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Itapira, 27 de Dezembro de 2024
Artigo
01/05/2015 | Humberto Butti: Preso no alto da roda gigante

Ser criança tem suas vantagens. Não se tem compromisso a não ser com os estudos.


No meu tempo, que já vai um pouco longe, lembro muito bem, esperar por uma data festiva era algo incrível. Como o tempo custava a passar.

O Natal demorava ‘séculos’ para chegar, a Páscoa idem. Festa de Maio, então, uma eternidade.

Acredito que essa espera é que fazia com que tudo fosse mais gostoso. A Festa de Maio, por exemplo, era bem diferente do que é hoje.

Nós, crianças, não tínhamos tantas opções como atualmente, além do que a grana também era curta. Apesar disso nunca passei vontade de brincar neste ou naquele brinquedo.

As barracas de comes e bebes também eram bem diferentes das de hoje. Lembro da barraca da família Moreira, especialista em espetinho, quentão, pinhão e outras iguarias apropriadas para a época. Ficava bem em frente ao leilão instalado ao lado da igreja. A barraca do Lopes também era muito concorrida, assim como a barraca da própria igreja.

Para quem preferia os doces, ao contrário dos dias de hoje, as barracas de cocadas não tomavam conta de todos os espaços. O que mais tinha era maçã do amor, quebra-queixo e martelinho, um doce que grudava até na alma, vendido nos carrinhos de pipoca, mas que tinha um sabor muito bom.

Era um tempo bem diferente de hoje e até o clima era diferente, mais frio. Lembro que na volta da festa, já no colo do meu pai, vinha com aquele capuz, tipo aviador, na cabeça, para esquentar minhas belas e grandes orelhas.

Os tempos mudam, mas as lembranças permanecem e afloram na nossa mente quando o período da festa chega. Recordo de uma noite em que fiquei preso na roda gigante, lá no alto, porque a dita cuja parou por falta de energia. Como morria de medo de cair, fiquei duro como pedra até o brinquedo voltar a andar e tudo se normalizar.

Bons tempos que não voltam mais, que deixam saudades e aquela dor aguda na alma por representar momentos marcantes de nossa adolescência. Quem sabe um dia, numa outra ‘encadernação’, como costumo dizer, eu volte a ter a felicidade de curtir a Festa de Maio do jeitinho que ela era naqueles
 
Fonte: Humberto Butti

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