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Itapira, 26 de Dezembro de 2024
Artigo
24/10/2016 | Luiz Santos: Cristão Reformado

 Definir o que é um cristão reformado não é exatamente uma tarefa simples. Seria o mesmo que perguntar que tipo de homem emergiu da Reforma de Martinho Lutero. Hoje, o mundo cristão parece estar redescobrindo a fé Reformada, o calvinismo parece estar na moda em muitos contextos culturais e eclesiásticos. Ululam e pululam blogs, sites, cursos e ‘fanpages’ na rede. Quanta gente jovem discutindo teologia, quantos doutores emitindo dogmaticamente sua palavra final sobre os mais variados assuntos. Quantas inimizades e trocas gratuitas de acusações entre grupos de cristãos, que em público, só fazem tornar o cristianismo mais criticável por uma sociedade que nem precisa de mais motivos para nos desacreditar. Mas, como estamos no mês da Reforma, cabe-me como cristão e ministro com profundas convicções reformadas escrever algo a respeito do tema para a edificação de meus irmãos e um mínimo esclarecimento de muitos amigos e simpatizantes. Antes de qualquer coisa o cristão reformado é um homem “biblioforme”, isto é, alguém que busca conformar a totalidade de sua vida ao padrão exigido pelas Escrituras. Não é um “bibliólatra”, um adorador cego, acrítico e supersticioso das Escrituras. A Bíblia lhe é cara, importante, imprescindível devido ao seu autor, Deus. O entendimento de um cristão reformado é que a Bíblia é a expressão verdadeira do caráter e da vontade de Deus revelado ao homem. Não se trata tanto de um conjunto de regras, leis e normas, mas um diálogo que é aberto e mantido pelo próprio Deus revelando-nos e iluminando-nos a partir da Bíblia a sua vontade sempre boa, santa, justa e perfeita para a exaltação de sua glória e para a nossa felicidade. O cristão reformado busca na Bíblia o padrão ao mesmo tempo limitante e libertador de sua moralidade e ética. Busca nas Escrituras os princípios gerais norteadores para todas as instâncias de sua vida, dos relacionamentos humanos aos negócios, passando evidentemente pelo relacionamento correto com Deus e a proclamação do Evangelho no mundo. Uma outra característica própria do cristão reformado é o seu entendimento, a sua visão do mundo e da história. Esse entendimento depreende-se de sua leitura da Bíblia. Para um reformado o mundo e a história são o palco onde Deus desfila a sua glória. Crê e reconhece que Deus é soberano sobre tudo e sobre todos, e que, mesmo que o mundo esteja sob a influência da Queda e os homens sejam pecadores, o Senhor permanece sentado em seu alto e sublime trono donde preside todo e cada acontecimento, dando sentido, significado e destino justo e certo para todas as coisas, ainda que nem sempre alcancemos tal compreensão. Não há fatalismos. Não existe um ‘deus sádico’ ou indiferente à sorte do mundo e de cada homem. O cristão reformado entende que nos caminhos inescrutáveis de Deus não só a sua vontade e seus planos não podem ser frustrados, como coisa alguma acontece que a Ele possa ser reputado maldade, injustiça ou qualquer outra coisa semelhante ou projetada pela mente humana. O cristão reformado também entende o seu existir no mundo em termos de vocação e missão. Não só os pastores, os missionários transculturais ou pregadores e catequistas possuem uma vocação e uma missão. Para o reformado a sua vida, com dons, bens, formação, profissão e demais circunstâncias, são além de meios, também o contexto vital apropriado para a sua santificação pessoal, a realização de boas obras que glorifiquem a Deus, a obediência à Lei Moral e a propagação do Evangelho do Reino. Um cristão reformado se entende em estado permanente de missão devido a sua sublima vocação à santidade. Esse homem reformado e modelado pelas Escrituras, submisso a um Deus soberano e cônscio de sua vocação e missão, sabe-se sobretudo objeto da imerecida graça de Deus. Nada mais estranho ao caráter de um cristão reformado do que a jactância, o orgulho espiritual e intelectual, o desprezo ou o menosprezo dos que pensam diferente ou discordantemente. Humildade, amabilidade, suportar com gratidão e desprendimento afrontas e ofensas, um coração generoso e sempre grato a Deus por servir-se de sua pobre vida para abençoar os outros, deve ser a sua marca. Numa palavra, um cristão reformado deseja amar a Deus mais que a própria vida e nenhum outro bem tem por mais precioso do que possuir a Cristo e a Ele pertencer, com Ele e n’Ele viver, morrer e ressuscitar.

Reverendo Luiz Fernando é ministro Reformado na Igreja Presbiteriana de Itapira

Fonte: Luiz Santos

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