“Casa de Deus que é a Igreja do Deus vivo, coluna e fundamento da verdade.” (1Tm 3.15).
A Igreja foi estabelecida por Cristo para ser a coluna e o fundamento da Verdade. Esta afirmação não é muito simpática em nossos dias. Nossa cultura plural e relativista não suporta ouvir algo semelhante. É politicamente incorreto defender absolutos onde cada um tem a sua verdade, onde cada um postula para si uma moral e uma ética que acomode bem em sua vida, segundo a lógica do conveniente. Todavia, nada disso muda o fato de que a Igreja é a coluna e o sustentáculo da verdade, quer compreendam ou não os próprios crentes, quer aceitem ou não os homens e mulheres que estão fora dela.
Contudo, a Verdade que a Igreja sustenta não é arrogante, orgulhosa, mesquinha e prepotente, longe disso. Antes, é uma verdade libertadora, amorosa, graciosa e cheia de vida. Esta Verdade é a pessoa do Senhor Jesus Cristo, seu Evangelho e seu Reino de paz. É uma Verdade que deve ser apresentada e defendida no mundo não por meio da força ou violência. Não por meio da imposição nem por meio de ostensiva propaganda ou pela oferta de vantagens e benefícios. A Verdade que está na missão da Igreja deve ser comunicada por meio do serviço desinteressado, gratuito e amoroso. Serviço em defesa da vida e da dignidade humana em todas as suas etapas. Defesa da vida que compreende desde o feto em gestação até o ancião no entardecer da existência.
Esta Verdade deve ser divulgada pelo anúncio integral do Evangelho sob a pregação e a vivência de uma ética pautada pelos valores inegociáveis do Reino, como a equidade, a justiça, a paz, os direitos fundamentais da pessoa e etc.
A Igreja não pode acomodar-se aos simples atos da religião e do culto. Não pode ensimesmar-se e acomodar-se apenas na repetição, transmissão e defesa de conceitos e doutrinas. Não obstante o valor destas coisas, ela é coluna da Verdade quando exerce o seu múnus profético no tempo e na sociedade onde está inserida. Ali, deve denunciar sem medo o pecado e as estruturas de pecado que geram sofrimento, dor, alienação, marginalização e morte do homem, imagem e semelhança de Deus. Ali, deverá anunciar o juízo do Senhor sobre toda iniquidade e mentira e convocar a todos para que endireitem as suas veredas. Deverá proclamar a esperança do Reino e a sua concretização em forma de “já e ainda não” por meio de ações concretas, de compromissos concretos com a transformação do ambiente onde está plantada.
Uma Igreja não será útil nas mãos de Deus e nem poderá cumprir bem a sua missão de sustentar a Verdade se não estiver em compasso com a história. 138 anos depois, a IPCI não pode contentar-se em viver da “renda” de seu passado. Deve inclinar seus ouvidos para aquilo que o Espírito fala à Igreja. Deve olhar para o mundo e descobrir como o Espírito Santo tem agido nele.
Em tempos de Economia Verde, Sustentabilidade, Meio Ambiente, a Igreja não pode furtar-se à sua responsabilidade em contribuir a partir do Mandato Cultural recebido ainda nos dias do Éden. Deverá promover ações concretas e educativas nesta relação com o Planeta.
Em tempos de eleições municipais também não podemos seguir a lógica dos partidos políticos e dos candidatos. Não devemos pensar em termos de conveniência ou de vantagens. Também não prestamos culto à personalidade. Nossa missão é de conscientizar e orientar para que as escolhas sejam mais criteriosas. Não é indicar candidatos, mas delinear um perfil que seja compatível com a função de homem público e com suas exigências éticas. Em tempos de política nosso dever é exigir que o debate político seja de ideias e não de pessoas. Que o confronto seja de projetos e propostas e não simplesmente de grupos e facções.
Em dias em que as drogas e o álcool destroem famílias inteiras e ceifam a vida de centenas de milhares de jovens e só faz aumentar a violência, a Igreja não pode fazer-se indiferente. Deve usar de todos os meios ao seu alcance, inclusive o Evangelho que é o Poder de Deus para a Salvação, para libertar os que estão cativos da dependência química e para educar e prevenir àqueles que todos os dias são abordados por traficantes e falsos amigos.
A IPCI não poderá comemorar dignamente os seus 138 anos se não estiver reconciliada com o seu presente e nele atuando de maneira profética, jamais renunciando a sua missão de sustentar a Verdade que Liberta a todos: Jesus Cristo!
Parabéns à Igreja Presbiteriana Central de Itapira.
Reverendo Luiz Fernando
Pastor Mestre da IPCI
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