Dr. Marcelo defende estudo aprofundado do tema como forma de ajudar na sua prevenção
O Instituto Bairral de Psiquiatria promove neste sábado, 23, em suas dependências, o segundo e último simpósio de discussões a respeito de assuntos de relevância para o universo psiquiátrico deste ano, trazendo especialistas do mais alto calibre para falar de um tema considerado como tabu no convívio social, o suicídio. Para o médico psiquiatra Marcelo Ortiz de Souza, diretor-técnico do Bairral, trata-se de um tema que causa incômodo e assusta pelo fato de não ser uma situação tão frequente comparativamente a outras que tem ligação com os estudos da psiquiatria e como tal, segundo argumentou, sua análise é de grande relevância e importância para a saúde pública.
Ele explica que são diversas as causas que conduzem uma pessoa a atentar contra a própria vida, abrangendo além das próprias manifestações patológicas estudadas pela psiquiatria, questões culturais e religiosas. É em cima desta variedade de interpretações que a instituição elaborou a agenda que deverá garantir mais uma vez lotação completa no anfiteatro do Instituto, a exemplo do que ocorreu em setembro quando foi realizado um simpósio sobre sexualidade e que trouxe especialistas de várias partes do país.
A abertura, programada para as 9h00, será feita pelo médico psiquiatra Valentin Gentil Filho, que tem titulação de PHD pelo Institute Of Psychiatry de Londres (Inglaterra) e é professor titular da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo). Depois será a vez do médico Paulo Dalgalarroudo, titular do departamento de psicologia médica e psiquiatria daFaculdade de Ciências Médicas da Unicamp, abordar os aspectos culturais envolvendo o tema.
Antes do intervalo para o almoço irá palestrar o economista e empresário Antonio Carlos Braga, um dos nomes que estão por trás de um dos mais bem sucedidos programas de prevenção do suicídio em todo o País, O CVV (Centro de Valorização da Vida), que completa 50 anos de atuação. Ele vai falar sobre apoio emocional e do papel de ONGs (Organizações Não Governamentais) como o CVV neste processo de prevenção.
À tarde uma prata da casa, a médica Viviane Franco, integrante do Corpo Clínico do Bairral e que supervisiona o programa de residência médica do Instituto, vai falar sobre medidas de prevenção do suicídio. Será seguida pelo médico Neury José Botega, também dos quadros da Unicamp, que abordará a avaliação e manejo do risco de suicídio. Encerra o ciclo de palestras a médica Alexandrina Meleiro (doutora em psiquiatria pela USP) com uma abordagem direcionado às pessoas que de uma forma ou de outra lidam com a situação do suicídio (familiares, profissionais da área de saúde, área de segurança, entre outras) com o tema “O suicídio para quem fica”.
Patologias
Para o diretor técnico do Bairral o tema do encontro deste sábado é de grande relevância para os estudos da psiquiatria devido à diversidade de patologias clínicas que podem gerar este tipo de comportamento nas pessoas. Segundo ele, a depressão é apenas uma delas, a mais lembrada. “Temos quadros psicóticos, transtornos bipolar, dependência química e até transtornos de personalidade como quadros que podem ocasionar a prática do suicídio. Por isso é muito importante um aprofundamento do estudo deste fenômeno”, defendeu. Ainda segundo sua linha de raciocínio, quanto maior o contato com o assunto, mais conhecimento se adquire e maior a probabilidade de se prevenir este tipo de situação.
Ele lembra também que num dos painéis será possível conhecer um pouco mais a respeito do viés cultural existente em torno do tema - Aspectos Culturais do Suicídio -, uma forma, segundo ele, de ampliar a discussão. “Conforme o contexto social o suicídio é condenado ou mesmo aceito. São visões antagônicas de um mesmo processo que precisam ser bem esclarecidas”, comentou.