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Itapira, 26 de Dezembro de 2024
Artigo
18/08/2020 | Luiz Santos: Replantando a Igreja

"Assim diz o Soberano Senhor: Eu mesmo apanharei um broto bem do alto de um cedro e o plantarei; arrancarei um renovo tenro de seus ramos mais altos e o plantarei num monte alto e imponente. Nos montes altos de Israel eu o plantarei; ele produzirá galhos e dará fruto e se tornará um cedro viçoso. Pássaros de todo tipo se aninharão nele; encontrarão abrigo à sombra de seus galhos. Todas as árvores do campo saberão que eu, o Senhor, faço cair a árvore alta e faço crescer bem alto a árvore baixa. Eu resseco a árvore verde e faço florescer a árvore seca.  ‘Eu o Senhor falei, e eu o farei." 

(Ezequiel 17.22-24).

Você certamente lerá muitos artigos, ensaios e estudos a respeito deste assunto. Você verá que assim como acontece com bares, restaurantes e casas noturnas, pode ser que as igrejas voltem a ficar abarrotadas de gente, assim que as pessoas se sentirem seguras, ainda que esta sensação se funde apenas no psicológico saturado do distanciamento social. Entretanto, os efeitos desse distanciamento e da suspensão dos trabalhos presenciais serão sentidos sem dúvida alguma em nossas comunidades. A Bíblia ensina que em dias de arrefecimento do fervor religioso, na falta de um culto zeloso e conforme a Palavra, na ausência de pregadores e mestres que ensinassem a Lei, não demorou muito e Israel se esqueceu de Deus e de seu peculiar relacionamento com Ele. Até mesmo as festas do calendário litúrgico e civil foram esquecidas, como atestam os livros que narram a reforma religiosa antes do exílio (2 Rs, p.ex) e os livros que narram a restauração de Jerusalém, pós-exílio (Ne e Ed, p. ex.).  Israel, de certa maneira, acostumou-se com uma vida sem a rotina da devoção, do ajuntamento solene e da vida identificada como povo de Deus no mundo. Passaram a usar o “Dia do Senhor” como usavam as nações pagãs em seu redor, isto é, para correrem atrás de seus próprios interesses. Não duvide, apesar das maravilhosas tecnologias à nossa disposição, mais uma patente demonstração da providência de Deus, muitas transmissões, salas virtuais e videoconferências já começam a esvaziar-se. Uma sensação de saturação, uma espécie de ressaca ou mesmo overdose de realidade religiosa virtual já pode ser sentida em todo canto. Sem moralismo ou julgamento, apenas para constatar, dê uma olhada nas redes sociais de nossos irmãos, estão cheias de registros de passeios incríveis, paisagens deslumbrantes e momentos, por certo, agradabilíssimos. Esses passeios, mormente são realizados nas manhãs de domingo, aquelas que outrora eram consagradas à Escola Dominical, ao culto da manhã e à convivência com os irmãos. Poucos são os que conservaram e transferiram o hábito para o ambiente virtual. A vida concreta gritou mais alto. Mesmo as transmissões online dos cultos cumprem mais um papel de registro e para o consumo em hora mais conveniente, do que aquele, costumeiro quando dos cultos presenciais. Corremos o sério de risco de que boa parte dos nossos amados irmãos se desacostumem daquela ‘rotina’ espiritual. Não há razões para duvidar que mesmo alguns não conseguirão voltar e não será por medo da pandemia, mas porque fizeram a experiência de que de fato, não sentiram falta, talvez no começo, mas depois, conseguiram substituir e até ‘sublimar’ aquelas sensações boas da religião com o lazer, o esporte e outras atividades que pareciam demandas reprimidas por causa dos compromissos eclesiais. Também não podemos menosprezar a força (a tentação) dos cultos online. Uma geração se acostumará com o fato de ter o mesmo acesso a Deus e a comunidade no conforto e na segurança do seu lar e o que é “melhor”, poderão controlar quando irão adorar, que partes do culto desejarão acompanhar e até poderão controlar o pregador. Coisas todas impossíveis no culto presencial, pelo menos do ponto de vista dos demais presentes no recinto. Quanto mais demoramos o retorno (e estamos fazendo pelas razões corretas), mais pagaremos o preço deste distanciamento. Por isso mesmo, não podemos ter qualquer ilusão a respeito do que será depois. Desde agora precisamos encarar o fato de que sob muitas circunstâncias o nosso dever pós-pandemia é o de “replantar a Igreja”. A plantinha está ali, mas a terra ficou ressequida em volta, os dias foram de uma sequidão calcinante e inclemente, as raízes não conseguiram sugar todo o nutriente necessário e apesar dela resistir e ainda dar frutos aqui e ali, o seu estado geral merece atenção. E muito embora o dono da plantinha seja poderoso, ele confiou o trabalho de seus cuidados aos seus ‘jardineiros’, a saber, pastores docentes e regentes. Caberá a nós, com sensibilidade, sabedoria, zelo e amor, ‘remover’ a plantinha, afofar a terra, adubá-la, sulcá-la e depositar a plantinha de novo na terra. Deveremos zelar por ela, regando, protegendo do sol escaldante, espantando as ervas daninhas e as pragas que em suas folhas se instalam e que prejudicam os frutos. E, quais ferramentas deveremos usar para esse fim? 1. A oração. Precisamos pedir a Deus que derrame um espírito de oração sobre a Igreja. Precisamos despertar pelo exemplo, um movimento de oração na Igreja. A prova de que somos fracos na arte, no privilégio e no dever de orar sem cessar, é que as nossas salas de oração virtual continuam tão vazias, como as presenciais antes da pandemia. 2. A Pregação. Nada fortalece mais a Igreja e nada mais comunica poderosos nutrientes para que a fruição seja abundante e os frutos de qualidade do que a pregação experiencial e doutrinária das Escrituras. É nosso dever provocar na Igreja o desejo de ouvir a Palavra, de experimentar o trabalho do Espírito atrelado à pregação e crescer no conhecimento e saborear as maravilhosas doutrinas da graça, causa de nosso conforto e da nossa segurança. Onde não há pregação consistente, sistemática e desejada, não há que se ter nenhuma real esperança para a Igreja. 3. O Amor. Relacionamentos marcados pelo amor, demonstrações intencionais de amor são imprescindíveis para ‘seduzir’, cativar, atrair, chamar de volta os errantes. Não deixar ninguém para trás, se interessar por todos, demostrar o quanto são apreciados e socorrer a todos que necessitam, é o perfume das flores que a plantinha exala. Perfume de Cristo que a todos embriaga e que a todos faz desejar e sentir-se comunidade e anelar mais dos benefícios dessa plantinha, chamada Igreja.

Reverendo Luiz Fernando é um dos jardineiros de Deus na Igreja Presbiteriana Central de Itapira

Fonte: Luiz Santos

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