Se é verdadeira a máxima de que a indústria de embalagens de papelão é o termômetro da atividade econômica do país, então as perspectivas para a economia brasileira continuam sombrias. Na terça-feira, 19, quando inquirida em entrevista concedida ao Jornal Nacional da Rede Globo sobre as atuais dificuldades da economia, a atual presidente e candidata à reeleição, Dilma Roussef (PT), afirmou que já havia uma série de fatores indicando que a indústria exibia sinais de recuperação e entre estes fatores mencionou o desempenho do setor de embalagens.
Ruberlene Galvão Albano, diretor comercial da Fábrica de Papel e Papelão Nossa Senhora da Penha, a quinta maior do segmento no país, sobre a situação de momento do segmento e de acordo com sua avaliação a situação atual é ainda de muita cautela. Ele argumenta que alguns fatores ajudam a explicar a baixa atividade econômica, mencionando a Copa do Mundo no bimestre junho/julho, a escalada da inflação e até a estiagem que castiga as regiões Sudeste e Centro-Oeste de forma severa, mas assevera que de forma geral a maioria dos setores que utilizam embalagens de papelão retraíram.
Citando números da ABPO (Associação Brasileira do Papelão Ondulado), Albano diz que houve uma queda da produção na ordem de 3,36%, comparando junho deste ano com junho de 2013. “Número mais baixo desde 2010”, frisa. No acumulado do primeiro semestre a queda foi de 0,25%. Situação que, segundo Albano, a Penha não ficou imune.
Conforme menciona, a empresa se preparou para uma expansão de até 5% neste ano e os indicadores do primeiro semestre apontaram retração de 0,5%. “No caso da Penha, prevíamos um crescimento em torno de 5%, justamente por ser ano de Copa e eleições, estávamos otimistas quanto ao ano de 2014. Infelizmente os números mostram que no acumulado até julho tivemos queda de 0,5%”, lamenta.
Dentro daquele espírito de caminhar com os pés no chão, o setor avalia que nos próximos meses nem mesmo a aproximação do final do ano será suficiente para que a situação se apresente dentro da normalidade. Albano revela que os pedidos atuais refletem uma pisada no freio do setor produtivo.“Historicamente o segundo semestre aponta para crescimento, pois nossos clientes começam a estocar seus produtos de final de ano. Ingressamos no mês de agosto sem nenhuma novidade, estamos exatamente no mesmo ritmo dos sete primeiros meses do ano, ou seja, devemos fechar o ano na melhor das hipóteses igual a 2013”, prevê.
Apesar do cenário pessimista, o representante da Penha avalia que a equipe econômica do governo está se movimentando para a adoção de medidas que revertam o quadro atual e que os meses restantes sejam melhores que 2013. Este compasso de espera, segundo ele, deve persistir enquanto não houver um cenário mais transparente. “Temos que aguardar mais um tempo para fazer qualquer analise do futuro, devido a falta de um cenário positivo, as próprias empresas estão em compasso de espera, os economistas divergem nas opiniões, quanto ao que acontecerá nos próximos meses e no próximo ano”, conclui.
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