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Itapira, 26 de Dezembro de 2024
Artigo
08/07/2014 | Luiz Santos: Parece, mas não é!

 Admiro-me de que vocês estejam abandonando tão rapidamente aquele que os chamou pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho que, na realidade, não é o evangelho” (Gl 1.6-7).

Quem tem mais de quarenta anos de idade, com toda a certeza, se lembra da frase que dá o título a esta pastoral. Ela era dita em um comercial para a televisão de um xampu denominado “Denorex”. Aliás, a expressão ou gíria “denorex” foi usada bastante tempo, era igual a dizer que algo era fajuto, falso, cópia ruim e etc. Pois é, infelizmente é possível acrescentar ou tirar alguma coisa do Evangelho que o faz parecer Evangelho, mas não é. Parece estar tudo lá, as Escrituras, as promessas, os milagres, os mandamentos, a moralidade e algumas aparições e manifestações de Jesus Cristo e do Espírito Santo. Mas às vezes, o que há é a semelhança ao Evangelho, mas não o puro e verdadeiro Evangelho.

Não é difícil adulterar as Boas Novas do Reino, na verdade, nascemos programados para isso. Nascemos com o Know - How de como fazer esta falsificação. Nosso coração depravado e inimigo de Deus já nasce predisposto à rebeldia e ao ódio. Aqui começa o nosso problema com as falsificações do Evangelho. Há muitos que ensinam que tornar-se um cristão é na verdade um aprimoramento das virtudes já existentes na vida. É mais ou menos afirmar que um homem é honesto, bom, caridoso, bom pai de família, bom marido, respeitoso e respeitável, então, o que lhe falta é apenas o Evangelho. É a cereja do bolo. Ele já merece o céu e a bênção pelo modo como conduz a sua vida, só lhe falta introduzir a religião do Evangelho em sua jornada de vida. Ledo engano. Mentira diabólica.

Há os que ensinam que tudo que o Evangelho significa é uma mudança de comportamento. É a firme resolução humana de abandonar hábitos mundanos, vícios e passar a cultivar uma certa moralidade. Por si só estas coisas já são boas, reconheço isso, mas, ainda não é o Evangelho. Há ainda os que transformam o Evangelho numa espécie de um mundo mágico, uma espécie de realidade paralela onde tudo acontece com a invocação de poder e a utilização de certos dons e poderes especiais que capacitam o homem para o sucesso e a prosperidade. Outro engano. Mais uma mentira. Parece Evangelho, mas não é. Se você retira a Cruz do centro da mensagem já não há mais como encontrar a Cristo. Sem Cruz, sem Cristo, sem Evangelho. Se você introduz qualquer outra coisa, uma espécie de “plus”, algo além da suficiência de Cristo, como a moralidade, o comportamento, a resolução da vontade ou revelações ou manipulação de poderes quase mágicos, o que você fabrica é um Evangelho impuro e espúrio.

Então, do que se trata o Evangelho? O que é o Evangelho? É aquilo que Cristo fez na cruz em obediência à vontade de seu Pai para salvar pecadores imundos. Ninguém tem direito à Graça, à bênção, à misericórdia e à salvação. E mais, na verdade o homem deixado a si mesmo sequer deseja Deus e fazer a sua vontade, por melhor que ele possa parecer: “a mentalidade da carne é inimiga de Deus porque não se submete à lei de Deus, nem pode fazê-lo” (Rm 8.7). Vejam o que as Escrituras afirmam, “nem pode fazê-lo”. Não é só que o homem natural não queira, ele não quer mesmo, mas ainda que desejasse algo de Deus, não o poderia.

O Evangelho genuíno é aquele que aponta para a imensa Graça, a imensurável Graça de Deus que em Cristo ama, salva e resgata quem não pode oferecer nada em troca, que não merece coisa alguma, quem não possui coisa alguma em seu currículo que justifique tamanho amor. É infinitamente desproporcional e ilógico o Evangelho que tem a cruz como centro, é um insulto à inteligência e ao orgulho humano. Pois o preço, o sangue de Cristo é preciosíssimo e a mercadoria comprada (eu, você, os salvos), não valíamos nada: “Somos como o impuro — todos nós! Todos os nossos atos de justiça são como trapo imundo. Murchamos como folhas, e como o vento as nossas iniquidades nos levam para longe” (Is 64.6).

Nosso coração depravado nos leva a crer que Deus nos deve algo, que ele nos deve misericórdia, que ele nos deve bênçãos. Mas o problema é que Ele não nos deve nada. Nós é que antes da salvação tínhamos uma dívida impagável que foi quitada na Cruz e assim fomos reconciliados com Deus, justificados na retidão de Cristo. É a justiça de Cristo que justifica a nossa salvação e não algo que Deus possa encontrar em nós. Nem fé, nem boas obras, nem caridade. Na verdade, a fé é o resultado da Graça, da salvação. As boas obras são a inevitável consequência de sermos transformados em nossa natureza pecaminosa em santos. E o amor, passa a ser um mandamento, um serviço e nossa credencial de identificação com Cristo, como filhos de Deus.

O verdadeiro Evangelho exalta a Cristo, exalta a Deus e coloca o homem em seu devido lugar. De fato, uma vez que fomos resgatados por Cristo, lavados e purificados em seu sangue e recebemos fé e capacidade para crer e iluminação suficiente para entender as Escrituras, nosso padrão Moral e Ético sofrem drástica mudança. Todas as áreas de nossa vida são afetadas pela presença do Espírito Santo e pela reforma de nossas vidas à luz do Evangelho. Todavia, há algo mais. O genuíno Evangelho ensina que tribulações, injúrias, perseguições, sofrimentos são o selo de autenticidade da mensagem. Se sua vida é um “mar de rosas” depois que você “virou” evangélico, acho que foi só isso mesmo que aconteceu, você mudou de religião ou Igreja, mas não teve a sua natureza transformada pelo Evangelho da Graça! Ainda não há Evangelho em sua vida.

Reverendo Luiz Fernando

É Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil em Itapira

Fonte: Luiz Santos

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