Em 2011 o hoje presidente da Assembleia Paulista, deputado Barros Munhoz, completará trinta e cinco anos de engajamento político. De 1976, quando o jovem advogado largou a capital paulista para seguir os caminhos do pai aqui em Itapira, ele já foi três vezes prefeito de Itapira, secretário estadual da Agricultura, ministro da Agricultura, candidato a governador e agora parte para o quarto mandato de deputado estadual. Esta semana Totonho Munhoz fez um balanço de 2010, um ano que começou incerto pelo seu estado de saúde – passou por uma delicada cirurgia no coração – e terminou consagrador.
Mesmo pique de 1976: a luta continua
1 – No começo deste ano muito se especulou sobre sua saúde e como seria seu retorno após a enfermidade que quase lhe custou a vida. Em algum momento pensou em abandonar tudo e se dedicar mais à família e amigos?
Não. Sempre tive muita fé que ira me recuperar, de tal sorte que pudesse continuar a exercer normalmente as minhas atividades. Graças a Deus isso aconteceu e tenho levado a vida normalmente. Uma vida mais regrada, com mais cautela e graças a Deus, muito feliz.
2 – O que lhe deu forças pra continuar nesta rotina estressante a altamente tumultuada?
Fé, vocação política, prazer em fazer política com o ideal de servir e a gratificação da consciência do dever cumprido. Isso me animou muito. Mas, também foi fundamental o apoio da família, dos amigos e do povo que sempre confiou em mim.
3 – A eleição de outubro último mostrou que seu cacife continua em alta em todo o estado e aqui em Itapira também. Dos compromissos assumidos qual é sua prioridade?
Sem dúvida nenhuma exercer bem o mandato de deputado estadual. É uma confiança grande que me foi depositada e eu farei um grande esforço para corresponder, a continuar correspondendo. Me sinto feliz e realizado, por ver, depois de 34 anos, a minha caminhada continuar sendo ascendente. Isso é muito difícil acontecer na vida pública, na vida de um político, e tem acontecido na minha. Eu quero dizer que continuarei me esforçando e essa será a minha primeira prioridade: corresponder à confiança daqueles que em mim acreditaram.
4 – O pessoal da campanha do candidato Elcio Godoy afirmava que, por ser ligado ao ex governador José Serra, o senhor não terá trânsito com o futuro governador Geraldo Alckmin. Até onde isso é verdade?
É rigorosamente falsa essa afirmativa. Eu nem vou me preocupar em desmenti-la porque os fatos têm desmentido sumariamente essa afirmativa. O primeiro comício que o então candidato Alckmin fez em sua campanha a governador foi em Itapira, num domingo e nos deu esse privilégio. Ele falou disso inclusive em debates dos quais participou ao longo da campanha. Ele me privilegiou na campanha com depoimentos gravados a favor da minha candidatura, que foram muito úteis ao longo da minha campanha. E tem me privilegiado sempre com sua atenção e sua consideração. Tenho certeza absoluta que vou poder ser útil ao governador e vou poder ajudá-lo a fazer um grande governo.
5– Itapira perdeu muita coisa por causa da forma mesquinha como o prefeito Toninho Bellini conduz a política na Prefeitura. Dá pra enumerar alguns setores da cidade prejudicados por esta eterna e cansativa rivalidade?
Eu acho que ela nem é mais tão prejudicial à cidade como já foi no passado recente. O que efetivamente é muito pernicioso para a cidade é a indolência da administração, é a falta de vocação política da administração e é o desinteresse dos políticos de Itapira pelas coisas de Itapira. Como eu digo, política é a arte de servir, é a arte de sentir os anseios do povo e de lutar pela sua concretização. Quem não gosta de fazer isso, ou não sabe fazer isso, realmente então dirige muito mal a cidade.
6– Em contrapartida – justamente após o racha na oposição e situação - Bellini lhe procurou por duas vezes pedindo seu apoio (caso do recapeamento de mais ruas e da reforma do Fórum). O senhor vai continuar aberto para receber pedidos vindos do grupo de adversários políticos?
Sempre agi assim, não só em Itapira como em várias cidades da nossa região, como por exemplo em Amparo, onde o prefeito é do PT, e é adversário do meu grupo político de lá; é o caso também de Artur Nogueira e de Mogi Guaçu, onde o prefeito teve uma candidata a deputada que concorreu comigo, a sua esposa, e nem por isso deixou de ter comigo um relacionamento administrativo de alto nível, sempre em favor das suas cidades. Eu pretendo sempre ajudar Itapira quando o prefeito assim desejar.
7 – Dentro de seu grupo político existem pessoas que são contra qualquer aproximação com Bellini, visto que ele poderia se aproveitar da situação. Acredita que a política aqui seja tão baixa a ponto de haver pleitos apenas para colocar em xeque sua capacidade de poder ajudar?
Em primeiro lugar eu queria dizer qual é o meu grupo político em Itapira atualmente. Esse grupo foi totalmente desfacelado pela atuação perniciosa, danosa de uma Câmara Municipal totalmente submissa ao poder Executivo e totalmente omissa no cumprimento das suas tarefas. Estou constituindo um novo grupo político. Com gente nova, não em idade apenas, mas gente nova na política, aproveitando os pouquíssimos bons valores que ainda restam na política de Itapira para constituir um grupo como eu tive no passado, como Itapira teve no passado. Gente séria, que fazia política com amor, com vontade, com dedicação, que dava de si pela cidade e não como infelizmente os atuais políticos do Executivo e do Legislativo itapirense, salvo raríssimas exceções, faço questão de registrar.
8 – O assunto está requentado, mas é valido citá-lo: a oposição acabou?
Muito pelo contrário, a oposição está mais forte do que nunca em Itapira. O que está acabando é a situação.
9 – Se fosse apostar hoje em candidatos para a Prefeitura em 2012, quais teriam chances de vir a disputar a eleições?
Qualquer candidato que tenha uma boa mensagem, uma boa postura, uma boa imagem, vai ter condições de vencer com relativa facilidade qualquer candidato que tenha o apoio dos atuais políticos que dominam a cena política de Itapira.
10 – Mesmo que remota, existe a chance do senhor se candidatar a prefeito em 2012?
Não. Nenhuma chance.
11 - E se pelas ruas o povo deixar claro que não confia em outra pessoa que não seja o senhor?
Nós faremos de tudo para que o povo confie em alguém que mereça a confiança do povo.
12- Na madrugada de terça-feira, 21/12, aprovou-se o Orçamento do Estado e com isso encerrou-se o ano legislativo na Assembleia paulista. Como avalia a produção legislativa durante este seu terceiro mandato, seja como Líder do Governo e agora, como Presidente da Alesp?
Como um dos mais eficazes momentos da história da Assembleia de São Paulo. O Governador Serra, ao se afastar do governo, disse exatamente o seguinte: “está nos anais da história de São Paulo a atuação da atual Assembleia Legislativa. Não só votou todos os projetos de interesse do Executivo, como aprimorou, melhorou a grande maioria deles”. Foi um trabalho sério, eu poderia citar aqui dezenas de exemplos, foi um trabalho de discussão, de aprimoramento, de votação de projetos de interesse da população paulista em todos os setores de atuação. Me sinto orgulho e feliz de ter contribuído para o diálogo entre o Executivo e o Judiciário, para uma aproximação entre os três Poderes do Estado e para a solução de diversos problemas do nosso estado através da participação ativa da Assembleia Legislativa como um todo. Não só através da maioria, da base de apoio ao governo, mas também através dos deputados da oposição. Num convívio democrático maravilhoso que nós conseguimos, mantido através do diálogo, da discussão, do entendimento e, sobretudo, da prática democrática.
13- Para terminar, quais são seus planos para 2011 e para este seu quarto mandato como deputado estadual? Levando em conta que nos bastidores da Assembleia e na imprensa de uma forma geral, seu nome é fortemente cotado para ser, novamente, Presidente do parlamento – o que seria um feito inédito na história da Assembleia, já que nunca houve um deputado que presidisse a Casa por duas vezes consecutivas. Como avalia também essa possibilidade?
Fico extremamente orgulhoso e honrado nisto que está acontecendo. Não é segredo para ninguém que grande parte dos líderes de várias bancadas, de praticamente todas as bancadas da Assembleia tem defendido a minha permanência no comando da Casa. Eu encaro isso como um prêmio, um incentivo. Quero em 2011 e nos anos seguintes deste meu novo mandato perseguir a mesma trilha, continuar no mesmo caminho. O caminho da política honesta, transparente, franca, sem mentiras e buscando sempre o bem comum. Procurar sempre fazer aquilo que é bom para o nosso povo, para a nossa terra. Eu acho que falar sobre planos específicos seria absolutamente fora de hora, o importante é isso: pretendo continuar na mesma caminhada, que me fez um político que teve uma marcha ascensional ao longo de 34 anos de vida pública.
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