Autor do período romântico, o russo Tchaikovsky é conhecido pela intensidade dramática das óperas, sinfonias, concertos, coros, músicas de câmara e obras para o balé e o teatro. Sua vida pessoal é pontuada por polêmicas, em contraponto à carreira de sucesso. “É um compositor que representa a própria essência da orquestra, com conhecimento de cada instrumento, o que o fez um mestre da escrita sinfônica. Tudo o que escreveu soa magistralmente”, explica Jamil Maluf, diretor artístico e regente titular da OSP.
Dividido em três andamentos, o Concerto para violino em Ré maior, Op. 35, foi classificado por vários anos como “concerto intocável”, tanto que a estreia aconteceu três anos depois, em 1881. É considerada, até os dias atuais, uma obra complexa, por entrelaçar “técnica e musicalidade de maneira visceral”, conforme define Jamil Maluf. Tais fatores, segundo o maestro, dão a oportunidade de conhecer a qualidade do solista que “se dispõe a enfrentar a peça, como ainda da orquestra, sua parceira”.
Não é por menos que o maestro escalou para a atuar como solista deste concerto o carioca Daniel Guedes, que integra o Quarteto da Guanabara, é professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), regente da Academia Jovem Concertante e acaba de lançar o CD Amor em Paz, com o violonista Mario Ulloa. “É um músico completo. Trazê-lo para esse concerto vai enriquecer as comemorações dos 115 anos da OSP”, avalia.
Na segunda parte do programa, a OSP apresenta Sinfonia no.2, em dó menor, op.17. A obra de quatro movimentos também é chamada de Pequena Russa por utilizar temas populares e folclóricos da Ucrânia, conhecida como Pequena Rússia. “É como se o compositor fizesse um passeio por pequenas aldeias do século 19, participando de festas e danças populares. O final é contagiante, figura entre as páginas mais brilhantes do gênero de sinfonias”, explica Maluf.
Nesta que é a terceira apresentação da temporada, o público também tem a oportunidade de conferir, no hall do Teatro do Engenho, uma exposição sobre a história da OSP, com fotografias e dados sobre os nomes que contribuíram para a manutenção da Sinfônica de Piracicaba ao longo das décadas. Ainda no hall, a OSP monta uma “lojinha” para os que tiverem interesse em adquirir a camiseta comemorativa aos 115 anos.
A OSP manteve o ensaio geral aberto ao público, em função da alta procura por ingressos desde o início da temporada. Para Jamil Maluf, trata-se de uma possibilidade favorável ao público da terceira idade e às famílias com crianças. “O concerto já está pronto no ensaio geral, não há desvantagem artística para quem for assisti-lo. Há, até, a possibilidade de presenciar eventuais correções e conhecer melhor o processo de ensaio de uma orquestra.”
EDUCATIVO – O programa das 19h45 começa com a palestra O Meu Concerto de Hoje, por Jorge Coli, professor de história da arte e da cultura na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e diretor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas na mesma instituição.
Os objetivos da ação são formar plateias e aproximar as pessoas da música clássica. Coli, ao encerrar as considerações em junho ao público, deixou suas impressões sobre o trabalho de reestruturação iniciado no primeiro semestre deste ano. “Das duas apresentações que assisti, estou convencido: a OSP já está entre as melhores orquestras do país”.
Para o maestro Jamil Maluf, o retorno positivo demonstra que a Sinfônica de Piracicaba é uma orquestra madura. Na abertura da temporada, em maio, o convidado para solar foi o pianista Eduardo Monteiro. No mês seguinte estiveram o maestro Thiago Tavares, que fez a regência, e a meio soprano Luciana Bueno.
A Temporada 2015 da Orquestra Sinfônica de Piracicaba é uma realização da Prefeitura do Município de Piracicaba, por meio da Semac (Secretaria Municipal da Ação Cultural). Além de Jamil, o trabalho de reestruturação da OSP tem o violoncelista André Micheletti como regente-assistente e diretor artístico associado.
SERVIÇO – Concerto da Orquestra Sinfônica de Piracicaba. Sábado, 13, no Teatro Municipal Erotídes de Campos (avenida Maurice Allain, Parque do Engenho Central). Horários: 16h30 (ensaio aberto ao público) ou 19h45 (palestra e concerto). Os ingressos gratuitos serão distribuídos a partir das 14h. Classificação livre. Mais informações: (19) 3413-5212.
Rodrigo Alves