O Japão é um país que atrai povos de várias partes do mundo.
Nesses anos em que morei no Japão tive a oportunidade de conviver com pessoas de diversas nacionalidades.
Os primeiros estrangeiros que mantive contato foram os iranianos. Eram todos clandestinos e trabalhavam na construção civil. Nós nos encontrávamos sempre nos fins de semana, na estação de trem onde ficavam os telefones públicos que faziam chamadas internacionais.
É um povo sofrido e guerreiro, os homens deixavam as mulheres e vinham se aventurar em terras estrangeiras, fugindo do regime dos aiatolás e dos resquícios da guerra com o Iraque que deixou o país em situação econômica caótica.
Também conheci pessoas do Paquistão, Índia, Sri Lanka e uma vietnamita que trabalhou conosco durante um mês. Ela tinha visto de estudante e trabalhou temporariamente na mesma fábrica.
Éramos vizinhos de apto e percebemos a diferença de costumes. Apesar de ter uma máquina de lavar roupas, ela preferia lavar a roupa no chão, agachada como se estivesse lavando roupa na beira do rio.
Um dia estávamos vendo um filme juntos e apareceu uma cena de tiroteio, ela se assustou, colocou as mãos sobre os ouvidos e saiu correndo; ela ainda tinha trauma da guerra com o Camboja. Depois, mais calma, explicou que viu de perto o drama da guerra.
Também trabalhei com chineses, a comunicação é difícil, se não fala japonês, não dá pra entender nada. Convivi cm um chinês que já estava no Japão há um bom tempo. Como a China fica próxima ao Japão, ele me disse que a viagem leva aproximadamente duas horas de navio. Ele viajava sempre nos feriados; nisso eu tinha inveja, tão pertinho e o Brasil levava em torno de 24h de viagem.
Convivi também com profissionais qualificados, engenheiros americanos, ingleses e franceses que visitavam as fábricas japonesas com freqüência.
Sem falar nos latinos americanos, bolivianos, peruanos, argentinos e mexicanos.
Essa experiência foi muito enriquecedora, pois a oportunidade de conviver e aprender sobre a cultura e os costumes de outras raças, é um coisa que realmente não tem preço.
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