Quando tudo era como deveria ser, ou seja, quando tudo girava em torno da praça principal da cidade, o Carnaval era uma das festas mais esperadas do ano. Quem residia em outras cidades vinha para passar os quatro dias de folia ao lado de familiares e amigos e a cidade ficava repleta e movimentada.
Naquela época, não tão distante assim, Clube XV de Novembro, Centro Comércio e Indústria e Sociedade Operária eram as opções para quem gostava do carnaval de salão. Os clubes ficaram lotados, principalmente nas noites de domingo e terça-feira.
Os blocos carnavalescos eram as grandes atrações. As orquestras davam o tom com marchinhas, frevos e sambas e a festa só terminava quando o sol já dava as caras na Quarta-feira de Cinzas.
As matinês também eram muito concorridas e lotavam os salões. Tanto nos bailes noturnos como nas matinês havia premiação para as fantasias, blocos e foliões mais animados.
O Carnaval de Itapira foi assim um dia. Na minha infância, adolescência, juventude e até mesmo em boa parte da minha fase de adulto, era assim que funcionava.
Naquela época o Clube XV abria sua programação com o Baile do Branco, sempre na sexta-feira. O Centrão, algum tempo depois, passou a realizar o seu Baile do Havaí.
Mas era nas quatro noites de folia que os dois clubes ficavam abarrotados de gente. As orquestras davam um verdadeiro show e no final do baile da terça-feira, já com o dia clareando para anunciar a Quarta-feira de Cinzas, as duas orquestras se encontravam no meio da praça para dar continuidade ao Carnaval por mais alguns instantes.
No início dos anos 80, o Tênis Clube abriu suas portas para os bailes carnavalescos e também fez sucesso por pelo menos uma década, até que o Clube de Campo Santa Fé inaugurasse sua sede social e passasse a realizar os bailes de Carnaval.
Tudo isso já não existe mais. O tempo passou, os bailes carnavalescos agonizaram e morreram para sempre nesses locais.
Hoje, a realidade é bem outra. A praça central da cidade já não é ponto de referência para mais nada. De todos os bares, restaurantes, cinemas e clubes que existiam ao redor da praça, nada restou, nem mesmo a fonte luminosa com suas águas coloridas pelas luzes, dançando ao som da valsa. Apenas a estátua do Virgolino, em meio a penumbra desértica do restante da praça, resiste.
Restaram apenas as lembranças de quem viveu essa época dourada do Carnaval. As recordações dos blocos, das orquestras, dos bares lotados e dos quatro dias de verdadeira folia.
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