Cercada de enorme expectativa nos meios políticos locais, será definida neste começo de semana a futura composição da Mesa Diretora da Câmara Municipal com a escolha dos cargos de presidente, vice-presidente, primeiro e segundo secretários, além dos futuros componentes das chamadas Comissões Permanentes: Comissão de Justiça e Redação; Comissão de Finanças e Orçamento, Educação, Cultura, Saúde e Assistência Social; Comissão de Obras, Serviços Públicos, Agricultura e Meio Ambiente. Existe ainda uma Comissão de Ética.
A bancada situacionista, dona do maior número de parlamentares, com sete votos, é quem deve influenciar a indicação tantos dos cargos da Mesa Diretora quanto das Comissões. Ao contrário do noticiário veiculado nas últimas semanas, o vereador Décio da Rocha Carvalho, o Zé Branco (PSB), será o candidato único da bancada governista. Aos 54 anos, exercendo seu sexto mandato – de longe o mais experiente dos 10 vereadores da atual Legislatura - Carvalho disse que vem costurando sua indicação desde primeiro de janeiro de 2013 quando foi o único dissidente do então grupo majoritário, com nove dos dez mandatos naquele dia de sessão inaugural, a apresentar candidatura a presidente e teve somente seu voto, com a consequente condução do vereador Carlos Alberto Sartori (PSDB) ao cargo.
Esta será sua quarta tentativa de se eleger presidente, sendo que, em uma delas, em 1994, acabou sendo bem sucedido e se tornou o primeiro da linha sucessória a ocupar a cadeira do prefeito, que na época era ocupada pelo prefeito José Casimiro Rodrigues.
Líder
Até a semana passada era dada como certa a candidatura do líder do governo Paganini, Maurício Cassimiro de Lima (PSDB), que era apontado como o favorito para a disputa entre os vereadores situacionistas e que poderia, inclusive, receber os votos de pelo menos dois vereadores oposicionistas.
Zé Branco disse que as pretensões do companheiro Mauricio eram legítimas e destacou a importância dele ao ser conduzido ao cargo de líder da bancada situacionista. “O Maurício vem realizando um grande trabalho. Revelou-se um líder competente e que defende sempre com clareza as propostas do governo municipal. Natural, portanto, que quisesse pleitear sua indicação para presidente”, ponderou .
Ao anunciar a retirada da candidatura à presidência da casa, o próprio líder do prefeito endossou as palavras de Décio da Rocha Carvalho, afirmando que o mais importante é que o grupo se mostre coeso. “Abri mão de ser candidato em nome da união do grupo. Qualquer que fosse o resultado, o candidato derrotado poderia sair com ranhuras e isso não nos interessa e, também, não interessa ao município. Trabalhar unidos em benefício da cidade é difícil, imagina trabalhar dividido como ocorreu no governo anterior”.
Outro ponto que pesou na decisão de Mauricio Lima foi a possibilidade de o prefeito José Natalino Paganini (PSDB) precisar dele como líder no próximo ano. “Eu sei que a decisão de continuar ou não líder é do prefeito, mas caso eleito presidente da Casa, a porta estaria fechada para essa possibilidade”. Para finalizar, Mauricio emendou: “Mas eu quero dizer, também, que pesou muito o respeito que todos nós temos para com o vereador Décio da Rocha Carvalho, da obstinação dele em ser presidente da Câmara, a experiência que ele acumulou nesses longos anos de vida pública. Tenho certeza de que ele será um excelente presidente, caso meus colegas entendam da mesma maneira e votem nele”.
Articulação
Questionados sobre o processo que conduziu ao desfecho inesperado, Zé Branco se antecipou dizendo que foi fruto de muita conversa: “Política é isso. A conversa não pode faltar. Falei do meu interesse em disputar a eleição, das propostas que tenho para melhor o trabalho legislativo e convidei o Mauricio para ocupar vice-presidência. Depois de muita conversa, chegamos à melhor solução”.
Lima colocou que foi uma decisão difícil. “Mesmo depois da decisão tomada entre nós dois, tivemos que discutir com os companheiros da bancada e depois levar para uma reunião ampliada do grupo político, onde participam os representantes dos partidos da base, o prefeito Paganini e o deputado estadual Barros Munhoz”, frisou.
Nessa hora, Zé Branco foi enfático: “tem gente que diz que esse tipo de decisão vem pronta do deputado Barros Munhoz. Eu quero dizer uma coisa e acho que o Mauricio concorda comigo, o deputado é o nosso líder, todos os políticos, de todas as esferas buscam a experiência das suas principais lideranças, não somos idiotas de ignorar a sabedoria que ele pode nos transmitir, mas isso não significa que as decisões são tomadas por ele. Nós acertamos mais, porque discutimos mais e brigamos mais. Essa conversa de que ele decide tudo é muleta de derrotado”.
Na mesma linha, Mauricio disse que decisões dessa natureza devem ser compartilhadas com o grupo e que as discussões devem ser aprofundadas, as divergências levantadas até chegar a uma posição definitiva. Ele disse que se sente orgulhoso de ter seu trabalho na liderança reconhecido por seus pares, afirmando que gosta do que faz. “Eu atuo de forma a respaldar um projeto político no qual eu acredito, pautado num governo que trabalha muito, com honestidade e transparência e vem colhendo excelentes resultados”, registrou. Sobre a participação de Munhoz nesse processo Maurício revelou que o deputado teve sim participação importante no processo quando os fez entender que o mais importante é que haja unidade entre a bancada e que não é admissível, tendo maioria, deixar que a oposição faça um representante seu chegar à presidência.
Sobre as propostas para a Câmara, caso eleito, Zé Branco foi cuidadoso: “Tenho várias propostas para melhorar o trabalho legislativo da casa, mas não quero antecipar sem antes discutir com todos os vereadores para estabelecer as prioridades”. Ele reconheceu o grande trabalho realizado pelo presidente Carlinhos Sartori. “Vocês ficarão espantados com o balanço das ações promovidas pelo Carlinhos. Ele fez uma excelente administração. Quero poder continuar o trabalho que ele começou”.
Impedimento
Na oposição, cogita-se a possibilidade do nome do vereador Marcos Paulo da Silva (PRB) colocar seu nome na disputa para o cargo de presidente. Causou estranheza o fato do médico ortopedista Rafael Donizete Lopes (PROS), 39, que desde que se tornou dissidente do grupo da situação ainda no primeiro semestre de 2013, se transformou na principal voz oposicionista na Câmara Municipal, não ter assumido esta condição. Ele explicou que por impedimento legal não poderia ser, caso eleito, presidente da Câmara e continuar atendendo no Hospital Municipal, onde é lotado. “Teria que tomar uma decisão radical, a de me sujeitar em abandonar a população atendida no Hospital Municipal, algo que não passa pela minha cabeça”, declarou.
Lopes disse que ainda está meditando a respeito de que posição irá tomar. Questionado se a movimentação lógica não seria a de externar apoio à suposta candidatura do vereador Marquinhos, ele disse que é preciso avaliar o quadro com maior profundidade. Prosseguindo, disse que seu voto será para o aspirante ao cargo que se mostrar mais competente para representar os colegas e principalmente a população itapirense de uma forma geral.
Marquinhos
Ao que tudo indica, Marcos Paulo da Silva será o único vereador a apresentar candidatura à presidência da Câmara pela oposição. Ele declarou que levará a candidatura até o fim e que procurará convencer os colegas de que ele é a melhor opção. Sobre as propostas que deverá levar aos vereadores, Marquinhos destacou a importância de investir na capacitação dos vereadores e de trabalhar para a transparência total dos atos relacionados ao poder legislativo itapirense.
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