O professor e doutor em Educação Física, Valdir Barbanti, um dos mais fes­tejados docentes da área em todo o Brasil, influente integrante do quadro de professores da USP (Uni­versidade de São Paulo), passou pela cidade nesta semana, visitando amigos e familiares. Dono de um currículo invejável, Barbanti prestou-se nos últimos cin­co anos à execução de um projeto para o qual foi es­colhido a dedo pela reitoria da famosa universidade: a implantação da Faculdade de Educação Física no Campus de Ribeirão Preto.

De suas primeiras visitas ao terreno à conclusão do mandato de diretor - quatro anos, mas Barbanti ficou cinco exatamente devido à necessidade de um período de prospecção do projeto requisitado - no final do ano passado, o inventário de realizações assombrou até ele próprio. Pessoa que se preza por sua discrição e também por não alardear seus feitos, ele falou com muito orgulho a respeito do fato de ter deixado dois prédios concluídos, um gi­násio de esportes, que por sinal recebeu seu nome, um conjunto aquático, um campo de futebol e duas quadras descobertas. Deixou também seis turmas em andamento com cerca de 240 estudantes matricu­lados e outros 70 fazendo pós-graduação. A primeira começou o curso em 2009 e formou-se em 2013.

O gigantismo da emprei­tada pode ainda ser medido centenas de árvores planta­das no entorno do campus e de detalhes específicos no projeto de construção, como um auditório de 150 lugares preparado para re­alizar videoconferências. Ele falou com entusiasmo das placas de captação de energia solar colocadas no teto da construção e do sis­tema de captação de água da chuva de 110 mil litros, que permite sua reutilização para várias atividades.

Barbanti conta que a des­peito do projeto original ter sido realizado por grandes nomes da arquitetura liga­dos à própria universida­de, durante toda a obra ele acompanhou muito de perto a execução de cada detalhe. “A gente que é do meio tem um olhar clínico sobre como cada dependência deve ser executada e isso acabou sendo determinante para a funcionalidade de todo o conjunto”, observou. Re­velou ainda que apesar de todo caminho já percorrido, o projeto original prevê a construção de mais um pré­dio que, evidentemente, não terá sua supervisão.

Desprendimento

Questionado se não fi­cava triste pelo fato de ter que deixar para trás um trabalho tão intimista do ponto de vista profissional, o acadêmico demonstra um elevado grau de desprendi­mento. “Cumpri uma etapa de minha vida profissional, com muito zêlo, muita de­terminação e muito profis­sionalismo. Evidentemente que a gente sente um certo saudosismo, mas considero mais importante enxergar que este tipo de realização se insere dentro do fortale­cimento da própria univer­sidade enquanto instituição voltada para atender os anseios da sociedade, sem falar nos benefícios que este conjunto de obras propicia à própria comunidade de Ribeirão Preto”, analisou.

Com vários períodos de férias e licenças dos quais abriu mão no tempo em que canalizava suas ener­gias para a concretização da Faculdade de Ribeirão Preto, herdou nove meses para um merecido descanso. Com este tempo livre tem se dedicado a realizar conferên­cias e, é claro, viajar. A título de curiosidade , nem pôde comparecer à inauguração oficial do Ginásio de Esportes que leva seu nome. “Tinha agendada uma conferência em Fortaleza na mesma data. Como o convite chegou depois de eu ter agendado a minha participação, não teve jeito. Quem me conhece sabe que eu não daria uma mancada destas por nada neste mundo”, concluiu.

Com possibilidade de visitar sua cidade natal com maior regularidade, Barbanti fala sem rodeios que frequentando a USP desde 1968 como estudante, integrando seu quadro de professores desde 1972 , já pensa em aposentadoria. “É uma opção que estou examinando com bastante carinho. De repente chega a hora da gente dar uma sossegada”, insinuou.