Muita gente afirma que fumar é um hábito e não um vício. No entanto, diversas pesquisas apontam o contrário. Hoje o tabagismo é considerado uma doença crônica e está inserida na CID (Classificação Internacional de Doenças).
A grande vilã do vício é a nicotina. Ela consegue se ligar a receptores específicos no cérebro, que liberam substâncias associadas à sensação de prazer. Quando uma pessoa fuma, esse mecanismo é acionado, provocando uma sensação de bem-estar. É por isso que apenas um cigarro é o suficiente para amenizar sintomas de ansiedade e depressão – e é isso também que faz com que as pessoas queiram fumar cada vez mais, em busca dessa sensação de prazer.
“A nicotina é a substância que causa a dependência química do fumante, sendo considerada uma droga psicoestimulante, com efeitos semelhantes à cocaína e heroína, liberando substâncias estimulantes no cérebro que levam à sensação prazerosa e euforia. Uma vez aspirada, atinge níveis mais elevados mais rapidamente no cérebro do que se injetada, em torno de sete a 19 segundos, o que leva em média a 200 impactos de nicotina por dia no cérebro de pessoas que fumam um maço diariamente. Nenhuma outra droga oferece tamanha estimulação neurológica”, afirma Pimenta.
Quando uma pessoa fuma regularmente, o organismo desenvolve uma necessidade de nicotina. Ou seja, se não ingerir a substância, ela pode ter sintomas de abstinência, como cansaço, irritação, nervosismo, ansiedade, tristeza, depressão, fome e uma vontade incontrolável de fumar.
Parar de fumar
Parar de fumar não é uma tarefa fácil. Uma pesquisa realizada pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) em 2013 mostrou que nove em cada dez fumantes gostariam de largar o cigarro, sendo que e a maioria (63%) já tentou fazê-lo, sem sucesso. Tentar deixar o vício sozinho é ainda mais complicado: apenas 3% a 5% conseguem realmente largar o vício.
A tarefa é difícil, mas não é impossível. E existe uma verdadeira força-tarefa para ajudar na missão de largar o cigarro, que inclui grupos de ajuda, apoio psicológico e medicamentos. Mas os especialistas alertam que tomar medicamentos ou começar a usar adesivos e chicletes de nicotina por conta própria não são o melhor caminho. Para que eles tenham bons resultados, esses medicamentos precisam ser usados corretamente e, para isso, é preciso a orientação de um médico especializado.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atendimento gratuito ao fumante. Em 2012, cerca de 2,3 mil unidades credenciadas ao SUS ofereceriam tratamento em mais de mil municípios nos 26 estados e no Distrito Federal. Em São Paulo, apenas seis - os Centros de Referência em Abordagem e Tratamento do Fumante - fornecem medicamentos gratuitamente (como adesivos e chicletes de nicotina e, nos casos em que o paciente apresenta alto grau de dependência, antidepressivos à base de bupropiona).
Parar de fumar pode ser complicado, mas vale a pena. Os benefícios são praticamente imediatos: em apenas um dia sem fumar, não há mais nicotina circulando no sangue, e a pressão, a pulsação e o nível de oxigênio no sangue voltam ao normal. No dia seguinte, o paladar ganha sensibilidade novamente. Se você conseguir resistir por três semanas, a respiração fica mais fácil e a circulação sanguínea melhora. Se a decisão for definitiva, as chances de desenvolver câncer ou ter um infarto se reduzem significativamente em cinco a 10 anos.
Parar de fumar em qualquer idade reduz riscos de doenças e de mortalidade. Estes riscos ficam tanto menores quanto mais cedo as pessoas param de fumar. Mas mesmo fumantes de longa data são beneficiados quando abandonam o vício.
Fonte: UOL Saúde