Não é de hoje que os analistas de geopolítica estão prevendo que a água será o grande fator de instabilidade mundial, deixando o petróleo e outras querelas na condição de meros coadjuvantes. A falta d’água, advertem, poderá detonar a terceira guerra mundial. Algumas regiões do Oriente Médio e da África já registram forte tensão por conta do controle do precioso líquido. Egito e Etiópia estão se estranhando por conta da construção de uma enorme represa no Rio Nilo. O controle da vazão dos rios Tigre e Eufrates já é motivo de discórdia entre Israel, Líbano, Jordânia e Palestina.
O Brasil é o primeiro país em disponibilidade de água doce no mundo e recebe chuvas em noventa por cento do seu território. Nos últimos dez anos, a quantidade de água distribuída à população cresceu 30%. A poluição, o uso inadequado, o desperdício médio que gira em torno de 45% e o baixo volume chuvas nos últimos dois anos acenderam o sinal vermelho. Daqui a pouco, se nada for feito, não haverá mais discussão sobre o valor da tarifa da água, mas se teremos a água que necessitamos ou não.
Os países europeus, cientes dos cuidados necessários para a preservação dos mananciais, desenvolveram mecanismos de uso racional da água, atacaram o desperdício e elevaram o custo. Enquanto Itapira paga R$ 21,17 por mês, os berlinenses pagam R$ 290 e os dinamarqueses gelam com R$ 390 todos os meses. Quer dizer, os descuidos, a falta de investimentos e o desperdício de ontem, prometem dissabores para amanhã, se continuarmos acreditando que Deus acobertará os nossos pecados e proverá, sem contrapartida, as nossas necessidades. Que assim não seja!
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