O presidente do SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Itapira), José Armando Mantuan, convocou uma coletiva de imprensa na manhã de ontem, 28, para explicar sobre a publicação no Jornal Oficial de Itapira a respeito da abertura de uma sindicância na autarquia. Segundo ele, a ação foi necessária depois que uma auditoria externa realizada pela empresa Staff Auditoria & Assessoria apontou muitas ‘inconsistências’ nos registros de contas a receber do período de 2008 a 2013, o que pode caracterizar fraudes.
“Quando assumimos o Saae, em 18 de junho de 2013, nos deparamos com a implantação de um novo sistema de cobranças. Uma das dúvidas que eu tive na época, por eu não ter participado do sistema licitatório, era se esse sistema era confiável ou não. Por isso, resolvemos implantar uma auditoria, pois para caminhar pra frente é preciso olhar para trás e ver o que foi feito de bom para melhorar e o que foi feito de ruim para evitar”, esclareceu o presidente.
A referida auditoria teve início no mês de setembro de 2013 e o contrato inicial previa a avaliação dos exercícios de 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012. Porém, até o fim do ano o relatório conclusivo não havia sido entregue, e a autarquia achou necessário fazer um termo aditivo e estender a audição para 2013. Nesta avaliação, os seguintes itens – além dos que a empresa responsável julgasse necessários – foram avaliados: levantamentos das contas de água e esgoto lançadas; análise das contas a receber; baixas realizadas no sistema; verificação do recebimento das contas atrasadas conciliando com extratos bancários, tesouraria e centro de recebimento; composição das contas baixadas; avaliação dos controles internos administrativos, financeiros, de informática relacionados ao contas a receber.
O documento com as considerações finais chegou às mãos de Mantuan na última terça-feira, 25, e, segundo suas palavras, apresentava mais inconsistências do que pensava. “Em decorrência dos apontamentos descritos evidenciamos que a estrutura dos sistemas e procedimentos definidos pelo Saae permitiu ocorrência que caracteriza fraudes e erros, sendo necessária a instalação de processo administrativo para apurar as responsabilidades”, diz trecho do texto cinco do relatório conclusivo lido durante a coletiva de imprensa.
O presidente da autarquia revelou que, logo no início do processo de audição, ficou constatado que os documentos contábeis referentes ao exercício de 2008, 2009 e 2010 haviam desaparecido. Imediatamente, instaurou-se uma sindicância para apurar tal fato, mas que foi encerrada sem apontar responsáveis.
“Acho importante dizer que a auditoria não teve por objetivo somente apurar, mas também de alertar sobre a segurança do sistema implantado e observar os erros passados. Uma das primeiras coisas que fiz aqui após minha posse foi retirar o recebimento das contas, ou seja, acabamos com a tesouraria e paramos de mexer com dinheiro vivo aqui”, declarou José Armando.
Ele também citou o fato que até essa época quem tinha água cortada ia até a sede da autarquia e pagava a taxa para religar, quando era comum a prática de descontos. Questionado se tal fato daria margem para fraudes, ele disse apenas que irá aguardar os resultados finais. “É isso que vamos apurar, se essas falhas, inconsistências, existiram porque o sistema de informática era falho ou foi manipulado incorretamente. Houve falha humana, que pode ter sido de boa ou má fé. Não sabemos se existem culpados ou não, e não queremos fazer julgamentos precipitados. Vamos checar também a dívida ativa, pois nesse período não recebemos um centavo”, ressaltou.
Ainda no dia 13 deste mês, o presidente do Saae designou os membros da Comissão Permanente de Sindicâncias da autarquia. A referida sindicância foi instaurada na última quarta-feira e tem o prazo de 30 dias, prorrogáveis por mais 30, para divulgar o relatório final. Após isso, José Armando Mantuan comprometeu-se a tornar público a conclusão e as providências que serão tomadas, se necessário. “A partir de agora a presidência sai de cena e os componentes da comissão têm total autonomia para ouvir depoimentos e tecer conclusões”, finalizou.
Em relação ao acesso sobre o relatório completo da Staff Auditoria, Mantuan disse que não fornecerá o documento neste momento para não gerar “más interpretações”.
Comissão Permanente
Presidente: Morales de Freitas Rosa
Suplente: Eliana Marli de Campos Maciel
Membros: Célia Colosso e José Rubens da Silva
Suplente: José Bernardes
Comentários, artigos e outras opiniões de colaboradores e articulistas não refletem necessariamente o pensamento do site, sendo de única e total responsabilidade de seus autores.