Dentre tantos outros, Luis Carlos Icassatti é mais um itapirense que foi escrever sua história lá fora, enfrentando a saudade de casa e dos familiares. Mas, ciente de que, embora a distância o separasse dos seus, a saudade e as lembranças ficariam para sempre.
O dia 22 de fevereiro de 1975 jamais será esquecido por ele. Foi quando deixou sua cidade e a família para buscar seu futuro. “É uma mudança na vida que a gente jamais esquece. Lembro-me de detalhes da partida, da comoção por parte dos familiares”, relembra. “É uma imagem, que apesar do tempo, fica muito marcado na memória”.
Depois de trabalhar como office-boy na antiga Champion Papel e Celulose, hoje International Paper, Icassatti vislumbrou o que queria para o seu futuro. “Trabalhei como office-boy, mas prazo de contrato era determinado em função da convocação ao Serviço Militar, mas via a progressão funcional das pessoas, o plano de carreira, e isso me fascinou”, relata. “Queria algo que me disponibilizasse aquilo”.
De volta a Itapira passou pela Clinica Cristália, ainda em seu começo; pela Maísa Máquinas Agrícolas, e, como encarregado de Contas Correntes, pelo Unibanco. Hoje, em Americana-SP, pode dizer que sua meta foi alcançada. “Em Americana, cidade onde moro hoje, consegui realizar, sempre ao lado de minha esposa, a satisfação profissional que ela também procurava junto comigo”, explica. “Sou industrial na área têxtil e de confecções, trabalhando na fabricação de malhas e de confecções femininas”.
Casado com Rosa Terci Icassatti, tem três filhas: Thais, Daniela e Érica, que deram ao casal três netas e dois netos. “Agora em setembro virá André, o sexto”, comemora. “É o complemento de minha união com a Rosa, que sempre destaco estar ao meu lado em todos os momentos”
A saudade de sua terra natal e de seus familiares Icassatti tenta diminuir como pode. “A saudade é grande. Sair de um convívio, apesar de ser jovem, aos 21 anos, é muito difícil. Você irá deixar uma parte do histórico de sua vida, as alegrias, as tristezas, as molecagens, que todo ser humano tem. É difícil, por isso quando tomamos essa decisão, pensamos muito. Você sai de sua cidade, conhecendo as pessoas, sendo chamado pelo nome, e mesmo a mais humilde da pessoa tem ali sua história”, conta. “Quando você chega a seu destino, por isso sempre me refiro a Santa Bárbara d’Oeste, você sente a angústia, a solidão e é aí que a saudade aperta de verdade. Mas, Graças a Deus, Santa Bárbara foi uma cidade que nos acolheu muito bem, fazendo com que aquele aperto no coração diminuísse”, agradece.
Apesar de estar fora de sua terra natal, Icassatti tem uma ligação muito forte com Itapira. “A minha família ainda está por aí”, diz. “Tenho um irmão, Antônio Carlos e duas irmãs, Izene e Rosita, e vários sobrinhos que moram aí”.
Claro que a família é tudo na vida, mas a lembrança de infância, da juventude, dos amigos, de escolas como Júlio Mesquita e IEEESO é muito grande. “Talvez tenha sido a melhor parte da vida, enquanto solteiro. Possuo grandes amigos onde moro e em outras cidades por onde passei, mas, sem dúvida, posso dizer que grandes e verdadeiros amigos estão em Itapira”, faz questão de frisar.
Apesar da distância não ser tão grande entre sua terra natal e a cidade onde reside, Icassatti confessa que tem encontrado pouco tempo para visitar quem ficou por aqui. “Costumava, semanalmente, sem falhar, estar em Itapira para rever familiares.
A saudade é um sentimento que nos impulsiona às nossas origens. É um sentimento de alegria, não de tristeza. E, como é bom revermos pessoas que amamos”, explica. “Hoje, com a atribulação do dia, a situação mudou um pouco, mas procuro sempre que posso estar em minha terra natal”.
Voltar para Itapira, apesar das raízes que criou lá fora, faz parte de seus pensamentos. “Por mais enraizado que esteja em algum outro lugar, com o carinho, o respeito e reconhecimento que se tem, a gente sempre pensa nisso. Muitas vezes, passando por alguns lugares da cidade nos passou pela cabeça a ideia construir uma pequena chácara ou algo assim, pelo menos para finais de semana, levar netos, mostrar os lugares onde o vovô cresceu, estudou, o que gostava de fazer, quais eram suas brincadeiras favoritas, seria muito bom”, sonha. “É um pensamento que sempre passa pela cabeça. Seria realmente muito interessante poder, mesmo que no final de semana, num feriadão, encontrar amigos, bater papo, relembrar nossa história”.
E encerra declarando seu amor pela terra onde nasceu. “Apesar do afastamento, de coração, amo a cidade onde nasci”, diz. “Se um dia puder voltar, será maravilhoso, se não puder, serão por fatores alheios à minha vontade”.