O título da pastoral evoca o ‘bordão’ do conhecido herói dos quadrinhos, Superman. Sempre que iniciava ou concluía uma missão, ao levantar voo, ele bradava essas palavras. De certa maneira, essa é também uma ordenança bíblica para todos os salvos em Cristo e deve ser, com todo o cuidado que a expressão reclama, a ambição da igreja dos discípulos de Jesus. A igreja deve buscar (desejar) e pensar as coisas do alto (Cl 3.1-2), faz parte de sua essencial vocação as coisas celestes, a adoração e a comunhão com o Deus Triúno. Como parte de sua missão a igreja também deve singrar os altos mares, não pode ficar ancorada no porto seguro de uma ‘pastoral de conservação’, ocupada o tempo todo com a estrutura física e a máquina religiosa, com suas intermináveis reuniões, comissões etc. Sem falar em nossas programações que geram discípulos ‘obesos’, que vivem se engordando de programações internas e domésticas. Jesus ordenou a Pedro que soltasse as amarras da sua barquinha: “Tendo acabado de falar, disse a Simão: ‘Vá para onde as águas são mais fundas’, e a todos: Lancem as redes para a pesca" (Lucas 5.4). Assim como o mar tranquilo não faz bom marinheiro, uma comunidade ensimesmada não faz bons discípulos-missionários. Uma outra maneira de não se obedecer a Jesus é permanecer apegado, atrelado ao passado, ao pecado, às experiências passadas boas ou ruins, à tradição e aos costumes. A nossa vida deve caminhar para frente: “esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus” (Filipenses 3.13,14). Uma igreja, por outro lado, obedece ao Senhor quando lê e entende: “Não dizeis vós que ainda há quatro meses e vem a colheita? Eis que vos digo: levantai os vossos olhos e vede os campos, porque já estão brancos para a ceifa. O que ceifa recebe o salário e ajunta fruto para a vida eterna; assim o semeador e o ceifador juntamente se regozijarão. Porque eis que se pode dizer com toda verdade: Um é o que semeia outro é o que ceifa. Enviei-vos a ceifar onde não tendes trabalhado; outros trabalharam, e vós entrastes nos seus trabalhos” (João 4.35-38). Precisamos levantar os olhos e ver que em nosso derredor, na rua do templo, pelas ruas do bairro, em nossa cidade e sempre mais ampliando o horizonte, os campos estão brancos e prontos para a colheita. O Espírito Santo permanece em constante atividade no mundo convencendo os homens do pecado e do juízo. Sem falar que o Senhor soberanamente tem usado outros para fazer ecoar a sua mensagem pelos meios mais variados meios, Youtube, rádio, tv. Precisamos sair pelas ruas, de casa em casa e apresentar o gentil convite de Jesus para que venham e tenham vida. Precisamos usar a criatividade e todos os meios lícitos para oferecer à comunidade onde estamos plantados a oportunidade de receberem o testemunho do amor de Cristo, pela acolhida, pelo amor sincero, pelo auxílio nas dificuldades e pela promoção da dignidade humana e da justiça. E se a obra nos traz inquietação ao coração. Se a grandeza e os desafios da missão nos confrontam em nossa pequenez, resta ainda um lugar mais alto, onde podemos encontrar encorajamento: “Levanto os meus olhos para os montes e pergunto: De onde me vem o socorro?” (Salmos 121.1) e mais: “Para ti levanto os meus olhos, a ti, que ocupas o teu trono nos céus” (Salmos 123.1). Nesse tempo de sucessão pastoral em nossa igreja temos ainda maior necessidade de continuar na missão e ainda com maior desejo e mais disciplinado afinco, sabendo que é essa a vontade do Senhor da Igreja e que ele não nos faltará, quando nos vacilarem os pés. No que depender de nós, cantemos com fervor o hino: “Mais de Cristo eu quero ter, seu ensino receber, ter da sua compaixão, e da sua mansidão. Mais, mais de Cristo! Mais, mais de Cristo! Mais do seu puro e santo amor, mais do bondoso Salvador. Mais de Cristo eu quero ouvir, nos seus passos prosseguir, sempre perto dele andar, seu amor manifestar” (Hinário Novo Cântico 135).
Reverendo Luiz Fernando é Ministro da Palavra na Igreja Presbiteriana do Brasil
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