11/07/2012 | Tecnologias assistivasNeste mundo globalizado, em que as tecnologias se aprimoram a uma velocidade que impressiona, abre-se um leque de oportunidades para a inclusão, no mercado de trabalho, de pessoas com deficiência, em particular, a deficiência visual. Contudo, muitas dessas novas ferramentas esbarram no despreparo e na desinformação de uma parcela da sociedade.
Segundo a analista de tecnologia assistiva da Associação para Valorização de Pessoas com Deficiência (Avape), Karolline Fernandes Sales, que é cega de nascença, as empresas usam três argumentos para não contratar alguém com baixa ou nenhuma visão. “Um deles é o desconhecimento.
Para a maioria dos empregadores, o cego não tem condições de trabalhar, de chegar ao local de trabalho. Outro empecilho é o de não saber utilizar um computador; sem falar do custo do leitor de tela, que varia de R$ 1,3 mil a R$ 1,7 mil ou um pouco mais. O terceiro argumento é o de que não existem pessoas qualificadas no mercado”, afirmou.
Em entrevista ao programa “Sociedade Solidária”, da Boa Vontade TV (canal 23 da SKY), Karolline Sales, que também exerce a função de assessora de comunicação da Organização Nacional de Cegos do Brasil (ONCB), contestou: “Conheço várias pessoas com deficiência visual graduadas, pós-graduadas, que já concluíram o mestrado. Então, esse argumento da falta de qualificação é mais hipotético do que real. Claro que existem indivíduos sem qualificação, não só com deficiência, mas sem deficiência também. A Avape, inclusive, é uma das pioneiras em capacitar pessoas com deficiência, não só a visual”.
Um dos principais avanços no que diz respeito à inclusão social foi a implementação da Lei de Cotas. Karolline Sales esclareceu: “Essa lei determina, de acordo com a quantidade de empregados, a contratação do trabalhador deficiente. A grande dificuldade dos empresários, dos gestores, é como contratar, onde buscar esse profissional? É aí que
entra a Avape”.
OPORTUNIDADE E COMPETÊNCIA
Durante o programa foi apresentada uma matéria com o depoimento do deficiente visual Edi Carlos de Souza. Com apenas 1% de visão, ele procurou a Avape para recolocação profissional e começou a prestar serviço para a Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho (Sert), do Estado de São Paulo. Sobre a sua capacitação, Edi Carlos comentou: “Precisei passar por treinamentos porque uso dois sistemas. Um de leitor de tela — para acompanhar as informações do computador — e outro do próprio sistema do ‘Emprega São Paulo’”. Orgulhoso de sua profissão, ele desabafou: “Infelizmente, no Brasil temos falta de informação em relação ao deficiente. Hoje em dia, a tecnologia e os mecanismos de acesso estão aí para todo mundo verificar. O que a pessoa deficiente precisa? De uma oportunidade. Esse é o xis da questão. Ninguém pode ser julgado pela deficiência. Primeiro, o empregador tem que avaliar a capacidade, e não a deficiência”.
E arrematou: “Você que tem alguma deficiência, nunca se esconda. Estude, faça cursos, procure, pois o mercado está precisando. E vocês que são empregadores, sempre acreditem e nunca prejulguem um deficiente. Deem a ele uma oportunidade, depois o avaliem”.
Diante do exposto, é gratificante saber que, apesar dos obstáculos, cresce o número de deficientes que conquistam a cada dia maior reconhecimento na sociedade e, principalmente, no mercado de trabalho.
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