Piffer Junior: oficina para compostagem de alimentos
Na prática, no dia 2, deveria ter entrado em vigor em todo o país a Lei 12.305, que basicamente define regras para o recolhimento e destinação do lixo doméstico, e que determina o fim dos malfadados lixões. Como à época da sanção do então presidente Lula foi feita uma intensa mobilização para que fosse dado um prazo mais elástico para o cumprimento da Lei diante do argumento que a maioria dos municípios não tinha em mãos um plano para colocar a Lei em prática, foi acordado que este prazo seria de quatro anos, ou seja, a partir de 02 de agosto a Lei começaria a ser aplicada.
Só que nesta semana começaram a pipocar em Brasília, no Palácio do Planalto e no Congresso Nacional, rumores de que uma forte movimentação no sentido de conceder mais outros longos oito anos para readequação do município estaria em pleno andamento. Segundo o que foi relatado pelos principais veículos noticiosos do País, a principal preocupação é que em pleno período eleitoral, prefeitos de todo o país possam virar alvo de ações judiciais por causa do descumprimento da Lei.
O plano prevê de pagamento de multas até detenção para quem infringir a Lei para gestores que cometerem infrações e não darem destinação ao lixo doméstico em aterros sanitários, além de outras medidas previstas, como a fixação da chamada logística reversa pela qual produtos como baterias, pilhas, lâmpadas e embalagens de acondicionamento de agrotóxico devem ser levadas de volta no local onde foram adquiridos. A simples menção a uma maior flexibilização da Lei vem recebendo uma enxurrada de críticas de pessoas ligadas à questão ambiental.O secretário Municipal de Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente, José Alair de Oliveira, disse que a movimentação não o surpreende. “Quem tem oportunidade de visitar Brasília dificilmente deixa de observar lixões a céu aberto. Se nem na capital federal o assunto foi equacionado , era de se esperar que houvesse um movimento para que a Lei fosse aplicada mais tarde”, reconhece. Oliveira disse que no caso de Itapira a lição de casa vem sendo feita. “Investimos num processo de ampliação do atual aterro sanitário e estamos também planejando um novo aterro. Além disso somos integrantes do Cisbra (Consórcio Intermunicipal de Saneamento Básico do Circuito das Águas), o que representa um grande avanço na discussão do tema. Acho lamentável esta tentativa de empurrar o assunto novamente com a barriga”, disse.
Anderson Martelli, biólogo lotado na SAMA, reforça os argumentos do chefe dizendo que também esperava um movimento contrário à aplicação imediata da Lei. “Infelizmente o retrato do nosso país mostra que a maioria dos municípios não tem estrutura para se adequar à Legislação, o que é lamentável, já que este assunto vem sendo debatido há pelo menos duas décadas”, afirmou. Lembra ainda que pela nova Lei, municípios em situação irregular acabam sendo impedidos de contrair financiamentos da União. Martelli considera que ainda que haja uma nova prorrogação, em Itapira não existe o risco de um retrocesso. “Muitos dos programas que implantamos estão dando ótimo resultado. Precisamos fazer avançar, educar mais e não retroceder”, manifestou-se.
Lucas Gardinalli, presidente do Comdema (Conselho Municipal de Meio Ambiente) acha que a discussão em ampliar o prazo de cumprimento da Lei acaba tirando o foco dos benefícios que ela visa produzir. “É uma legislação moderna, que investe num processo educativo da população, estabelece normas rigorosas para preservação ambiental e de quebra estimula toda uma atividade empresarial ao redor do tema. Não acho que seja uma boa medida postergar a aplicação”, defendeu.
Sua antecessora no Comdema, a bióloga Maria Odete Melo Sant’Ana, disse que lamenta profundamente este tipo de pretensão da classe política. “Precisamos avançar e não retroceder”, criticou. Ela lembrou que o assunto vem sendo debatido no país há vários anos e que na sua opinião é inadmissível se falar em recuo.
Hilário Piffer Junior, diretor-superitendente do Cisbra também critica um eventual recuo. “É um tema que tem mobilizado a sociedade brasileira há pelo menos 25 anos e falar em recuo neste momento seria um grande retrocesso”, afirmou. Ele disse que indiferentemente aos passos que o governo federal e o Congresso Nacional venham a tomar em sentido contrário, o Cisbra continuará operando de forma a avançar nas questões que motivaram sua criação. “Estamos caminhando de uma forma bastante desejável, investindo um propostas inadiáveis em termos de execução de obras de infraestrutura e também no que se refere à questão educacional, com muitos avanços a serem contabilizados”, afirmou. Para assinalar a aplicação da Lei 12.305 o Cisbra programou uma oficina de capacitação destinada à população em geral para ensinar como fazer corretamente a compostagem de sobras de alimentos para que seja direcionado ao aterro sanitário. A primeira oficina, com 40 vagas já preenchidas, ocorre dia 19, às 8h30, na sede do Cisbra em Amparo. A ideia segundo Piffer Junior, é levar o curso para todas as cidades do consórcio, ou seja, segundo afirmou, o curso chegará também a Itapira.
José Alair: município não vai frear compromissos assumidos na área
Lucas: não tem porque adiar
Comentários, artigos e outras opiniões de colaboradores e articulistas não refletem necessariamente o pensamento do site, sendo de única e total responsabilidade de seus autores.