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Itapira, 23 de Novembro de 2024
Notícia
02/09/2012 | “Diáspora” síria respinga em Itapira

No último dia 18, chegou a Itapira outro grupo de familiares da comerciante Evelin Aek, que fugiram da guerra civil travada na Síria, país de origem destas pessoas e que vem causando indignação por todo o mundo. Desde que o conflito teve início há cerca de 18 meses, e vem se agravando de forma preocupante a partir do começo deste ano, são 20 pessoas que estão residindo aqui na cidade, entre as quais 8 crianças com idade de zero a16 anos.

Nesta semana, a reportagem do jornal A Cidade esteve no estabelecimento comercial de Evelin, a Casa Munir, tradicional loja de calçados localizada na rua José Bonifácio, onde estas pessoas estão em sua maioria abrigadas. O patriarca Nassrallah Aek (irmão de Evelin, de 70 anos) e a matriarca Angel Mamarlachi (65 anos) fazem companhia ao filhos Rezkallah, e às filhas Rawa e Rula. Rezkallah trouxe a esposa Shams Kadar e os filhos Angel, Nasser e Taj. Rula veio com o marido Jamal Said e com os filhos George, Roje e Kristian. Rawa chegou sem o marido Ahed, que não conseguiu embarcar. Veio com as filhas Gozafina e Angela.
 
Todos eles se juntaram a Faten e Fady. Faten já é mais conhecida dos itapirenses. Está aqui há 14 anos. Fady vem fazendo a conexão Brasil-Síria há pelo menos três anos. Casado com Shereen Trabllsky, teve seus dois filhos: Christian (recém-nascido) e Nasrallah (um ano)  aqui na cidade. Ambos já têm visto de permanência definitivo para trabalhar no Brasil e são eles quem se dedicam agora enfrentar trâmites burocráticos para legalizar a situação de todos. Eles chegam com visto provisório de 120 dias. Faten conta que tem ido com bastante regularidade até a sede da Polícia Federal em São Paulo para agilizar a papelada, mas ultimamente por causa da greve da categoria, tem voltado de mãos abanado. “A orientação é dar a eles todos a condição de refugiados de guerra, o que segundo me foi dito, facilita a tramitação da concessão do visto permanente”, revelou.
 
Enquanto isso a situação é de muita ansiedade e de muita expectativa. As notícias que chegam da Síria são as piores possíveis. A maior parte do grupo veio de Homs, terceira maior cidade do país e uma das mais afetadas pela guerra. Um grupo menor, de cinco pessoas veio de Damasco, a capital. “A maioria veio só com a roupa do corpo” afirmou o patriarca Nassrallah. As casas onde moravam hoje são escombros”, relatou.
 
À ansiedade soma-se o aborrecimento de arrumar trabalho. Apesar do currículo invejável para padrões brasileiros da maioria deles (dois deles são engenheiros, um é comerciante especializado em pedras preciosas) a questão da legalização da situação pessoal torna-se um obstáculo difícil de ser transposto neste momento. As mulheres também possuem educação refinada. Rula é escritora de roteiros de cinema em sua terra natal. Rawa era diretora de escola e fala fluentemente o francês, inglês e é claro, o árabe. Shams era bancária. Na falta de perspectivas maiores, as moças já estão comprometidas com um projeto gastronômico e fazer funcionar na rua Bento da Rocha  ( em frente ao edifico Érica) uma casa de comida árabe.
 
Adaptação
 
Indagadas sobre o processo de adaptação, sobretudo das crianças, Faten conta que não tem havido maiores dificuldades. As crianças em idade escolar foram matriculadas na Escola Júlio Mesquita. A barreira do idioma vai sendo vencida golpes de solidariedade. “Os amiguinhos fazem a maior força para que eles (as crianças) consigam se comunicar em português de forma correta”. Aquelas crianças que chegaram a mais tempo exibem uma incrível evolução. Duas meninas cantaram num português perfeitamente claro o Hino de Itapira.
 
Todos eles são católicos praticantes. Na Síria do ditador Bashar Al Assad os cristãos são aliados dos alauitas, minoria mulçumana à qual pertence a família presidencial. Quem lidera o sangrento levante são os mulçumanos sunitas e num número menor os xiitas, o que sugere tempos difíceis para a minoria cristã do país a partir do momento que o regime de Bashar Al Assad ruir – coisa que os entendidos imaginam que deva ocorrer a qualquer momento. Daí a decisão de trocar de pátria. “Os meninos acharam Campinas parecida com Homs e São Paulo parecida com Damasco”, contou Rawa. Ela acha que a vinda ao Brasil é um caminho sem volta.
 
Faten tem procurado ajudar na regularização da situação dos parentes
 
Família reunida em frente à Casa Munir: adaptação não vem sendo problema
 
Fonte: Da Redação do PCI

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