Na última quarta-feira dois técnicos da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) estiveram na cidade para investigar as causas da turbidez da água do Ribeirão da Penha observada no dia anterior. Por conta dessa anormalidade, muitos munícipes receberam água com coloração diferenciada em suas residências, causada pela grande quantidade de sedimentos que chegaram até a estação de captação de água do SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgotos).
Ao notar a situação, o órgão teve que diminuir sua capacidade de tratamento, o que acarretou na falta d’água em alguns reservatórios da cidade e, consequentemente, em algumas residências. Como a principal suspeita era de que empresas mineradoras que trabalham com extração de areia e argila acima da captação tivessem dispensado a água repleta de sedimentos, o SAAE acionou a Cetesb para fazer vistorias e análises nestes locais. A Sama (Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente) acompanhou todo o trabalho. Conforme explicaram o secretário da pasta, José Alair de Oliveira, e o biólogo Anderson Martelli, o departamento recebeu todas as licenças ambientais dessas mineradoras, mas esse tipo de despejo é irregular. “Quando é feita a escavação para extração desses materiais sobe uma água barrenta e cheia desses sedimentos. Antes de despejar esse líquido no rio é preciso que ele passe por uma bacia de sedimentação, para que decante. Se essas normas não forem seguidas, caracteriza um procedimento irregular”, explicou Martelli. “É importante enfatizar que não foram componentes químicos que causaram as anormalidades”, complementou Oliveira.
Os técnicos da Cetesb foram até três empresas situadas no bairro rural Violanta e coletaram amostras de água que apresentavam as mesmas características da do Ribeirão da Penha. Em uma delas, a bacia apresentava sinais de recente descarga. Apesar das suspeitas, os responsáveis negaram qualquer irregularidade.
As amostras foram encaminhadas para análise na cidade de Campinas e o resultado – que pode ou não dizer se a ocorrência realmente foi realmente de responsabilidade das mineradoras – deve demorar até quinze dias. Só então a Cetesb poderá tomar as medidas cabíveis. No perímetro urbano, outras empresas do mesmo ramo também foram visitadas.
José Alair de Oliveira informou ainda que todas as atividades de extração nesses locais estão suspensas por tempo indeterminado. “Continuamos com nosso trabalho ambiental e aguardamos a chegada das chuvas para retomar os plantios, a arborização, as ações junto às escolas e o preparo do solo. Por hora, temos que aguardar. Mas continuaremos acompanhando todos os trabalhos e auxiliando em tudo o que for possível”, declarou Oliveira, que também completou dizendo que a Secretaria de Serviços Públicos já deu início à limpeza de toda a área do Ribeirão da Penha que vai da região da rodoviária até a estação de captação do SAAE.