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Itapira, 26 de Dezembro de 2024
Artigo
06/06/2018 | Luiz Santos: O fator Jesus

Os números apresentados no VIII Congresso Brasileiro de Missões sobre o envolvimento da igreja no Brasil são animadores até certo ponto. Salvo melhor juízo, a Igreja brasileira conta com cerca de quinze mil missionários transculturais. É um número significativo e por essas vidas e igrejas envolvidas, dificilmente poderíamos exagerar em ações de graças. Contudo, os números também revelam um déficit missionário, um déficit de engajamento afetivo e efetivo por parte de muitas igrejas na obra. Talvez, nunca tenhamos testemunhado um movimento de missões no Brasil como nos últimos anos. São congressos e mais congressos, de qualidade e nível altíssimos com representantes dos mais importantes no cenário nacional e internacional. Também muitas igrejas realizam as suas conferências missionárias e outras tantas possuem um interessante ministério de missões. Sem falar dos cursos e centros de treinamentos espalhados por esse país. De fato, em vista deste déficit missionário, precisamos mobilizar as nossas igrejas e despertar nos corações crentes a chama viva das missões, o desejo do compromisso responsável, apaixonado e duradouro. Existem muitas e louváveis estratégias para isso. Apresentar dados dos campos missionários, testemunhos, demandas humanitárias e gráficos com resultados tem o seu valor. Trazer missionários experientes para falar à comunidade e despertar nos jovens o desejo de partir para essa “aventura” também tem se provado muito eficaz ao longo do tempo. Entretanto, não há nada mais poderoso para mobilizar a igreja para o envolvimento com missões e levantar vocações entusiasmadas e capazes do que pregar o Evangelho. A pregação genuína do Evangelho é o que realmente põe a roda das missões a girar na igreja. As missões nascem quando a excelsa beleza de Cristo, sua obra maravilhosa, seu Evangelho da Graça, suas promessas são apresentadas com desassombro e poder diante dos fiéis. Quando Cristo passa a ser o bem mais precioso de uma igreja e dos crentes, quando Ele é sumamente amado pela igreja e os crentes se vêm apaixonados por Jesus, segui-lo, obedecê-lo, participar da obra dele e proclamá-lo ao mundo é uma consequência inevitável. Quando isso acontece, os outros métodos e expedientes citados acima são bons, preciosos auxiliares para informar, dar direção e preparar a igreja e os missionários para onde e como devem ir. Falar de Missões o tempo como tema único de nossa pregação e de nosso ensino pode ser um tiro pela culatra. Na verdade, a igreja pode sentir-se saturada do assunto, acostumada com o tema e insensível com a realidade e a obra das missões. Mas, quando Cristo é apresentado em sua glória, quando as Sagradas Escrituras são lidas e ensinadas como uma narrativa coerente e consistente, como uma única história, um único drama, a igreja é levada a entender que Missão é o que Deus está fazendo o tempo todo. A consequência disso é que ela se vê dentro desse drama, como parte e resultado dessa história que narra a iniciativa missionária de Deus em buscar o homem caído no paraíso. Quando as Escrituras são expostas com fidelidade, inteligência e na dependência do Espírito Santo, a igreja enxerga Cristo sendo anunciado, esperado e desejado em cada parte da Bíblia como o único meio providenciado por Deus para a cura das nações. A Igreja reconhece que o “filho da mulher” em Gn 3.15, que a “bênção de Abraão” (Gn 12), que “os sacrifícios mosaicos e o próprio tabernáculo” (Nm 7; Ap 21.3), que o “Príncipe da Paz” (Is 9.6), que o “desejado das Nações” (Ag 2.6-9), não é outro senão Cristo, o “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Ap 19.16), “o que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29), o “que há de vir para julgar os vivos e mortos” (At 10.42) e que o seu “Reino não terá fim” (Lc 1.33). Quando a Igreja acolhe esse Evangelho irresistivelmente será levada a comprometer-se, a engajar-se com a obra de proclamação dessa Boa Nova ao mundo. Lançará mão de todos os meios lícitos, compatíveis com a natureza do Evangelho e transformará as suas estruturas, a sua administração dos recursos e a sua força de trabalho em instrumentos de obediência missionária. Haverá grande despertamento para a oração, pessoal e comunitária. O Espírito conduzirá à comunidade de fé a um louvor mais vivo e espiritual. As Escrituras serão grandemente apreciadas, o discipulado será radical, os pobres serão atendidos, a igreja será criativa e comprometida com o seu contexto. A partir daqui missões não será mais uma questão de opção, opinião ou preferência para a Igreja. Não será uma pauta na agenda sempre concorrida da igreja e nem um programa. Missões será a sua própria natureza, a maneira como (a igreja) compreende, o jeito de ser comunidade de Jesus Cristo no mundo.

Rev. Luiz Fernando é Ministro da Palavra na Igreja Presbiteriana Central de Itapira, professor de Teologia no Seminário Presbiteriano do Sul, Seminário Teológico Servo de Cristo e Movimento Perspectivas.

Fonte: Luiz Santos

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