Após a divulgação do resultado final, a professora Valdirene Brandão, de Mogi Guaçu, que atua na rede pública de ensino itapirense fez uma publicação nas redes sociais questionando os critérios de julgamento das obras inscritas. “A 34º Semana Juca Mulato na cidade de Itapira deixou a desejar. A começar pelo corpo de jurados que julgou as obras por meros ‘achismos’ e uma aluna classificada tem mãe e irmã como juradas (depois ouço discurso que não houve nepotismo). Eu, professora de Artes da rede municipal de Itapira e Mogi Mirim, embora resida na cidade de Mogi Guaçu, venho através deste meio de comunicação expor minha total indignação com a Secretaria de Cultura da cidade de Itapira e defender o interesse da escola em que trabalho e ao esforço dos meus alunos”, revolta-se.

 

A professora continua a publicação reclamando que o júri teria dito que a obra (um boneco de Juca Mulato) não teria sido produzida pelos alunos e por isso perdeu pontos, ficando em 2º lugar na classificação final. “[...] alguns alunos se propuseram a ir à escola no período contrário para a tal realização e também para esclarecer a toda população de Itapira e a quem mais se interessar que foram eles ‘sim’ que fizeram. Incentivei e auxiliei em todo o processo da obra, mas isso não os desqualifica pelo ‘achismo’”, prossegue. Ao final, ela ainda pede que a Secretaria de Cultura mude a postura no próximo ano. “[...] peço a Secretaria de Cultura de Itapira que na próxima semana Juca Mulato haja mais transparência, desde o regulamento até as escolhas de jurados, que haja direito de recurso. Que não coloquem parentes de alunos como jurados e que os materiais utilizados nos desenhos sejam os mesmos para todas as escolas participantes porque a realidade de uma escola é completamente diferente de outras. Rede municipal, estadual e particular tem muitos alunos capacitados e com talento, mas para tal reconhecimento deve haver igualdade se não fica difícil julgar mesmo”, finaliza o desabafo.

 

 

Outro lado

 

Procurado, o secretário de Cultura e Turismo, Marcelo Dragone Iamarino, disse que a professora não quis conversar com ele quando ela viu todos os trabalhos e explicou que em nenhum momento as juradas (Fati Cintra, Luê Robles e Adriana Martucci) disseram que a obra não havia sido feita pelos alunos, mas sim que eles tiveram ajuda de adultos. “Elas são pedagogas e analisam toda a construção da obra e se houve ajuda dos pais ou professores. A obra do boneco é maravilhosa, mas tem uma cerca de ferro e um tronco cortado e elas questionaram como as crianças poderiam ter feito isso sozinhas. Mas isso não significa que elas afirmaram que não foi as crianças que fizeram”, argumentou.

 

Em relação ao parentesco entre alunos e corpo de jurados, Iamarino disse que isso de fato aconteceu, mas justificou que seria impossível evitar essa ocorrência, uma vez que toda a rede de ensino da cidade participa. “Eu não tenho verba para trazer jurados de fora. E já que temos participantes de toda a rede, seria impossível que nenhuma delas tivesse parentesco com algum aluno. 

 

Porém, quem julga as obras, seja desenho, literatura, obras, pintura ou fotografia, não vê o nome dos autores, apenas o conteúdo”, afirmou.

 

Por fim, ele refuta ideia da reclamante de escolher os materiais que poderão ser utilizados nas obras. “Às vezes a criatividade sobressai aos materiais utilizados. 

E se eu começo a limitar o uso desses materiais, limito também o poder criativo das crianças”, finalizou.