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Itapira, 21 de Novembro de 2024
Notícia
04/03/2015 | Três primeiras semanas de fevereiro registra 1.213 casos de dengue; no ano, 2.928; primeira morte é confirmada

O prefeito José Natalino Paganini (PSDB), através da Secretaria Municipal de Saúde, divulgou nesta quinta-feira, 25, o relatório de óbito do primeiro caso de dengue confirmado no município. Trata-se de uma paciente feminina, moradora no Bairro Assad Alcici, de 51 anos, que apresentou suspeita de dengue em 20 de dezembro de 2014, foi atendida no Pronto Socorro do Hospital Municipal de Ita­pira nos dias 20, 21, 27, 28 e 29 de dezembro de 2014. No dia 30 de dezembro de 2014, com sintomas de infecção exógena (intoxicação por medicamento ou produto semelhante) foi interna­da, recebeu o tratamento com exames e medicação compatível com o quadro. Considerando a notificação de dengue, já realizada, foi realizado o exame de sorologia para dengue no laboratório São José, cujo resultado foi positivo.

O quadro se agravou e evoluiu para o óbito no dia 1º de janeiro de 2015. Dada a suspeita de intoxicação, o corpo foi encaminhado para o IML (Instituto Médico Legal) de Mogi Guaçu resul­tando em laudo negativo. Seguindo a rotina, por conta dos casos graves ou nos óbitos depois de notificados por dengue, o município encaminhou para o Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo, a amostra biológica da pa­ciente, que retornou dando positivo para dengue, com isolamento do vírus (Den­gue 1). O prefeito Paganini, consternado, divulgou uma nota oficial de alerta pedindo a todos o máximo empenho no combate à dengue.

Fevereiro

O mês de fevereiro regis­trou 1.213 casos da docença. Na primeira semana foram 516 casos; na segunda, 386; na terceira, 311, totalizando 1.213 casos.

 

 

A secretária municipal de Saúde, Rosa Ângela Ia­marino, concedeu nesta sexta-feira entrevista ex­clusiva ao jornal A Cidade para falar sobre o assunto:

A Cidade: Por que só agora a secretaria está reconhecendo a primeira morte por dengue?

Rosa: Porque só agora é que eu posso transmitir essa informação de forma oficial. A suspeita do médi­co era intoxicação exóge­na, não só pelos sintomas apresentados, mas pelo histórico fornecido pela própria família.

A Cidade: A família che­gou a contestar a suspeita?

Rosa: Absolutamente. Nós encaminhamos, pri­meiramente, para o IML que negativou a suspeita e por conta da notificação de dengue, buscamos o esclarecimento junto ao Instituto Adolfo Lutz.

A Cidade: Por que essas informações não foram re­passadas mesmo de forma parcial para a imprensa?

Rosa: Porque esse as­sunto é do interesse exclu­sivo da família e do Serviço Municipal de Saúde.

A Cidade: É possível perceber que parte da po­pulação está insegura com relação às informações re­ferentes à dengue, tanto no número de casos, como na ocultação da causa morte. O que você tem a dizer so­bre isso.

Rosa: Posso dizer que, por razões que não me cabe avaliar, existe pessoas desin­formadas ou maledicentes que vem tentando confundir a população. O município não tem nenhum interesse em falsear dados, de qual­quer natureza, e mesmo que quisesse, não pode­ria. Colocar dúvidas sobre o processo, sem provas, é desqualificar o serviço público.

A Cidade: O que você quer dizer com “não po­deria”?

Rosa: Antigamente, os re­gistros eram manuais, papeis eram os únicos documentos, não eram encaminhados no acontecimento. Depois, com a informática, veio a fase dos disquetes. Os dados eram registrados e os disquetes encaminhados, mas também chegavam atrasados. Hoje, todo cadastro é on line com prazo para ser registrado e deve ter documentos com­provando o registro, passo a passo. O máximo que pode ocorrer é o sistema ficar congestionado no servidor central. É bom que se diga que isso não vale só para a dengue, mas para todas as doenças e agravos de notificação compulsória.

A Cidade: Há quem afir­me que esse processo de notificação tem deficiências.

Rosa: Não sou a pessoa certa para falar sobre isso, mas sei que hoje somos todos monitorados, do nascimento ao óbito. No nascimento, os pais não registram uma criança sem um documento, emitido pelo médico, chamado Declara­ção de Nascido Vivo. É por isso que não existem mais casos onde a mãe entrega o filho para outra pessoa, pois essa pessoa não conseguirá registrar a criança sem esse documento. Entendeu? Pois bem, essa declaração tam­bém é encaminhada para a Vigilância Epidemiológica, onde somos monitorados até o óbito.

A Cidade: A população, obviamente, não tem a obri­gação de conhecer esses procedimentos, mas os médicos também desco­nhecem?

Rosa: Com certeza conhe­cem, talvez não profunda­mente, mas sabem que ao chegar o óbito à Vigilância local ou regional ou ao Minis­tério da Saúde, dependendo da causa da morte, vários procedimentos devem ser obrigatoriamente seguidos. Seja a morte por acidente ou por envenenamento ou dengue. A lista é enorme.

A Cidade: De quem é a responsabilidade pela declaração da causa morte?

Rosa: Do médico que fez o atendimento ou acompa­nhava o paciente.

A Cidade: É possível colo­car a declaração do médico em dúvida?

Rosa: Sim. Quando existe insegurança do médico ou desconfiança da família so­bre a causa morte, é possível buscar um atestado defini­tivo com legista particular ou através dos sistemas públicos como IML ou SVO.

A Cidade: O que você acha da contestação antes do atestado definitivo?

Rosa: Irresponsabilidade, principalmente, quando o caso está sendo investigado.

A Cidade: Como você viu os questionamentos recentes sobre os óbitos?

Rosa: Complicado, pois o questionamento, na prática, não era dirigido ao Hospital, à secretária ou ao prefeito, mas aos médicos que assi­naram a declaração.

A Cidade: Outros casos de óbito por dengue poderão ser confirmados?

Rosa: Temos casos em investigação e a probabili­dade é que todos eles sejam confirmados, pois tiveram dengue em algum momento, mas só podemos oficializar a informação, depois da confirmação do instituto Adolfo Lutz.

A Cidade: Em outros mu­nicípios, temos mortes por dengue?

ROSA: Das 24 mortes confirmadas no país, 17 são no estado de São Paulo. O Estado tem hoje cerca de 51 mil casos de dengue. Segundo o jornal ESTA­DÃO, suspeita-se de 46 mortes com sintomas da dengue no estado, os 17 confirmados pelo Instituto Adolfo Lutz.

A Cidade: Como está a situação da dengue em outras cidades do Estado?

Rosa: Muito compli­cada. Aliás, é bom que se saiba, que Itapira é uma das poucas cidades, se­não a única, que conti­nua fazendo exames de sorologia para detectar a dengue. Como o Ministério da Saúde preceitua, em caso de epidemia deve-se verificar o hemograma e a febre, seguida de mais dois sintomas da doen­ça. Como o Adolfo Lutz deixa de fazer o exame confirmatório em caso de epidemia, esses municípios seguem a orientação do Ministério da Saúde. Mas tem um problema muito sério, sabemos que noven­ta por cento dos casos de dengue não apresentam febre. Esses municípios podem estar com seus le­vantamentos incorretos, o que é muito ruim para os futuros planejamentos.

A Cidade: A Prefeitura está em combate feroz con­tra a dengue, mas mesmo assim os números continuam altos. A que você atribui?

Rosa: Às condições cli­máticas, ao menosprezo que parte da população tem dado ao problema permitin­do a formação de criadouros, a virulência e à capacidade de contaminação, a mais forte já registrada. É bom saber que além das nebu­lizações, os agentes com equipamento costal per­correram a cidade inteira, em algumas residências passaram até quatro vezes. Hoje, um grande problema é o Bairro do Machadinho completamente infestado. Encontramos criadouros nos bebedouros dos animais. Tivemos uma propriedade com sete focos. Assim, é muito difícil combater esse mosquito. Por enquanto, ele continua vencendo.

A Cidade: Você tem sido acusada de sonegar informações à imprensa. Procede?

Rosa: Como secretá­ria da Saúde, preciso ser transparente em todas as informações. Essa é minha responsabilidade. Ser trans­parente não é dizer o que eu acho ou o que eu ouvi falar no corredor ou o que foi apurado na primeira reunião, sem embasamento técnico, sem o resultado das investigações, sem a confirmação oficial. Eu não acredito que algumas pesso­as imaginem que eu posso falar aquilo que me der na cabeça. Eu respondo pelos meus atos. Logo, todas as informações que a muni­cipalidade tem o direito de saber sempre foram e sempre serão fornecidas de forma oficial. Não estou aqui para fazer especula­ções. Tem bastante gente que faz isso por mim.

A Cidade: Você gostaria de deixar alguma mensa­gem?

Rosa: Sim. É provável que muita gente, por ter passado por experiência familiar ou com vizinhos esteja banalizando a den­gue. Não estão procurando atendimento médico. Estão se automedicando. Isso é muito perigoso. Pode levar as pessoas à morte. Várias pessoas só procuram o atendimento quando o caso se agrava e torna o tratamento mais difícil. Por isso, peço que diante da menor suspeita procurem as UBS durante o horário comercial ou o HM à noite ou nos finais de semana. A dengue mata.

Fonte: Da Redação do PCI

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