Dentre as inúmeras arestas que infelicitam o homem, destaca--se a indolência, pela soma de males que ocasiona.
De um modo geral, somos todos mais ou menos indo¬lentes, característica própria do estágio evolutivo em que nos encontramos.
Atendemos nossas responsabilidades de serviço, seja no lar, nos estudos escolares ou nas atividades profissionais, apenas o estritamente necessário, e costumamos considerar como mais felizes as horas em que não há obrigações a cumprir e podemos buscar diversões, conversar despreocupadamente, ou, simples¬mente, não fazer nada.
Entretanto, se analisarmos nossa conduta nesses momen¬tos, verificaremos que, com raras exceções, nossos comentários tenderão para assuntos mundanos, vazios de significado, ou res¬valarão para a queixa e a maledicência, enquanto a nossa mente estará povoada por estranhos pensamentos.
É que a inatividade física e mental enseja livre curso ao mal que habita nosso coração, fruto de milenários gestos de rebeldia.
Com semelhante procedimento, não só turvamos a harmo¬nia íntima, em processo de auto envenenamento espiritual, como somos facilmente envolvidos por Espíritos interessados em nos precipitar no vício ou na perturbação.
Por isso, se alguém nos perguntar qual o melhor recurso para restabelecer ou preservar o equilíbrio, físico ou psíquico, responderemos sem hesitar:
Trabalhe e trabalhe! Não perca a bênção das horas, tesou¬ro de valor inestimável que o Senhor nos concede para edificação de nossas almas.
Revele interesse pelas tarefas que lhe foram confiadas; realize pequenos serviços no lar; escreva aos amigos; consagre-se à leitura nobre; estude as obras espíritas; consulte o Evangelho.
Integre-se no serviço do Bem, movimentando as pernas na visita ao enfermo; os braços no labor da Fraternidade; os lábios na exaltação do otimismo e da tolerância; a mente no cultivo da pre¬ce e da meditação; o coração na prática do Amor e da Caridade.
O trabalho, com perfeito equilíbrio entre suas expressões materiais e espirituais, é indispensável fator de bem-estar e ale¬gria. Considerá-lo simples obrigação, a ser adiada ou evitada sempre que possível, é favorecer o desajuste.
Muitos se entregam à apatia, forma mórbida de indolência, em virtude de acontecimentos inesperados e dolorosos ou de si¬tuações difíceis que parecem não ter fim.
A estes repetiríamos com ênfase:
Trabalhem e trabalhem!
Não parem, porque pior que a luta é deixar de lutar.
Pior que a dor é entregar-se ao desalento.
Pior que a provação é considerá-la uma desgraça.
Quem resolve parar retarda a chegada.
Quem permanece sentado atrofia as pernas.
Quem renuncia à razão arrisca-se ao desequilíbrio.
Para os que desejam o melhor, não há outra escolha que a de continuarem a jornada, sem jamais se deixarem abater pelas asperezas do caminho.
Manter a disposição para a boa luta, perseverar no serviço, revertendo em benefício do próximo todas as aquisições mate¬riais e espirituais, é despertar em nosso íntimo as potencialidades mais nobres da personalidade humana, ensejando clima propício para o desabrochar das virtudes evangélicas, último degrau de humanidade, primeiro degrau da angelitude
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