O assunto é tratado com reserva pelos principais interessados, mas pelo menos um comerciante estabelecido no Mercado Municipal e que também aderiu à chamada Feira Noturna, revelou que o sucesso da iniciativa já provoca áreas de atrito entre interessados em expor seus produtos. “Como não tem lugar definido, daqui a pouco vai ter gente que vai chegar de madrugada para pegar um ponto melhor”, ironizou o comerciante, que pediu para ter a identidade preservada.
Inaugurada oficialmente no dia 26 de março, a Feira Noturna foi inspirada em evento semelhante realizado todas as noites de quarta-feira, em Mogi Mirim. Segundo afirmou José Alair de Oliveira, secretário Municipal de Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente, a ideia primordial da feira é exatamente permitir ao agricultor familiar uma oportunidade a mais de vender seus produtos e garantir ao público produtos fresquinhos e mais baratos.
Ao ser questionado sobre este suposto clima de animosidade que estaria ocorrendo nos bastidores da iniciativa, ele afirmou desconhecer qualquer coisa nesse sentido. “A mim pelo menos ninguém veio reclamar”, reiterou. Zé Alair disse que se de fato houver algum problema isso acabará sendo resolvido da melhor forma possível. “Estamos aprimorando o modelo. Para isso precisamos estabelecer regras. A questão do uso do espaço público neste caso específico não pode privilegiar um cidadão em detrimento ao outro. Isto posto, é preciso ter bom senso. O diálogo é a melhor forma de resolver este tipo de pendência. Casos de indisciplina, evidentemente, não serão tolerados”, avisou.
O agricultor Lázaro Marangoni, que há 35 anos vende verduras no mercadão, disse que notou um acúmulo de barracas e que no seu entendimento é natural que haja algum tipo de conflito. “É preciso que as pessoas busquem seu espaço sem comprometer o trânsito das pessoas. Imaginou se as barracas tomarem conta de todo o espaço?” questionou.
Clayton Luiz Coraça, 34, da Santa Izabel Agricultura, disse que a pressa de alguns colegas em fincar bandeira para ter o ponto que considera melhor está acarretando problemas de logística. “Está ficando complicado trazer e tirar mercadoria. Daqui a pouco vai ter confusão”, enxerga.
Ricardo Takeuti, 50, há pelo menos 30 anos trabalhando na famosa barraca de pastel da dona Rosa, acha que a maior variedade de artigos em oferta é benéfica a todos. “Quanto maior a diversidade, certamente maior o público e isso acaba beneficiando tomo mundo que participa da feira”. Indagado se tem notado um público muito diferente daquelas pessoas que vão o Mercado Municipal aos domingos, Takeuti disse que em parte isso ocorre pela frequência do pessoal que sai do comércio e das casas bancárias. “De resto é praticamente o mesmo consumidor que vem em domingo”, avaliou.
Remodelação leva em conta manutenção da Feira, diz Paganini
O Prefeito José Natalino Paganini admitiu ao JORNAL A CIDADE que está muito contente com os resultados da Feira Noturna. Quando questionado a respeito de um projeto por ele encomendado logo no início de sua gestão para remodelar o espaço do Mercadão, afirmou que pretende executá-lo e que a principal dificuldade se reside no aporte necessário para a obra, estimado em torno de R$ 6 milhões. “Estou correndo atrás destes recursos, a exemplo de outras intervenções na área central da cidade que também pretendemos levar adiante”, afirmou.
Ele disse que o projeto de remodelação do Mercadão prevê a manutenção da Feira Noturna no local. “ O que vai mudar, a partir do momento em que executarmos a reforma, evidentemente, será arrumar outro local para que a Feira Noturna funcione enquanto durarem os trabalhos”, explicou.
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