Dia desses Leonôra me perguntou:
- O que é loucura?
Pensei! Puxa! Vai ser difícil explicar para uma criatura como ela, tendo vindo de onde veio, porém......
Pensei sobre a resposta e que talvez eu nem conseguisse dá-la com a exatidão que a minha entrevistadora deseja, então, lembrei-me da obra “Triste fim de Policarpo Quaresma” do Lima Barreto onde o autor escreve assim:
“Loucura .........Quem esteve diante desse enigma indecifrável da nossa própria natureza fica amedrontado, sentido que o germen daquilo está depositado em nós, e que, por qualquer coisa, nos toma, nos esmaga e nos sepulta, numa desesperadora compreensão inversa de nós mesmos, dos outros e do mundo.
Cada “louco” traz em si o seu mundo.... e para ele não há mais semelhantes: O que foi antes da loucura é outro, muito mais outro do que ele vem a ser após; e não se sente quando essa mudança começa e ela quase nunca termina.”
Enquanto eu recitava o autor Leonôra manteve-se “toda ouvidos”, e com um olhar de perplexidade me perguntou:
- Então, é verdadeiro aquele ditado popular que diz: “De curador e de louco, tudo mundo tem um pouco? ”
Êta criatura para me colocar “na parede”.
- Bem! respondi: Mas esse “Pouco” varia muito, e em verdade cada ser humano tem a sua quantia individual, única e que é acumulada para ele de acordo com os acontecimentos na sua passagem pela vida.
Aquela amável criatura empinou o nariz como quem olha para o céu, e com um “olhar de Galileu” me disse:
- Não entendi nada.
- Cocei a cabeça, olhei para o chão por um tempo, depois levantei só as pálpebras e respondi o que achei que seria mais objetivo para matar a curiosidade dela:
- Nem eu.
PS: Dedico este artigo à Psicóloga Drª Simone S. Guinato Boldo que há 25 anos trabalha em hospitais Psiquiátricos sempre com muito entusiasmo, amor e dedicação.