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Itapira, 26 de Dezembro de 2024
Artigo
16/01/2014 | Luiz Santos: As Marcas da Igreja de Cristo

 “...ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos" Mt 28.20.

Reconhecer onde está a verdadeira Igreja de Cristo é uma tarefa necessária e um esforço inescapável que se impõe a cada geração de novos discípulos. Os falsos mestres e os falsos pastores desde sempre rondam o rebanho de Cristo. O próprio apóstolo Paulo não escondeu isso dos de sua geração: “Sei que, depois da minha partida, lobos ferozes penetrarão no meio de vocês e não pouparão o rebanho” At 20.29. E, porque falsos mestres ensinam falsas doutrinas e falsos convertidos são gerados e ascendem ao ministério como falsos pastores, o círculo vicioso só aumenta. Assim, as feições da Igreja vão se deformando ao longo dos tempos e a sua identificação fica cada vez mais comprometida.

Contudo, muitas tentativas foram surgindo com o decorrer dos séculos para identificar a manifestação da verdadeira comunidade dos fiéis misturada ao joio. Num primeiro momento havia a identificação com a herança apostólica. As Igrejas reivindicavam para si uma filiação apostólica ou pós-apostólica. É o caso das antiquíssimas igrejas do oriente e da Igreja de Roma. Estas se reconheciam como fruto do labor apostólico de Pedro, Paulo, João, Barnabé e etc. Mais tarde com o crescimento e o surgimento de comunidades grandes e fortes que se originaram de testemunhos anônimos, esta marca verificou-se insuficiente. Na era patrística Cipriano de Cartago em meio às muitas dificuldades com os hereges donatistas e montanistas, cunhou a seguinte expressão para identificar a autêntica igreja: ‘Onde está o bispo, aí está a Igreja’.

Durante certo tempo o problema pareceu resolvido. Mas a igreja continuou se expandindo e com ela os seus desafios. Em meio à diversidade cultural, disciplinar, litúrgica e pastoral, um denominador comum foi buscado: A unidade em torno de uma Sé Apostólica, de uma instância autoritativa que satisfizesse inclusive os requisitos anteriores. Criou-se a doutrina do primado de Pedro, o ministério petrino e o ministério da unidade do bispo de Roma, mais tarde chamado de Papa.

É certo e seguro que muitas heresias e muitas delicadas questões doutrinárias, disciplinares, pastorais e de governança foram dirimidas e encaminhadas com sucesso por uma grande sucessão de homens que ocuparam a cátedra da Igreja de Roma e com alcance universal. Contudo, a falibilidade e os erros grassos cometidos por tais homens, bem como a corrupção inerente a toda instituição humana, por mais bem organizada que seja, comprometeu também este parâmetro estabelecido para se reconhecer uma Igreja autêntica, uma legítima comunidade de discípulos de Cristo.

Foi na Idade média, depois de 1.600 anos de desenvolvimento da história da Igreja que com o advento da Reforma chegou-se à convicção das marcas mínimas e irrenunciáveis pelas quais uma Igreja pode ser tida, sem sombra de dúvidas, como uma igreja mais ‘pura’, como no entendimento Reformado ou ‘verdadeira’ como no entendimento Protestante mais geral. E estas marcas não se desgastam com o tempo e o suceder das gerações uma vez que elas são inerentes à natureza mesma da Igreja. Contudo, elas correm sempre o perigo de perder a primazia em face da própria miséria e pecaminosidade dos filhos da Igreja. Daí a importância do lema distintivo da Reforma: ‘Igreja Reformada, sempre carecendo de Reforma.’ E quais são estas marcas que distinguem a verdadeira Igreja?

1. A Reta exposição das Escrituras. Isto é, a pregação pura da Palavra de Deus sem a mediação da Tradição ou de um Magistério Eclesiástico. A pregação e o ensino das Escrituras pelas Escrituras, comparando-o com as Escrituras na dependência do Espírito Santo. É dar à pregação e ao ensino das Escrituras o lugar de destaque, de primazia e fazer dela a instância última em matéria de fé, moral e doutrina. Lógico, nós protestantes não ignoramos e não desprezamos as contribuições teológicas, exegéticas, litúrgicas e etc. dos pais da Igreja e dos grandes doutores. Apenas não as consideramos com igual importância às Escrituras e sempre subordinamos e passamos pelo crivo da Bíblia o que eles ensinaram.

2. A correta celebração dos sacramentos claramente ordenados pelo Senhor Jesus: O batismo para a remissão dos pecados e a Ceia do Senhor como memorial e proclamação de sua paixão, morte, ressurreição enquanto aguardamos a sua volta gloriosa.

3. A última marca é a celebração ou ministração da disciplina, isto é, a amorosa vigilância e a compadecida correção fraterna para que o pecado não ocupe lugar em nossas vidas e assim destruam a comunhão, o amor e o zeloso serviço que devemos prestar ao mundo. Ore e zele para que em nossa Igreja estas marcas sejam cada vez mais visíveis. Oremos para que todas as Igrejas evangélicas se comprometam com estas marcas.

No zelo santo do Senhor,

Rev. Luiz Fernando

Pastor Mestre da Igreja Presbiteriana Central de Itapira

Fonte: Luiz Santos

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