositados no Banco do Brasil. Cheques que chamaram a atenção em face dos valores arredondados e superiores ao que normalmente a autarquia recebe pelos serviços prestados.
Dos 67 cheques, cinco ganharam maior atenção: dois foram emitidos por duas empresas de Campinas, alheias ao quadro de fornecedores do SAAE, nominais à Sociedade Esportiva Itapirense, devidamente endossado pelo ex-presidente da Esportiva. Dois cheques foram emitidos por um ex-presidente do SAAE e um pertencia a um ex-secretário da administração Toninho Bellini. Dentre os cheques, alguns eram pré-datados.
A sindicância chamou as duas empresas, o ex-presidente do SAAE , o ex-secretário de Toninho Bellini e o ex-presidente da Esportiva.
O ex-presidente da Esportiva não compareceu e nem justificou a ausência. O ex-presidente do SAAE foi ouvido e informou que os cheques foram pagos no mercado e não soube dizer como eles foram parar no SAAE, mesmo na época ocupando a presidência. O ex-secretário de Toninho Bellini informou que não sabia a quem tinha destinado o cheque, mas que verificaria e retornaria a informação à comissão de sindicância. As duas empresas confirmaram que os cheques foram dados para a Esportiva.
O presidente do SAAE, José Armando Mantoan, cauteloso, entende que ainda é muito cedo para conclusões, no entanto, acredita que o processo caminha para o encerramento, sem arriscar uma data, e que os bandidos e os mocinhos dessa novela estão prestes a serem revelados. E concluiu: “considerando os valores, os emitentes e a destinação dos cheques não podemos descartar a hipótese de que o caixa físico do SAAE era usado, fundamentalmente, para trocar cheques ou documentos de crédito. Uma ação que era corriqueira e totalmente irregular à finalidade do SAAE que é fornecer água e tratar o esgoto”.
Veja reportagem completa no jornal "A Cidade" deste sábado.
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