Primeiro brasileiro a levantar a taça de campeão do mundo, em 58 na Suécia, o itapirense Hideraldo Luiz Bellini faleceu há um ano. Apesar de seu falecimento ter tido amplo destaque na mídia nacional e internacional, o fato não foi lembrado pelos grandes órgãos de imprensa do país. Pouco ou nada se falou sobre o assunto, numa clara mostra de que o brasileiro é um povo sem memória.
Bellini foi o capitão da seleção brasileira que conquistou a Taça Jules Rimet na Copa do Mundo da Suécia. Seu gesto de levantar a taça sobre a cabeça, embora casual, foi imortalizado e copiado a partir de então pelos grandes campeões.
Apesar do pouco destaque para a passagem do primeiro ano de seu falecimento, Bellini permanece entre os esportistas mais respeitados em todo o mundo. Seu feito e sua carreira correta estão perpetuados no âmbito esportivo mundial.
Segundo sua esposa Giselda Bellini, uma missa foi celebrada na Capela do Sion, no bairro de Higienópolis, na Capital paulista, onde a família reside. Será, talvez, a única lembrança de seu falecimento.
Pesquisa
Embora tenha sido acometido pelo Mal de Alzheimer, Bellini, que faleceu aos 83 anos, pode ter sido vítima de uma outra doença. Imediatamente após seu falecimento a família fez a doação de seu cérebro para que uma pesquisa mais aprofundada fosse realizada.
Em setembro do ano passado, seis meses após sua morte, um laudo foi divulgado pela equipe da USP (Universidade de São Paulo), responsável pelo estudo, revelando que o ex-jogador tinha, na verdade, ETC (Encefalopatia Traumática Crônica), também conhecida como Síndrome do Pugilista, por ter grande incidência em lutadores de boxe.O caso de Bellini, que atuou na Esportiva Itapirense, Sanjoanense, Vasco, São Paulo e Atlético-PR, além da Seleção Brasileira, foi apresentado naquela oportunidade no Congresso Internacional de Neuropatologia, no Rio de Janeiro, e levantou uma preocupação para os especialistas: as cabeçadas são prejudiciais à saúde do jogador de futebol? O tema é bastante discutido nos Estados Unidos, especialmente no futebol americano, esporte em que os choques de cabeça são ainda mais comuns.
“Nós sabemos de outros jogadores de futebol que tiveram demência ou problema de movimento no final da vida, mas a gente não sabe com certeza o que causou isso, e o caso do Bellini pode ser dito com certeza que ele sofria de Encefalopatia Traumática Crônica. O grande fator de risco, e que provavelmente causou isso, foram as cabeçadas. Ele fazia mais cabeçadas que a média dos outros jogadores do time e esse é um fator de risco”, disse Lea Grinber, neuropatologista responsável pela pesquisa do caso de Bellini na USP, na oportunidade.
Porém, o estudo ainda não foi totalmente concluído, segundo Giselda. “Vou conversar com o doutor Nitrini (Ricardo Nitrini, médico neurologista) na quarta-feira”, revelou em conversa através da rede social Facebook na quinta-feira, 19.
Bellini fez 430 jogos com a camisa do Vasco da Gama, do Rio de Janeiro e conquistou Campeonato Carioca em 52, 56 e 58; a Copa Rivadavia em 53; o Torneio Internacional de Santiago em 53; o Quadrangular Internacional do Rio de Janeiro em 53; o Triangular Internacional do Chile em 57, o Torneio Quadrangular de Lima (Peru) em 57; o Torneio de Paris (França) em 57, o Troféu Teresa Herrera (Espanha) em 57, e o Torneio Rio-São Paulo em 58. Pelo São Paulo foram 205 jogos e outros 51 pela seleção brasileira conquistando a Copa do Mundo em 58 e 62; a Copa Roca em 57 e 60; a Copa Oswaldo Cruz em 58, 61 e 62; a Taça Bernardo O’Higgins em 59, e a Copa Atlântica em 60. Participou também da Copa de 66, na Inglaterra.
Comentários, artigos e outras opiniões de colaboradores e articulistas não refletem necessariamente o pensamento do site, sendo de única e total responsabilidade de seus autores.