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Itapira, 26 de Dezembro de 2024
Artigo
06/07/2022 | Luiz Santos: O ministério de contribuir

E Deus é poderoso para fazer que lhes seja acrescentada toda a graça, para que em todas as coisas, em todo o tempo, tendo tudo o que é necessário, vocês transbordem em toda boa obra. Como está escrito: ‘Distribuiu, deu os seus bens aos necessitados; a sua justiça dura para sempre’. Aquele que supre a semente ao que semeia e o pão ao que come, também lhes suprirá e aumentará a semente e fará crescer os frutos da sua justiça” (2 Co 9. 8-10).

Contribuir é mais que um dom ou um gesto de generosidade e largueza do coração. Contribuir é também um ministério. E, como todo ministério, além de uma chamada especial com ornamento espiritual, é um ofício que deve ser assumido com responsabilidade, regularidade e disciplina. Veja que Paulo lista a contribuição entre os dons espirituais e ministeriais: “Temos diferentes dons, de acordo com a graça que nos foi dada. Se alguém tem o dom de profetizar, use-o na proporção da sua fé. Se o seu dom é servir, sirva; se é ensinar, ensine; se é dar ânimo, que assim faça; se é contribuir, que contribua generosamente; se é exercer liderança, que a exerça com zelo; se é mostrar misericórdia, que o faça com alegria” (Rm 12.6-8 NVI). Todo dom precisa ser habilitado e todo ministério precisa ser treinado. Além do que, todo chamado supõe uma provisão específica da graça de Deus. No que diz respeito a habilitação, o processo de discipulado deve levar os crentes a entender e a praticar a mordomia responsável dos talentos recebidos da parte do Senhor. É no discipulado bíblico que se aprende a administrar os recursos pessoais e familiares tendo em vista o Reino de Deus e a sua expansão, a glória de Deus e a sua proclamação no mundo. Saber usar o dinheiro, a renda pessoal e familiar dentro de um orçamento que contempla a contribuição para as missões, é o mesmo que fazer o mais seguro dos investimentos, aquele que é rentável aqui e na eternidade. Trata-se de um convencimento da mente pelo conhecimento das Escrituras e espiritual, aquele realizado pelo Espírito do Senhor, o doador de toda dádiva. O treinamento desse ministério tem a ver com a prática constante e responsável com base na seguinte regra bíblica: “Lembrem-se: aquele que semeia pouco, também colherá pouco, e aquele que semeia com fartura, também colherá fartamente. Cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria” (2 Co 9.6,7). A prática deve repousar no privilégio e no gozo de poder contribuir. Tem a ver com gratidão por saber-se alvo das misericórdias e das providências do Eterno. Os que se sentem sob os paternais cuidados do Pai se sentirão felizes em compartilhar com os seus irmãos as dádivas recebidas. E, mais que isso, desejarão aplicar parte dessas dádivas como parceiros de Deus na obra que Ele realiza no mundo por meio de sua igreja. O testemunho dos apóstolos já nos seria mais que suficiente de que essa prática de investir de maneira consciente, generosa e previamente preparada é bíblica e faz parte da igreja desde sempre. Entretanto, temos um testemunho muito superior, o próprio Senhor Jesus realizou o seu ministério terreno sob os auspícios de generosas e abençoadas ofertas:Depois disso Jesus ia passando pelas cidades e povoados proclamando as boas novas do Reino de Deus. Os Doze estavam com ele, e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e doenças: Maria, chamada Madalena, de quem haviam saído sete demônios; Joana, mulher de Cuza, administrador da casa de Herodes; Susana e muitas outras. Essas mulheres ajudavam a sustentá-los com os seus bens” (Lc 8.1-3). Tudo isso para dizer que nesse mês de julho teremos o privilégio de contribuir para o sustento da obra missionária que acontece nos quatro cantos do mundo. Em cada reunião solene, no momento do ofertório, os irmãos sem qualquer constrangimento, a não ser aquele do amor: “Pois o amor de Cristo nos constrange” (2 Co 5.14), tocados pela graça do Senhor, poderão ofertar para o sustento da pregação do Evangelho e dos mais variados serviços em nome de Cristo que levam a justiça e a misericórdia a muitas vidas. Fazer dessa contribuição um ministério regular é o grande desafio da igreja local. Infelizmente, por uma deficiência no discipulado, mormente o que oferecemos para as missões é o que sobra ou o que se é arrecadado esporadicamente em gestos esparsos de generosidade. Assim como as missões são realizadas todos os dias, através de gente de carne e osso que precisa morar, comer, se locomover, cuidar da saúde, comprar material de estudo e para o ministério, a contribuição deveria ser igualmente ‘diária’, deveria fazer parte do orçamento ordinário da igreja e não como um apêndice, uma emenda, mas deveria ser estipulado entre os mais importantes investimentos, tais como, as côngruas pastorais, a manutenção do culto (inclui-se água, luz etc.), a educação cristã (o discipulado) e o socorro local dos pobres e plantação de novas igrejas. As sociedades internas, as programações ‘ad intra’ e outros, esses sim, deveriam ou caminhar com as próprias pernas ou ficar com uma parte mais modesta da arrecadação. Assim, encerro essa pastoral desafiando a liderança da comunidade, bem como os membros a amadurecer a ideia e a formar uma robusta consciência de que é preciso pensar a contribuição e a administração dos recursos tendo em vista o que Deus está fazendo no mundo a partir da igreja local. Nossa contribuição deve levar em conta os confins da terra e não os contornos dos nossos muros.

Reverendo Luiz Fernando Dos Santos é Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil, Coordenador do Departamento de Teologia Pastoral do Seminário Presbiteriano do Sul e professor de Teologia Pastoral, Teologia Sistemática e Missões Transculturais. É Consultor do Movimento Perspectivas no Ministério de Serviço à Igreja Global e professor de História das Missões no Seminário Teológico Servo de Cristo – SP.

Fonte: Luiz Santos

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