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Itapira, 23 de Novembro de 2024
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26/05/2014 | Nino Marcati: Estamos em crise?

A pergunta parece idiota, mas reitero: qual crise?

Crise econômica? Existem indicadores que apontam para pro­blemas futuros. Há quem diga que os próximos dois anos serão de lascar, seja qual for o presidente eleito. É coisa nova? Não. Acho que estamos nessa, faz tempo. De vez em quando aparece um refresco Mas existem, também, indicadores que atestam que o emprego está estabilizado com um pequeno viés de crescimento e que os preços estão subindo. O baixo desemprego indica que as empresas estão faturando e a elevação dos preços só é praticada quando a demanda é maior do que a oferta. Tanto é que foi preciso lançar mão, recen­temente, da tradicional ferramenta para frear a inflação: elevar os juros e restringir o crédito. Desconfio que parte das reclamações do dia a dia está neste ponto, os comerciantes e prestadores de serviços gostariam de vender mais e poder reajustar seus preços dentro de um mercado aquecido e nós gostaríamos de estar consumindo mais e gastando menos, nada mais natural. Mas crise econômica, propria­mente dita, só mais para frente. Há quem acredite num horizonte menos catastrófico depois das eleições, qualquer que seja o resultado.

Crise na Saúde e na Educação? Bem, esses dois quesitos, com todo respeito à seriedade com que eles devem ser tratados, no meu entendimento, quando se fala em crise, os dois são “Hors concours”, pois não reúnem, de um modo geral, os requisitos básicos para tal classificação. Nem os conhecemos funcionando plenamente com competência.

Crise na Segurança Pública? As ocorrências estão aumentando, cada vez mais violentas. Novidade? Coisas desse mundo descrente? Nada disso. Basta consultar alguns trabalhos nessa área do final do século passado para perceber que esse cenário estava previsto, talvez não com tanto requinte, mas estabelecia o que este país precisava fazer para que hoje não passássemos por essa. Muito pouco foi feito. Problemas sociais não são resolvidos apenas com bolsa família – seria bem pior se esse instrumento não existisse – mas a sociedade como um todo, além dos governantes, deveria ter ouvido mais os antigos conselheiros. Agora, paga o pato e deve continuar pagando por um bom tempo.

Eu poderia levar as demais crises para o mesmo caminho, o de que nada está acontecendo por acaso, mas prefiro me ater ao âmago da atual situação, cuja responsabilidade, sem a menor sombra de dúvida, a coloco, totalmente, sobre a crise política.

Política se faz com partidos. Grupos que representam os pensa­mentos e as tendências da população - de onde nascem os nossos representantes legislativos, executivos, todos os empresários, pro­fissionais e as pessoas que conhecemos – e devem atuar conforme um programa livremente aceito por seus componentes. Podemos dizer que no Brasil nós temos partidos políticos? Ou será que eles representam com fidelidade a maioria da população?

Cada vez mais eu me convenço de que a situação caótica por qual estamos passando, nada tem a ver com essas crises anunciadas, requentadas e aproveitadas pelos oportunistas de plantão em todas as regiões. Repare que as manifestações, por exemplo, tem a mesma intensidade quando destinadas ao governo federal, estadual ou local. Se em alguns lugares, o governo do PT é vitimado, em outros, lá estão: o PSDB, o PMDB, o DEM, o PSB...

Termino fazendo um exercício futurista. Como os oportunistas exageram e buscam mais os interesses pessoais do que os coletivos, passada as eleições deste ano, as crises serão arquivadas, tudo deverá continuar mais ou menos da mesma maneira. Mas não se avexe, nós estamos aprendendo. Paciência e saco roxo!

Fonte: Nino Marcati

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