Ao subir com o elenco para seu primeiro jogo como técnico do São Paulo no Morumbi desde 2004, Emerson Leão reforçou que Jean e Cícero, seus alas, precisariam aproveitar a liberdade de atacar no esquema com três zagueiros. Mas ambos demoraram a entender, e deixaram o Avaí se sentir em casa no Morumbi.
O time que começou a 34ª rodada em penúltimo lugar no Campeonato Brasileiro ditou o ritmo desde a saída de bola. Caíque, que teoricamente seria o único atacante no esquema avaiano, não era só uma referência, mas outro que se movimentava na busca por espaço em um time que buscava Lincoln para comandar a troca de passes no campo defensivo dos anfitriões.
A equipe comandada por Toninho Cecílio aproveitou-se das poucas subidas dos donos da casa pelas laterais e da indecisão dos volantes Wellington e Carlinhos Paraíba em subir. Assim, usou cinco atletas para cercar o trio Lucas, Dagoberto e Luis Fabiano. Estava tão tranquilo que o volante Junior Urso deixou de ser sombra de Lucas para ser mais um a pressionar na frente.
A bola rolava como o Avaí queria no ataque, fazendo com que o São Paulo, em alguns momentos, tivesse todos os seus atletas atrás do meio-campo. A dificuldade do clube catarinense era que Lincoln, se organizava a troca de passes, não teve qualidade para colocar sua equipe na frente.
O ex-meia do Palmeiras tinha liberdade para chegar de trás e aproveitar os avanços de seus colegas pelas laterais, mas perdeu, ao menos, duas boas chances de colocar a bola na rede. Sua subida, contudo, mantinha o time à frente, fazendo os atletas do São Paulo se olharem em busca de definição em campo.
Aos 15 minutos, a pressão quase virou gol. Pedro Ken desviou cobrança de escanteio de cabeça e Rogério Ceni fez milagre para evitar a abertura do placar. O lance tirou Leão do sério. Diante da apatia de seus comandados, passou a se esgoelar à beira do campo para seus alas subirem e seus volantes pararem de temer passar do círculo central.
Na base do rugido de seu chefe, o São Paulo acordou. Cícero passou a segurar o Avaí pelo seu lado, posicionado na intermediária para alçar bolas, e Jean entrava em diagonal do outro lado. Para renovar seu setor ofensivo, Leão inverteu o posicionamento de Lucas, que passou a atacar pela esquerda, com o de Dagoberto, agora pela direita.
O posicionamento intimidou mais o rival, mas não resolveu. O time paulista mal usava Luis Fabiano e passou a ficar refém dos cruzamentos, tanto que levou perigo no primeiro tempo só pedindo pênalti do goleiro Felipe em saída atrapalhada na qual derrubou Xandão. O Avaí, por sua vez, ainda quase ganhou de presente um gol contra de Rhodolfo aos 30 minutos.
O desempenho gerou vaias e Leão resolveu mudar tudo. Tirou o zagueiro Luiz Eduardo, único do trio que já havia levado cartão, e armou uma espécie de 4-2-4 com a entrada de Fernandinho, dando a Lucas e Dagoberto a função de se revezar na volta ao meio-campo e ajudar os volantes na armação.
A postura pôs o jogo nas mãos do São Paulo, mas sem saber como atacar. Foi quando apareceram seus astros. Aos 14 minutos, Lucas passou por três marcadores na área, foi desarmado e, na sobra, Luis Fabiano mostrou qualidade para tocar no canto direito de Felipe e abrir o placar.
Se já era herói, o camisa 9 quase pôs tudo a perder ao tentar tirar a camisa na comemoração. Lucas não deixou, mas o centroavante acabou recebendo o amarelo pouco depois, ao reclamar de falta no campo de defesa. O nervosismo era aparente, mas o artilheiro queria aparecer por outro motivo.
Mesmo com o gol, Leão renovou suas forças ofensivas trocando Carlinhos Paraíba e Dagoberto por Denilson e Willian José. Aos 19, foi premiado. Após cruzamento de Cícero, Willian José desviou para Luis Fabiano, sem marcação, encobrir o goleiro Felipe com um toque de cabeça.
Com vantagem de dois gols, o São Paulo pode até voltar à indefinição tática. O Avaí, cansado, ainda conseguiu acertar o travessão em nova cabeçada de Pedro Ken, mas permitia a Lucas continuar arrancando para levantar a torcida são-paulina, que já não vaiava mais. A vitória, enfim, voltou ao Morumbi.
Local: Estádio do Morumbi, em São Paulo (SP)
Data: 12 de novembro de 2011, sábado
Horário: 19 horas (de Brasília)
Público: 10.546 pagantes
Renda: R$ 250.226,00
Árbitro: André Luiz de Freitas Castro (GO)
Assistentes: Fabrício Vilarinho da Silva e Jesmar Benedito Miranda de Paula (ambos de GO)
Cartões amarelos: Luiz Eduardo, Lucas, Luis Fabiano, Fernandinho e Wellington (São Paulo); Daniel, Fernandinho, Bruno Silva e Robinho (Avaí)
Gols:SÃO PAULO: Luis Fabiano, aos 12 e aos 19 minutos do segundo tempo
SÃO PAULO: Rogério Ceni; Xandão, Rhodolfo e Luiz Eduardo (Fernandinho); Jean, Wellington, Carlinhos Paraíba (Denilson), Lucas e Cícero; Dagoberto (Willian José) e Luis Fabiano
Técnico: Emerson Leão
AVAÍ: Felipe; Daniel (Diego), Gian, Cláudio Caçapa e Fernandinho; Bruno, Junior Urso, Pedro Ken (Marcos Paulo), Lincoln (Fabiano) e Robinho; Caíque
Técnico: Toninho Cecílio
Comentários, artigos e outras opiniões de colaboradores e articulistas não refletem necessariamente o pensamento do site, sendo de única e total responsabilidade de seus autores.