A Prefeitura abriu concurso para revitalização da praça Bernardino de Campos, o ponto central da cidade. E, embora o Termo de Referência do edital, em seu primeiro parágrafo, afirme que o local é um ponto de encontro da população itapirense, a realidade é bem outra.
Das duas uma: ou o redator do termo não conhece o local ou não passa pela praça há pelo menos 20 anos. Hoje, seu movimento se resume ao período de funcionamento das agências bancárias. Depois disso, principalmente no período noturno, vira ponto de desocupados.
Na verdade, a principal praça da cidade vem perdendo vida nas últimas duas décadas. A partir do encerramento das atividades comerciais em seu entorno, o local perdeu os atrativos que eram oferecidos à população.
Com uma área que abrange aproximadamente 15 mil metros quadrados, a praça Bernardino de Campos carece de pontos comerciais à sua volta para voltar a ser frequentada. Antigamente rodeada de bares, restaurantes, sorveterias, cinemas e clubes, hoje quem olha ao seu redor enxerga outro panorama.
Em sua volta se encontram agências das principais casas bancárias do país, agência dos Correios, SENAC e órgãos da Prefeitura. Mas, para que seja frequentada pela população que busca entretenimento, necessita da presença de pontos comerciais como os de antigamente.
Essa é a opinião da grande maioria das pessoas que frequentaram o local, mas que hoje não encontram motivos para permanecer na praça a não ser em dois períodos sazonais: a Festa da Nonna, em agosto, quando o local é ocupado por uma praça de alimentação e oferece atrativos culturais, e durante a Festa de Nossa Senhora da Penha, em setembro. De resto, a praça fica às moscas, sem frequentadores e sem vida.
Para o aposentado José Roberto Destro a praça só voltará a ser frequentada quando tiver ao seu redor pontos comerciais capazes de atrair famílias. “Hoje a gente não tem motivos para frequentar a praça com antes”, frisa. “Não tem um restaurante, uma sorveteria, não tem a Banda Lira e nem a fonte luminosa”.
Destro entende que as pessoas deixaram de frequentar a praça justamente por causa da falta de um bom atrativo. “Tiraram a fonte e fizeram um coreto, mas quem vai vir na praça pra ver uma apresentação e ir embora em seguida?”, pergunta. “As pessoas procuram locais onde haja entretenimento e também onde se sentar com a família para aproveitar o resto da noite”.
José Carlos Trinca, que durante uma década trabalhou em pontos comerciais no entorno da praça, concorda com Destro. “Trabalhei no Bar Central e na Lanchonete Jassambar, onde antes foi o Chopão e a praça tinha vida”, lembra. “Se não tiver vida em volta a praça também não terá”.
Urgência
Plínio Sérgio Venturini, engenheiro agrimensor e atual presidente da Associação de Engenheiros e Arquitetos de Itapira, entende que a praça precisa ser revitalizada com urgência. “O ponto principal é criar atrativos para as famílias”, frisa. “Hoje não existe nada que atraia as pessoas para a praça”.
Venturini só enxerga a praça revitalizada se ocorrer uma mudança geral no local. “É preciso mudar a arborização, iluminação, reativar o coreto, fortalecer o lado comercial na parte gastronômica e a segurança, só assim as pessoas voltarão a frequentar a praça”.
Em sua ótica de engenheiro Venturini acredita que mesmo sendo um espaço amplo, a praça principal da cidade é mal aproveitada. “A revitalização precisa ocorrer com urgência para resgatar um dos pontos mais tradicionais da cidade”, afirma. “Hoje as famílias e os jovens não têm aonde ir e esses, principalmente, se reúnem em locais totalmente alheios por causa dessa carência”.
Mudança no entorno gerou abandono
Um bar que virou depósito, um clube que passou a ser posto de recebimento de estacionamento rotativo, um cinema que deu lugar a uma farmácia, um restaurante que agora é agência dos Correios, uma choperia e sorveteria que foi substituída por um consultório médico, uma choperia que agora tem em seu lugar uma loja de departamentos. Essa é a realidade do entorno da principal praça da cidade.
Essa mudança radical ocorrida nas últimas décadas é fator preponderante para a Praça Bernardino de Campos ter, gradativamente, perdido sua condição de ponto de encontro das famílias. Sem uma revitalização e uma mudança radical de conceitos o local continuará sem frequência.
Para a professora Salete Turcatti, que reside nas proximidades da praça principal, o ponto de partida seria o retorno da fonte luminosa. “Com a fonte as famílias tinham um motivo para frequentar a praça”, lembra. “Bares e restaurantes sobreviviam graças a essa frequência”.
Salete acredita que o espaço precisa também de mais cor, mais vegetação. “Flores coloridas dão mais vida e a praça precisa disso”, explica. “Flores, fonte luminosa, o antigo coreto no mesmo lugar seria uma combinação perfeita para devolver a vida ao local”.
O professor de Educação Física Luís Francisco Soriani aposta na realização de eventos para as crianças para devolver o movimento de famílias no local. “Com eventos voltados para as crianças com certeza os pais voltariam a frequentar e isso devolveria a vida ao local”, revela. “Crescemos ali e a praça precisa de eventos culturais, de bandas, para resgatar seu movimento”.
Comentários, artigos e outras opiniões de colaboradores e articulistas não refletem necessariamente o pensamento do site, sendo de única e total responsabilidade de seus autores.