O itapirense Ângelo Mantoan com a esposa Gracy e os quatro filhos: vida corrida nos Estados Unidos, onde vive desde 99
A distância pode separar as pessoas daquilo ou de quem elas gostam, mas não impede que as lembranças encurtem qualquer espaço ou abismo. Para certas pessoas é assim que acontece, principalmente quando se trata de saudade.
Para Ângelo Mantoan, 43, tem sido assim desde os 18 anos. “Eu nasci e me criei em Itapira, sempre fui muito envolvido com atividades extracurriculares, centro acadêmicos, teatro na Casa da Cultura e outros projetos teatrais em que atuei com o Emir (Sabbag), Fiorim, Gordo Moraes e muitos outros”, explica. “Joguei vôlei pela cidade dos 11 aos 20 anos com vários técnicos como o Humberto Luchetti, o Saltarelli e o Gilvan Nogueira e sempre fui um bom carnavalesco, com motivação dos meus pais e da minha prima Rosa Candreva de Godoy”.
Aos 18 anos, porém. Ângelo Mantoan foi estudar Educação Física em Campinas, mas visitava Itapira todo final de semana. “Meus familiares são todos de Itapira, as famílias Mantoan e Nucci, eu amava Itapira, mas precisava buscar outras oportunidades educacionais”, frisa. “Em Campinas conheci e me afiliei à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e, enquanto eu estudava Educação Física, conheci uma jovem que estava cursando Medicina na Unicamp; nós namoramos e nos casamos três anos mais tarde. Durante todo esse tempo visitávamos Itapira pelo menos uma vez por mês. Minha esposa Gracy, que é de São Paulo, adorava visitar Itapira e principalmente o Parque Juca Mulato e a praça da Matriz (Bernardino de Campos), ouvir e dançar ao som da Banda Lira no coreto, ela ficava impressionada com a segurança e com a amabilidade das pessoas, isso nos anos 90”.
Em 99 o casal mudou-se para os Estados Unidos, para a cidade de Salt Lake City, onde Mantoan estudou Business e depois Enfermagem. “Eu e minha esposa temos quatro filhos com idades entre 14 e sete anos, vivemos na Califórnia há cinco anos”, conta.
Mas a saudade da terra natal também conta e a família afivelou as malas e viajou para Itapira no final do ano passado. “Voltamos a Itapira com nossos filhos pela primeira vez para o Natal em família em 2014”, diz “Foi uma grande emoção rever familiares e amigos. Só de entrar na cidade já chorei de emoção. Confesso que depois de 15 anos muitas coisas mudaram na cidade e não pude esconder a tristeza de ver os muros tão altos, as cercas elétricas, as câmeras e todas as medidas de segurança. Quando eu morava em Itapira dormíamos com as janelas abertas, os vizinhos sentavam na calçada à tardezinha para conversar. Não observei essa prática quando estive aí. Conversando com uma de nossas vizinhas, ela disse que eles não fazem mais isso devido a falta de segurança, mas entendo que esse, infelizmente, é um problema em todo o país. Me afeta um pouco mais quando vejo minha Itapira querida vivendo os desafios”.
Juventude
Sobre a saudade de seu tempo de juventude, Mantoan relata muitas passagens. “São muitas atividades que vivi quando adolescente que não vejo essa nova geração curtindo, como o Carnaval, as escolinhas de vôlei, as aulas de teatro, a discoteca no Centrão, os finais de semana badalados e seguros no Parque Juca Mulato”, lembra.
Sobre um dia voltar para a terra natal Ângelo acredita ser difícil. “Sou enfermeiro, um dos diretores sênior de uma empresa nacional nos Estados Unidos, cuidamos de pacientes com diagnósticos terminais, uma obra de amor, muito conhecimento clínico, emocional e espiritual”, explica. “Viajo do Havaí à Geórgia a trabalho. Faço o que amo e amo o que faço. Minha esposa é médica e agora estuda Phd em Saúde Pública. Temos nossas vidas estabilizadas aqui nos Estados Unidos.
Temos planos de voltar a visitar Itapira muitas vezes no futuro, tenho muitos familiares e amigos queridos e saudades dessa terra, onde o por do sol e o cheiro de chão são inigualáveis. Um povo trabalhador e acolhedor! Amo minha terra, amo meu povo!”.
Nos bons tempos do vôlei - Na fileira de trás Robertinho Samora, Adailson, Otávio, Esdras e Xandão; na fileira da frente: Richard, Biba, Tchelo, Josemar, Barbanti e Ângelo Mantoan