Vinícius Lisboa
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro- Se mantiver o ritmo atual de crescimento, a Síria deve ultrapassar neste ano o Afeganistão em número de refugiados pelo mundo, posição que o país ocupa há 32 anos. Os dados foram apresentados hoje (19) pelo Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), em conjunto com o relatório Tendências Globais 2012, com um balanço do tema no ano passado.
Entre janeiro de 2012 e junho de 2013, 1,6 milhão de sírios deixaram o país por causa dos conflitos entre rebeldes e o governo de Bashar al Assad, fluxo que, se permanecer, pode levar 3,5 milhões a cruzarem as fronteiras até dezembro, principalmente em direção a vizinhos como o Iraque.
No topo da lista até 2012, o Afeganistão tem 2,585 milhões de cidadãos refugiados em outros países. A Somália tem o segundo maior número, 1,136 milhão, seguida pelo Iraque, com 746 mil. A Síria ocupa a quarta posição, com 728 mil.
Em 2012, 647 mil pessoas deixaram a Síria para se refugiar em outros países, maior deslocamento anual de uma única nacionalidade desde a Guerra do Kosovo, em 1999.
Além dos refugiados em outros países, a Síria tem 6 milhões de deslocados pelo conflito no território nacional. Como o país tem uma população de cerca de 20 milhões de habitantes, mais da metade deles pode ser refugiado ou deslocado interno no fim deste ano.
Apesar de buscarem principalmente países vizinhos, os sírios também estão se refugiando mais no Brasil, segundo Comitê Nacional de Refugiados. Desde março de 2011, o número subiu 630%. Dos 202 sírios refugiados no Brasil, 189 chegaram nesse período, e o número de solicitações entre abril e maio deste ano cresceu 43% em comparação com março de 2011.
"Mais sírios estão vindo para o Brasil neste ano até porque o país tem uma grande quantidade de pessoas com ascendência síria, descendentes dos que chegaram nas primeiras três décadas do século 20. Isso facilita a acomodação e o acolhimento em comunidades organizadas", explicou Andrés Ramirez, representante do Acnur no Brasil.
Os sírios buscaram 23 pontos diferentes do país para e refugiarem. O maior número, 95, foi para a cidade de São Paulo.
Edição: José Romildo
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