A cerca de três anos atrás notei que as garrafas de refrigerante da Coca-Cola japonesa contavam com um símbolo diferente nos rótulos, em vez do PET, via-se a inscrição plantbottle circundada pelo símbolo de produtos recicláveis em verde.
Só agora, depois de tanto tempo, com a divulgação pela Coca-Cola do novo material de garrafa plástica é que entendi aquela inscrição que vi anos atrás. Para quem quer saber mais sobre a novidade, segue uma breve descrição do processo da plantbottle.
A garrafa PET que conhecemos, é derivada de produtos a base de petróleo. A forma mais comum de se produzir PET é misturar num reator o ácido tereftálico e o etilenoglicol, provenientes do xileno e do etileno, respectivamente. Estes são originados a partir de uma série de processos feitos com a nafta, um dos produtos do petróleo, assim como a gasolina, diesel e querosene.
Uma nova garrafa, que está chegando agora ao Brasil, mas já utilizada em alguns países da Europa e Japão, batizada como plantbottle (garrafa de plantas) é considerada ecológica pelo fato da matéria prima principal, o etilenoglicol ser proveniente de uma fonte natural renovável, ou seja, de plantas.
A matéria-prima para a obtenção do etilenoglicol usado para a fabricação do PET da garrafa ecológica é o melaço da cana-de-açúcar brasileira, mais especificamente a paulista. Os fornecedores do melaço são aqueles cuja cana foi colhida mecanicamente (o que evita as queimadas) e veio de plantação com irrigação natural (chuva) ou com biofertilizantes (fertirrigação com vinhoto, subproduto do beneficiamento da cana). Outro aspecto interessante da cana paulista, é que as plantações localizam-se mais de 2.000 km distantes da floresta amazônica.
A matéria-prima para a fabricação deste tipo de etilenoglicol advém da fabricação do açúcar em usinas. Nesses locais, a cana é esmagada e o caldo é fervido, o que cristaliza boa parte do açúcar presente e o melaço sobra para ser retrabalhado (nova fervura para tentar extrair mais açúcar) ou vendido a eventuais interessados.
O melaço paulista é direcionado para a Índia, onde é convertido em etanol (semelhante ao álcool combustível) e este é desidratado em etileno, quimicamente idêntico ao etileno proveniente da nafta do petróleo. O etilenoglicol fabricado a partir deste etileno é vendido para as fábricas de PET de vários países do mundo (inclusive do Brasil), que o misturam com o ácido tereftálico (ou com outro componente, o tereftalato de dimetila, ambos derivados do petróleo) e obtém-se o PET. Em termos de peso, o etilenoglicol responde por cerca de 30% das matérias-primas da fabricação do PET e é por isso que se diz que a garrafa é feita até 30% à base de plantas.
Uma vez pronto, o PET é injetado e soprado na forma de garrafas, que são preenchidas com refrigerante.
A Coca-Cola anunciou que será construída em Araraquara, interior de São Paulo, da maior fábrica de produção de BioMEG do mundo, principal ingrediente das embalagens PlantBottle.
Fruto de uma parceria com a JBF, a iniciativa é parte da meta da empresa de adotar a tecnologia do bioplástico em toda sua produção de garrafas plásticas no Brasil até 2015.
Com a nova unidade, o Brasil se tornará o maior produtor e exportador de BioMEG do mundo, com capacidade de produção estimada em 500 mil toneladas/ano, gerando 1.650 empregos diretos e indiretos. As obras terão início ainda em 2012 e a operação está prevista para começar 24 meses após.
Disponível em mais de 24 países, o uso da embalagem verde eliminou, desde seu lançamento em 2009, o equivalente a quase 100 mil toneladas de emissões de dióxido carbono, o equivalente a 200 mil barris de petróleo.
Fonte: plantbottle.com
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